Comentário de João Calvino: João 1:3

Todas as coisas foram feitas por ele. Tendo afirmado que a Fala é Deus, e tendo afirmado a sua essência eterna, ele agora prova a sua Divindade de suas obras. E esse é o conhecimento prático, a qual nós deemos estar grandemente acostumados; porque o mero nome de Deus atribuído a Cristo nos afetará pouco, se nossa fé não senti-la que é tal por exeperiencia. Em referencia ao ilho de Deus, ele faz uma afirmação que de estrita e apropriadamente se aplica a pessoa dele. Às vezes, de fato, Paulo simplesmente declara que todas as coisas foram feitas por Deus, (Romanos 11:36) mas sempre que o Filho é comparado com o Pai, ele é normalmente diferenciado por essa marca. Concordemente, o modo comum da expressão é aqui empregada, de que o Pai fez todas as coisas por seu Filho, e que todas as coisas são por Deus por meio de seu Filho. Agora o objetivo do Evangelista é, como já disse, mostrar que assim que o mudo fora criado a fala de Deus veio a existência pela operação externa; por ter sido incompreensiva a principio em sua essência, ele portanto se tornou manifesto publicamente pelo efeito de seu poder. Há alguns, de fato, mesmo entre os filósofos, que fazem de Deus o Criador-Mestre do mundo de tal forma a atribuir-lhe a inteligência da criação de sua obra. Embora estejam certos, visto que eles concordam com as Escrituras, eles vão longe para especulações frívolas, não há razão alguma para que nós devêssemos avidamente desejar ter o testemunho deles; mas, ao contrário, nós devemos estar satisfeito com essa declaração inspirada, sabendo be de que ela vai muito além do que as nossas mentes podem compreender.

E sem ele nada fora feito que fora feito. Embora haja uma variedade de formas de traduzir essa passagem, mesmo assim da minha parte, eu não tenho hesitação alguma em considerá-la da seguinte forma: em uma única coisa fora feita que fora feita; e nisso quase todos os manuscritos, ou pelo menos aqueles que são ais aprovados, são achados a concordar; e, além disso, o sentido requer essa tradução. Aqueles que separam as palavras, que fora feito, da cláusula precedente, a fim de conectá-los com a cláusula seguinte, ressalta a força do sentido: o que fora feito era nele vida; ou seja, viveu, ou fora sustentado e vida. 13 Mas eles nunca mostrarão que esse modo de expressão seja, em qualquer exemplo, aplicado a criaturas. Augustinho, que de maneira excessiva se apegava a filosofia de Platão, é levado, de acordo com o costume, a doutrina de idéias; que antes de Deus fazer o mundo, ele tinha a idéia inteira do projeto concebida em sua mente; e assim a vida daquelas coisas que ainda não existiam estava em Cristo, porque a criação do mundo fora atribuída nele. Mas como amplamente isso está longe da intensão do Evangelista nós veremos imediatamente.

Eu agora retorno a primeira cláusula. Essa não é uma redundância faltosa, περιττολογία (Gr.: perittologia) como parece ser; como satanás se esforça, por meio de cada método possível, tirar qualquer coisa de Cristo, o Evangelista pretendeu declarar expressamente que dessa coisas que tem sido feitas não há qualquer exceção.

A diferença na leitura está plenamente na pontuação, e adesputa é, se a palavra (Gr.: o gegonen) formará a clausula do Terceiro, ou o começo do Quarto versículo. Calvino expressa o consentimento dele com a maioria dos manuscritos que conectam as palavras em questão com o Terceiro verso Καὶ χωρὶς αὐτοῦ ἐγένετο οὐδὲ ἓν ὃ γέγονεν e sem ele nem uma única coisa fora feita, (ou, mais literalmente, assim como também mais enfáticamente) e sem ele nem uma única coisa fora feita que fora feita. Outros manuscritos, certamente de nenhuma maior autoridade, os conecta com o Quarto versículo: Καὶ χωρὶς αὐτοῦ ἐγένετο οὐδὲ ἓν Ο γέγονεν ἐν αὐτῷ ζωὴ ᾖν E sem ele nem uma única coisa fora feita, o que fora feito era nele vida. A preferência dada pelo nosso Autor se apóia no argumento que dificilmente poderia ser questionada. – Ed.