Apóstolo Paulo — Primeira e Segunda Prisões em Roma

PRISÃO, PAULO, APÓSTOLO, ESTUDOS BIBLICOS, TEOLOGIA
A caminho, Paulo e os que estavam com ele sofreram naufrágio na ilha de Malta. Depois de passarem ali o inverno, chegaram por fim a Roma. Permitiu-se que Paulo ficasse em sua própria casa alugada, embora sob guarda. Pouco depois de sua chegada, Paulo realizou uma reunião com os principais homens dentre os judeus. Mas apenas alguns creram. O apóstolo continuou a pregar a todos os que vinham visitá-lo, por dois anos, de cerca de 59 a 61 EC. (At 27:2–28:31) Durante esse tempo, ele também escreveu suas cartas aos efésios (4:1; 6:20), aos filipenses ( 1:7, 12-14), aos colossenses (4:18), a Filêmon (v 9) e evidentemente também aos hebreus. Parece que o César Nero declarou Paulo inocente e o libertou. Evidentemente Paulo reiniciou sua atividade missionária, com Timóteo e Tito. Depois de deixar Timóteo em Éfeso e Tito em Creta, Paulo, provavelmente da Macedônia, escreveu-lhes cartas relativas aos seus deveres. (1Ti 1:3; Tit 1:5) Não se sabe se o apóstolo estendeu suas atividades à Espanha antes de sua detenção final em Roma. (Ro 15:24) Durante esta detenção (c. 65 EC), Paulo escreveu sua segunda carta a Timóteo, na qual dava a entender que sua morte era iminente. (2Ti 4:6-8) É provável que Paulo tenha sofrido martírio às mãos de Nero pouco depois disso.

Exemplo Digno de Ser Imitado. Em vista de sua fidelidade em copiar o exemplo de Cristo, o apóstolo Paulo podia dizer: “Tornai-vos meus imitadores.” (1Co 4:16; 11:1; Fil 3:17) Paulo se mostrava alerta em seguir a orientação do espírito de Deus. (At 13:2-5; 16:9, 10) Não era vendedor ambulante da Palavra de Deus, mas falava com sinceridade. (2Co 2:17) Embora instruído, Paulo não tentava impressionar os outros com sua linguagem (1Co 2:1-5), nem procurava agradar a homens. (Gál 1:10) Não insistia em fazer aquilo que tinha direito, mas adaptava-se às pessoas a quem pregava, tendo cuidado de não fazer outros tropeçar. — 1Co 9:19-26; 2Co 6:3.

No decorrer de seu ministério, Paulo se esforçava zelosamente, viajando milhares de quilômetros por mar e por terra, estabelecendo muitas congregações na Europa e na Ásia Menor. Assim, não precisava de cartas de recomendação, escritas a tinta, mas podia apontar para cartas vivas, pessoas que se haviam tornado crentes mediante seus esforços. (2Co 3:1-3) Todavia, humildemente reconhecia que era um escravo (Fil 1:1), tendo por obrigação declarar as boas novas. (1Co 9:16) Não atribuía nenhum crédito a si mesmo, mas dava toda a honra a Deus, como Aquele que é responsável pelo crescimento (1Co 3:5-9) e Aquele que o havia adequadamente habilitado para o ministério. (2Co 3:5, 6) O apóstolo prezava altamente seu ministério, glorificando-o e reconhecendo que possuí-lo era uma expressão da misericórdia de Deus e de seu Filho. (Ro 11:13; 2Co 4:1; 1Ti 1:12, 13) A Timóteo, ele escreveu: “A razão pela qual me foi concedida misericórdia era que, por meio de mim, como o principal caso, Cristo Jesus demonstrasse toda a sua longanimidade, como amostra dos que irão depositar a sua fé nele para a vida eterna.” — 1Ti 1:16.

Por ter sido perseguidor dos cristãos, Paulo não se considerava digno de ser chamado de apóstolo e reconhecia que somente o era pela misericórdia de Deus. Desejoso que tal benignidade imerecida não lhe tivesse sido estendida em vão, Paulo trabalhava mais do que os outros apóstolos. Todavia, compreendia que apenas pela benevolência de Deus conseguia realizar seu ministério. (1Co 15:9, 10) “Para todas as coisas”, disse Paulo, “tenho força em virtude daquele que me confere poder”. (Fil 4:13) Suportava muitas coisas, mas não se queixava. Ao comparar suas experiências com as de outros, escreveu (c. 55 EC): “Em labores mais abundantemente, em prisões mais abundantemente, em golpes até o excesso, muitas vezes perto da morte. Dos judeus recebi cinco vezes quarenta golpes menos um, três vezes fui espancado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no profundo; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores de estradas, em perigos da minha própria raça, em perigos das nações, em perigos na cidade, em perigos no ermo, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos, em labor e labuta, muitas vezes em noites sem dormir, em fome e sede, muitas vezes em abstinência de comida, em frio e nudez. Além destas coisas de espécie externa, há o que de dia a dia me assedia, a ansiedade por todas as congregações.” (2Co 11:23-28; 6:4-10; 7:5) Além de tudo isto e mais em anos subsequentes, Paulo tinha de contender com “um espinho na carne” (2Co 12:7), possivelmente uma afecção dos olhos ou de outra espécie. — Veja At 23:1-5; Gál 4:15; 6:11.

Sendo imperfeito, Paulo sofria contínuo conflito entre a mente e a carne pecaminosa. (Ro 7:21-24) Mas não desistia. Ele disse: “Surro o meu corpo e o conduzo como escravo, para que, depois de ter pregado a outros, eu mesmo não venha a ser de algum modo reprovado.” (1Co 9:27) Paulo sempre mantinha diante de si o glorioso prêmio da vida imortal nos céus. Encarava todo o sofrimento como nada em comparação com a glória que havia de ser recebida como recompensa pela fidelidade. (Ro 8:18; Fil 3:6-14) Portanto, evidentemente não muito antes de sua morte, Paulo pôde escrever: “Tenho travado a luta excelente, tenho corrido até o fim da carreira, tenho observado a fé. Doravante me está reservada a coroa da justiça.” — 2Ti 4:7, 8.

Como apóstolo inspirado, Paulo dispunha da autoridade para comandar e dar ordens, e fazia isso (1Co 14:37; 16:1; Col 4:10; 1Te 4:2, 11; compare isso com 1Ti 4:11), mas preferia apelar para os irmãos à base do amor, suplicando-lhes pelas “compaixões de Deus” e pela “brandura e benignidade do Cristo”. (Ro 12:1; 2Co 6:11-13; 8:8; 10:1; Flm 8, 9) Era meigo e expressava terna afeição por eles, exortando-os e consolando-os como um pai. (1Te 2:7, 8, 11, 12) Embora tivesse direito de receber apoio material dos irmãos, preferia trabalhar com suas próprias mãos a fim de não ser um fardo dispendioso. (At 20:33-35; 1Co 9:18; 1Te 2:6, 9) Em resultado disso, existia forte vínculo de afeição fraterna entre Paulo e aqueles a quem ministrava. Os superintendentes da congregação de Éfeso ficaram muitíssimo condoídos e chegaram a chorar ao saberem que talvez não mais o vissem. (At 20:37, 38) Paulo se preocupava muito com o bem-estar espiritual dos concristãos e queria fazer o que pudesse para ajudá-los a tornar segura sua chamada celestial. (Ro 1:11; 15:15, 16; Col 2:1, 2) Lembrava-se constantemente deles em suas orações (Ro 1:8, 9; 2Co 13:7; Ef 3:14-19; Fil 1:3-5, 9-11; Col 1:3, 9-12; 1Te 1:2, 3; 2Te 1:3) e pedia que eles também orassem por ele. (Ro 15:30-32; 2Co 1:11) Derivava encorajamento da fé dos concristãos. (Ro 1:12) Por outro lado, Paulo era firme a favor do que é justo, não hesitando em corrigir nem mesmo a outro apóstolo quando necessário, para a promoção das boas novas. — 1Co 5:1-13; Gál 2:11-14.