Era Paulo um dos 12 Apóstolos?
Era Paulo um dos 12 Apóstolos?
Não existe nenhum motivo para se duvidar de que Matias foi o escolhido por Deus. Na verdade, uma vez convertido, Paulo se destacou bastante, e suas labutas ultrapassaram as de todos os demais apóstolos. (1Co 15:9, 10) Todavia, nada há que indique que Paulo fosse pessoalmente predestinado a um apostolado de modo que Deus, com efeito, se refreasse de atender a oração da assembléia cristã, deixasse aberta a vaga de Judas até a conversão de Paulo e, assim, tornasse a designação de Matias apenas uma ação arbitrária da assembléia cristã. Ao contrário, há evidência sólida de que Matias foi uma substituição divinamente efetuada.
Em Pentecostes, o derramamento do Espírito Santo deu aos apóstolos poderes ímpares; são os únicos de quem se fala que podiam pôr as mãos sobre recém-batizados e conferir-lhes miraculosos dons do espírito. Se Matias na verdade não fosse o escolhido de Deus, sua incapacidade de fazer isto teria sido evidente a todos. O registro mostra que não foi este o caso. Lucas, o escritor de Atos, foi companheiro de viagem e associado de Paulo em certas missões, e o livro de Atos, portanto, sem dúvida reflete e coincide com o próprio conceito de Paulo sobre os assuntos. Este livro indica que “os doze” designaram os sete homens que deviam cuidar da questão da distribuição de alimentos. Isto ocorreu depois de Pentecostes de 33 EC, mas antes da conversão de Paulo. Assim, Matias é aqui reconhecido como um dos “doze”, e ele participou com os demais apóstolos em pôr as mãos sobre os sete designados. — At 6:1-6.
O nome de quem aparece, então, entre os que estão sobre as “doze pedras de alicerce” da Nova Jerusalém, da visão de João — o de Matias ou o de Paulo? (Re 21:2, 14) Uma linha de raciocínio pareceria indicar que o mais provável é o de Paulo. Ele contribuiu muito para a congregação cristã por meio do seu ministério e especialmente por escrever grande parte do N.T (14 cartas sendo atribuídas a ele). Neste respeito, Paulo ‘ofuscou’ Matias, sobre quem não se faz mais nenhuma menção direta depois de Atos, capítulo 1.
Mas uma consideração ponderada deixa evidente que Paulo também ‘ofuscou’ muitos dos 12 apóstolos originais, alguns dos quais raramente são mencionados fora das listas apostólicas. Na época da conversão de Paulo, a congregação cristã, isto é, o Israel espiritual, já havia sido estabelecida, ou fundada, e crescia já por talvez um ano ou até mais. Além disso, a primeira carta canônica de Paulo evidentemente só foi escrita por volta de 50 EC, ou até 17 anos depois da fundação da nova nação do Israel espiritual, em Pentecostes de 33 EC. Assim, estes fatos, além da evidência já apresentada neste artigo, esclarecem o assunto. Parece razoável, portanto, que a escolha original de Deus, a saber, Matias, como aquele que havia de substituir Judas entre “os doze apóstolos do Cordeiro”, tenha permanecido firme e inalterada pelo posterior apostolado de Paulo.
Qual era, então, o propósito do apostolado de Paulo? O próprio Jesus disse que visava um propósito específico — não em substituição a Judas — mas que Paulo servisse como ‘apóstolo [enviado] para as nações’ (At 9:4-6, 15), e Paulo reconhecia que este era o propósito de seu apostolado. (Gál 1:15, 16; 2:7, 8; Ro 1:5; 1Ti 2:7) Sendo assim, seu apostolado não era necessário para servir de alicerce quando o Israel espiritual foi estabelecido em Pentecostes de 33 EC.