A Bíblia — é realmente inspirada por Deus? (Part. 1)

Nenhuma homem pode predizer com exatidão o futuro nos mínimos detalhes. Isto está além da capacidade humana. Entretanto, o Criador do universo possui todos os fatos necessários, e pode até mesmo controlar os eventos. Assim, pode ser mencionado como Aquele que “desde o princípio conta o final e desde outrora as coisas que não se fizeram”. — Isaías 46:10; 41:22, 23.

A Bíblia contém centenas de profecias. Cumpriram-se elas com exatidão, até o dia de hoje? Se se cumpriram, isso seria notável indício de a Bíblia ser “inspirada por Deus”. (2 Timóteo 3:16, 17) E geraria confiança em outras profecias a respeito de eventos ainda por vir. Assim, será útil analisarmos algumas das profecias já cumpridas.

A Queda de Tiro

Tiro era destacado porto marítimo da Fenícia que agira de forma traiçoeira para com o antigo Israel, seu vizinho meridional, que adorava a Yehowah. Por meio dum profeta chamado Ezequiel, Yehowah predisse a completa destruição de Tiro mais de 250 anos antes de isso acontecer. Declarou Yehowah: “Vou fazer subir contra ti muitas nações . . . E elas certamente arruinarão as muralhas de Tiro e derrubarão as suas torres, e vou raspar dela o seu pó e fazer dela a lustrosa superfície escalvada dum rochedo. Enxugadouro de redes de arrasto é o que ela se tornará no meio do mar.” Ezequiel também mencionou nominalmente, de antemão, a primeira nação a cercar Tiro, e seu líder: “Eis que trago contra Tiro a Nabucodorosor, rei de Babilônia.” — Ezequiel 26:3-5, 7.

Conforme predito, Nabucodorosor (Nabucodonosor) realmente derrubou mais tarde a Tiro continental, The Encyclopœdia Britannica relatando “um sítio de 13 anos . . . efetuado por Nabucodonosor”. Depois do sítio, relatou-se que ele não tomou nenhum despojo: “Quanto ao salário, não se mostrou haver nenhum para ele.” (Ezequiel 29:18) Por que não? Porque parte de Tiro se achava numa ilha defronte a um canal estreito. A maior parte dos tesouros de Tiro tinha sido transferida do continente para essa parte insulana da cidade, que não foi então derrotada.

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Mas a conquista por parte de Nabucodorosor não ‘raspou o pó [de Tiro], fazendo dela uma lustrosa superfície escalvada’ conforme Ezequiel predissera. Nem se cumpriu a profecia de Zacarias, que dissera que Tiro seria lançada “dentro do mar”. (Zacarias 9:4) Mostraram-se inexatas estas profecias? De forma alguma. Mais de 250 anos depois da profecia de Ezequiel e cerca de 200 anos depois da de Zacarias, Tiro foi totalmente destruída pelos exércitos gregos comandados por Alexandre Magno, em 332 AEC. “Com os detritos da parte continental da cidade”, explica a Encyclopedia Americana, “ele construiu enorme [estrada elevada] em 332, para ligar a ilha ao continente. Depois de um sítio de sete meses . . . capturou e destruiu Tiro”.


Assim, conforme Ezequiel e Zacarias predisseram, o pó e os detritos de Tiro acabaram deveras no meio da água. Tiro se tornou um rochedo escalvado, “um local para se estender as redes”, como comentou certo visitante do local.4 Assim, as profecias proferidas centenas de anos antes se cumpriram nos mínimos detalhes!

Ciro e a Queda de Babilônia

Notáveis, também, são as profecias relativas aos judeus e Babilônia. A História registra que Babilônia levou os judeus ao cativeiro. Todavia, cerca de 40 anos antes de isto acontecer, Jeremias o predisse. Isaías o predisse cerca de 150 anos antes de acontecer. Também predisse que os judeus retornariam do cativeiro. E igualmente o fez Jeremias, afirmando que seriam restaurados à sua terra depois de 70 anos. — Isaías 39:6, 7; 44:26; Jeremias 25:8-12; 29:10.

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Foi a derrubada de Babilônia, por parte dos medos e persas, em 539 AEC que tornou possível este retorno. Isto foi predito por Isaías cerca de 200 anos antes de ocorrer, e por Jeremias cerca de 50 anos antes de consumar-se. Jeremias disse que os soldados babilônios não oporiam resistência. Tanto Isaías como Jeremias predisseram que as águas protetoras de Babilônia, o rio Eufrates, ‘tinham de secar-se’. Isaías até mesmo forneceu o nome do general persa conquistador, Ciro, e disse que diante dele ‘os portões [de Babilônia] não se fechariam’. — Jeremias 50:38; 51:11, 30; Isaías 13:17-19; 44:27; 45:1.

Heródoto, historiador grego, explicou que Ciro realmente desviou o curso do Eufrates, e “o rio baixou a tal ponto que o leito natural da corrente se tornou vadeável”.5 Assim, durante a noite, os soldados inimigos marcharam pelo leito do rio e penetraram na cidade, cruzando portas que tinham sido negligentemente deixadas abertas. “Caso os babilônios tivessem avaliado o que Ciro pretendia”, prosseguiu Heródoto, “teriam cerrado todas as portas ligadas às ruas que [davam] para o rio . . . Mas, pelo visto, os persas caíram sobre eles de surpresa e, assim, tomaram a cidade”.6 Em realidade, os babilônios tinham caído numa bebedeira, como a Bíblia explica, e como Heródoto confirma.7 (Daniel 5:1-4, 30) Tanto Isaías como Jeremias predisseram que Babilônia, por fim, transformar-se-ia em ruínas desabitadas. E foi isso mesmo que aconteceu. Atualmente, Babilônia é um conjunto desolado de montes de terra. — Isaías 13:20-22; Jeremias 51:37, 41-43.

Ciro também restaurou os judeus à terra natal deles. Mais de dois séculos antes, Yehowah predissera a respeito de Ciro: “Ele . . . executará completamente tudo aquilo em que me agrado.” (Isaías 44:28) Fiel à profecia, depois de 70 anos, Ciro fez que os cativos retornassem à sua terra natal, em 537 AEC. (Esdras 1:1-4) Encontrou-se uma antiga inscrição persa, chamada de Cilindro de Ciro, que declara meridianamente a política de Ciro de fazer os cativos retornar às terras natais. “Quanto aos habitantes de Babilônia”, registra-se Ciro como tendo dito, “(também) reuni todos os seus (anteriores) habitantes e devolvi(-lhes) as suas habitações”.