Comentário Bíblico Online: Atos 1:2

Até o dia em que foi tomado para cima – Isso se deu no 40º dia depois de sua ressurreição. (At. 1:3; Lc. 24:51) Lucas relatou assim todas as coisas que Jesus fez e ensinou desde do início de seu ministério até a sua ascensão aos céus espirituais. A expressão "foi tomado para cima" (Gr.: “anelēmpthē”) Passivo indicativo de “analambanō”. (Thayer's Greek Definition) Ocorre cerca de treze vezes nas Escrituras Gregas (Mr. 16:19; At. 1:2; 11; 22; 7:43; 10:16; 20:13; 14; 23:31; Ef. 6:13; 16; 1Tim. 3:16; 2Tim. 4:11) Na maioria das ocorrências essa palavra se aplica à ascensão de Cristo aos céus espirituais. É traduzida também por acolher em Atos 7:43; verbo comum para levantar algo, como é o caso de Atos 10:16 onde traz a tradução “foi recolhido” para o céu, também em Atos 20:13 onde o verbo é traduzido “tomar abordo”, também em Atos 20:14 e “ser recebido” em 1 Timóteo 3:16. Conforme usado nas Escrituras "analambanō" pode vir ou não acompanhado de “ao céus” εις τον ουρανον (Gr.: “eis ton ouranon”) Esse mesmo verbo é usado com respeito a Elias quando ele subiu aos céus no vendaval – II Reis 2:11 LXX.

O interessante deste texto é que Jesus, depois de cumprir fielmente a vontade de Yehowah, foi ressuscitado e recebido nas moradas celestiais, e isso foi justamente o oposto que acontecera aos anjos do passado nos dias de Noé, estes quando viram o dilúvio abandonaram seus corpos carnais e tentaram voltar aos domínios celestiais, mais eles não foram aceitos, invés disso, foram colocados no tártaro, um lugar de profunda escuridão espiritual.

Depois de passar seu ministério terrestre como ser humano, Cristo foi morto às mãos de seus inimigos e no terceiro dia, conforme as Escrituras, ele foi levantado, mas ainda passara 40 dias orientando os seus discípulos com respeito a grande obra que eles teriam pela frente. (Atos 1:8) Depois destes quarenta dias, ele foi levado para onde estava antes de vir a terra, para junto do Pai, onde naquele momento os discípulos não mais poderiam vê-lo. (João 6:62) Lucas registra a “partida” visível de Cristo para os domínios celestiais, e com séculos de antecedência Yehowah inspirou o profeta Daniel a relatar a sua chega aos domínios celestiais quando disse: “Continuei observando nas visões da noite e eis que aconteceu que chegou junto com as nuvens dos céus alguém semelhante a um filho de homem; e ele obteve acesso ao Antigo de Dias, e fizeram-no chegar perto perante Este.” (Dn. 7:13) Daniel viu simbolicamente a chegada do filho de Deus aos céus espirituais após a sua partida conforme registrada no livro Bíblico de Atos 1:9. [1]

Depois de ter dado mandamento – (Mt. 28:18-20; Lc. 24:49) Cristo deu o Grande Mandamento de pregar e fazer discípulos, no dia em que “foi tomado para cima.” Embora de maneira direta, com certeza Cristo deve ter dado atenção a tarefa de pregação que eles teriam que realizar após a sua partida; nós podemos também acreditar que dentre este mandamento também havia outras ordens que os ajudariam nesta designação tão grandiosa, como, por exemplo, o maior mandamento de todos, que é o de amar a Deus sobre todas as coisas. Este amor os ajudaria a obedecer a Deus como governante antes que aos homens, ao continuarem pregando mesmo sob provas severas de fé. Também não podemos esquecer o segundo maior mandamento que é o de amar o próximo como a si mesmo. Este amor deveria induzi-los a participar ao máximo desta obra magnífica, dando as pessoas à oportunidade de se arrependerem e serem aceitas por Deus.

Por intermédio de Espírito Santo – A Grande Comissão de pregação das boas novas que Cristo deu aos seus discípulos foi dada por intermédio do Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo seria a chave para a realização deste trabalho que deveria se estender “até a parte mais distante da terra” (1:8) O mandamento foi dado por intermédio de Espírito Santo porque “aquele a quem Deus enviou fala as declarações de Deus, porque ele não dá o Espírito por medida.” (Jo 3:34) Cristo era guiado pelo Espírito de Yehowah. (Mt. 4:1; 1Co. 12:3) Suas declarações eram guiadas consciêntemente pelo Espírito Santo de Deus. Até mesmo a profecia de Isaías 61:1, nos diz a esse respeito: “O Espírito do Soberano Senhor Yehowah está sobre mim, visto que Yehowah me ungiu para anunciar boas novas aos mansos.” (cf. Lucas 4:18) O mesmo Espírito que ungiu Cristo para divulgar as boas novas aos mansos também o induziu a dar o mandamento aos seus discípulos de pregar aos mansos [2], porque o desejo de Deus, a fonte suprema desde Epírito, é “que ninguém seja destruído, mas deseja que todos alcancem o arrependimento [mediante a pregação das boas novas]”. (2 Pedro 3:9.)

Aos apóstolos escolhera – Estes são os onze que permaneceram leais depois da morte de Judas Iscariotes. Estes apóstolos que Jesus escolheu, são os mesmos apóstolos que Jesus Cristo se associou intimamente enquanto vivia na Terra como ser humano. Esta escolha está registrada nos seguintes textos:

(a) “Convocou assim os seus doze discípulos e deu-lhes autoridade sobre espíritos impuros, para os expulsarem e para curarem toda sorte de moléstias e toda sorte de padecimentos. s nomes dos doze apóstolos são estes: Primeiro, Simão, o chamado Pedro, e André, seu irmão; e Tiago, [filho] de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, [filho] de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananita, e Judas Iscariotes, que mais tarde o traiu.” (Mateus 10:1-4)

(b) “Na continuação daqueles dias, ele foi para o monte, a fim de orar, e continuou a noite inteira em oração a Deus. Mas, quando ficou dia, chamou a si os seus discípulos e escolheu dentre eles doze, aos quais também deu o nome de “apóstolos”: Simão, a quem também deu o nome de Pedro, e André, seu irmão, e Tiago e João, e Filipe e Bartolomeu, e Mateus e Tomé, e Tiago, [filho] de Alfeu, e Simão, chamado “zeloso”, e Judas, [filho] de Tiago, e Judas Iscariotes, que se tornou traidor.” (Lucas 6:12-16)

(c) “Vós não me escolhestes, mas eu escolhi a vós, e eu vos designei para prosseguirdes e persistirdes em dar fruto, e que o vosso fruto permaneça; a fim de que, não importa o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dê.” (João 15:16) Os apóstolos foram assim escolhidos por Cristo sob a orientação de Deus, e estes por sua vez deveriam persistir em dar frutos na obra que Cristo os havia comissionado e assim receberiam as coisas pedidas ao Pai, conforme se percebe na oração encontrada no Livro de Atos 4:24-30.


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Notas:
[1]Um ponto importante salientado aqui nesta obra de referência mostra a clara distinção entre o Pai e o Filho quando diz: “Essa afirmação da ascensão de Jesus Cristo foi algo que Deus fez para Jesus, e não algo que Jesus fez pra ele mesmo”, declara a obra Coffman Commentaries on the Old and New Testament.
[2]Este mesmo Espírito seria derramado sobre eles, para que assim pudessem divulgar as boas novas até a parte longínqua da Terra.