Evangelho de João - Part. 1 (Autoria)

Evangelho  de João - Part. 1 (Autoria)
I. Autor do Evangelho

Apesar do livro em consideração não mencionar direta e claramente o seu autor, tem sido quase que unanime e universalmente reconhecido que ele foi produzido sob inspiração divina pela mão do apóstolo João. Desde o princípio, nunca foi colocado em questão que fosse ele o escritor, a não ser por um pequeno grupo no segundo século, que objetou à base de que considerava os ensinos do livro antiortodoxos, mas não por qualquer evidência relacionada com quem o escreveu. Ser João, o apóstolo, o escritor desse evangelho só voltou a ser questionada com o surgimento da alta crítica bíblica moderna.

A evidência interna, de que o apóstolo João, filho de Zebedeu, foi de fato o escritor, consiste em tal abundância de provas, de diversos ângulos, que sobrepuja qualquer argumento em contrário. Mencionam-se aqui apenas uns poucos pontos, mas o leitor atento, com estes em mente, achará muitíssimos outros. Seguem-se alguns:

(1) O escritor do evangelho em consideração com certeza era um Judeu, conforme indicado por seu conhecimento e íntima familiaridade com as leis judaicas, a tradição, costumes e festas deles. – Jo 1:21; 6:14; 7:40; 12:34.

(2) O escritor tinha que ser alguém nativo da terra da palestina, conforme indicado por seu nítido conhecimento cabal sobre as regiões do país. Os pormenores mencionados a respeito dos lugares citados mostram que ele tinha um conhecimento pessoal destes lugares. Ele referiu-se a “Betânia, do outro lado do Jordão” (Jo 1:28) e a ‘Betânia, perto de Jerusalém’. (11:18) Escreveu que havia um jardim no lugar onde Cristo foi pregado na estaca, e que nele havia um túmulo memorial novo (19:41), que Jesus falou “na tesouraria, ao estar ensinando no templo” (8:20), e que “era inverno, e Jesus estava andando no templo, na colunata de Salomão” (10:22, 23).

O próprio testemunho do escritor, e a evidência factual mostram que se tratava duma testemunha ocular. Cita o nome das pessoas que disseram ou fizeram certas coisas (Jo 1:40; 6:5, 7; 12:21; 14:5, 8, 22; 18:10); entra em pormenores quanto à hora em que sucederam os eventos (4:6, 52; 6:16; 13:30; 18:28; 19:14; 20:1; 21:4); designa, de modo factual, os números envolvidos em suas descrições, fazendo isso sem ostentação. — 1:35; 2:6; 4:18; 5:5; 6:9, 19; 19:23; 21:8, 11.

O escritor era apóstolo. Ninguém, a não ser um apóstolo, podia ter sido testemunha ocular de tantos eventos ligados ao ministério de Jesus; também, seu conhecimento íntimo da mentalidade, dos sentimentos e das motivações pelos quais Jesus disse ou fez certas coisas, revela que ele era um do grupo dos 12 que acompanhou Jesus em todo o seu ministério. Por exemplo, ele nos conta que Jesus fez a Filipe uma pergunta para prová-lo, “pois ele mesmo sabia o que ia fazer”. (Jo 6:5, 6) Jesus sabia “em si mesmo que seus discípulos estavam resmungando”. (6:61) Ele sabia de ‘todas as coisas que lhe sobreviriam’. (18:4) “Gemeu no espírito e ficou aflito.” (11:33; compare isso com 13:21; 2:24; 4:1, 2; 6:15; 7:1.) O escritor também estava familiarizado com as idéias e as impressões dos apóstolos, algumas das quais eram erradas e foram corrigidas posteriormente pelo Senhor Jesus. — 2:21, 22; 11:13; 12:16; 13:28; 20:9; 21:4.

O escritor do livro em consideração era um dos apóstolos. Pois, ninguém, a não ser um apóstolo, poderia ter sido testemunha ocular dos eventos relacionados com a vida, o ministério, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus Cristo; também seus profundos sentimentos com respeito à alguns dos discursos e ensinos do Senhor Jesus mostra que ele era alguém que pertencia ao grupo íntimo dos doze apóstolos. Um exemplo nesse respeito, é o que ele relata com respeito a pergunta que Jesus fez a Filipe, uma pergunta feita para prová-lo, “pois ele mesmo sabia o que ia fazer”. (Jo 6:5, 6) Jesus sabia “em si mesmo que seus discípulos estavam resmungando”. (6:61) Ele sabia de ‘todas as coisas que lhe sobreviriam’. (18:4) “Gemeu no espírito e ficou aflito.” (11:33; compare isso com 13:21; 2:24; 4:1, 2; 6:15; 7:1.) O escritor do livro abordado também estava familiarizado com as idéias e as impressões dos apóstolos, algumas das quais eram evidentemente erradas e foram corrigidas posteriormente pelo Senhor Jesus. — 2:21, 22; 11:13; 12:16; 13:28; 20:9; 21:4.

Como se toda esse conhecimento íntimo da vida de Cristo não fosse o suficiente, o escritor do evangelho em questão é classificado dentro do próprio evangelho como “o discípulo a quem Jesus havia amado”. (Jo 21:20, 24) Por meio disso, nós observamos conclusivamente, que ele era um dos três apóstolos mais próximos do Instrutor, a quem Jesus estavam sempre em constante contato e intimidade sobre assuntos relativos ao reino dos céus, tais como o acontecimento da transfiguração (Mr 9:2), e na ocasião de sua angústia, no jardim de Getsêmani. (Mt 26:36, 37) Destes três apóstolos, podemos excluir plenamente o apóstolo Tiago, pois este foi assassinado por volta de 44 EC, por Herodes Agripa I.[1] Não existe nenhuma evidência de uma data tão cedo assim da escrita deste evangelho. O apóstolo Pedro é excluído por ter o seu nome mencionado junto com “o discípulo a quem Jesus havia amado”, sendo claramente assim uma outra pessoa, distinta do escritor. — Jo 21:20, 21.


Notas :[1] Cf, Atos 12:2.