Introdução do Evangelho de João (Part. 1)

Mesmo o leitor casual do Novo Testamento vai notar que os primeiros três relatos da vida de Jesus são geralmente semelhantes em sua história, enquanto que o quarto Evangelho (João) é bastante diferente. Estudiosos referem-se a Mateus, Marcos, e Lucas como os Evangelhos sinóticos (sinóptico = "visto junto" ou "como paralelos"), devido a suas semelhanças, mas João é chamado, bem. . . João (nenhum nome especial). Faz parte da coleção do Novo Testamento conhecido como os Escritos Joaninos (João, 1, 2, 3 João, e Apocalipse).

As diferenças entre os Evangelhos sinópticos e o Evangelho de João são facilmente perceptíveis para o leitor alerta. Por exemplo, todos os Sinópticos apresentam uma grande viagem de Jesus da Galiléia a Jerusalém, enquanto que João retrata Jesus como estando na Judéia e em Jerusalém com frequência. Na verdade, para João, o principal ministério de Jesus parece estar na Judéia, em vez de na Galiléia como nos Sinóticos. Outra diferença é vista em João na falta de suas parábolas verdadeiras registradas nos ensinamentos de Jesus. Nos Sinóticos as parábolas são a forma característica dos ensinos de Jesus, com a introdução repetida muitas vezes, “Jesus disse-lhes uma parábola, dizendo: "o reino de Deus é assim...”. João é também carregado com personagens que não encontrarmos nos Sinópticos:

Nicodemos, a mulher samaritana no poço, e Lázaro, apenas para mencionar alguns. Além disso, algumas das frases mais memoráveis do Evangelho não são encontradas nos Sinóticos, mas apenas em João: “No princípio era o Verbo”. “Eis o Cordeiro de Deus!”, “Deus amou o mundo que deu o seu Filho único”, “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida”, “Eu sou a videira”, “O que é a verdade?”, “Ele está consumado”, “Assim vos envio”. Por algumas estimativas, cerca de 90% do material encontrado em João não é encontrado nos Evangelhos sinópticos.

Estudiosos cristãos têm notado estas diferenças desde tempos antigos. Clemente de Alexandria, escrevendo em cerca de 185 d.C, chamou João, o "Evangelho espiritual." Com isso, Clemente não quer dizer que João não era histórico, mas que João estava mais preocupado com as questões internas e espirituais. No passado mais recente, os estudiosos críticos têm acentuado excessivamente as diferenças entre João e os Sinópticos, como sendo inconciliáveis e concluem que João é, com efeito, o primeiro comentário sobre os Evangelhos. Esta hipótese (de que João é ficção histórica) existe em muitos dos comentários das gerações anteriores e ainda é aceita por alguns hoje. Em geral, porém, a erudição atual é bem menos certo da não historicidade do personagem de João. Neste comentário assumimos que João relata uma versão historicamente confiável da vida, morte e ressurreição de Jesus, embora bastante diferente daquela dos Evangelhos sinópticos. Estas diferenças fazem parte daquilo que torna o estudo deste livro tão fascinante e que será discutido nos lugares apropriados através dos comentários.



Fonte: The College Press NIV Commentary New Testament.