6. A inspiração da Bíblia (Part. 6)

Inspiração do ensino, mas não de todo o conteúdo da Bíblia: Cumpre ressaltar também que só o que a Bíblia ensina foi inspirado por Deus e não apresenta erro; nem tudo que está na Bíblia ficou isento de erro. Por exemplo, as Escrituras contêm o relato de muitos atos maus, pecaminosos, mas de modo algum a Bíblia os elogia; tampouco os recomenda. Ao contrário, condena essas práticas malignas. A Bíblia chega a narrar algumas das mentiras de Satanás (e.g., Gn 3.4). Portanto, a simples existência dessa narração não significa que a Bíblia ensine serem verdadeiras essas mentiras. A única coisa que a inspiração divina garante aqui é que se trata de um registro verdadeiro de uma mentira satânica, de uma perversidade real de Satanás. Às vezes não está perfeitamente claro se a Bíblia registra apenas um mero relato do que alguém disse ou fez, ou se ela está ensinando que devemos proceder de igual forma. Por exemplo, estará a Bíblia ensinando que tudo quanto os amigos de Jó disseram é verdade? Gálatas 2:14 diz que o apóstolo Paulo chamou atenção de Pedro, ou Cefas, na frente de todos; foi isso uma atitude correta? Ou teria sido mais amoroso e prudente chamar ele em particular e amorosamente dar-lhe um conselho divinamente inspirado? Significa isso que podemos "fazer vergonha" aos nossos irmãos quando eles erram na frente de outros? Seja qual for a resposta, o estudante da Bíblia é admoestado a não julgar como exortação divina tudo quanto a Bíblia relata terem sido feito e dito por um servo de Deus, pois, às vezes, a Bíblia está apenas relatando, e não exortando que se deva agir de igual forma. De fato, a Bíblia registra muitas coisas que ela de modo algum recomenda, como a asserção: "Não há Deus" (Sl 14.1). Em todas as passagens, o que a Bíblia está declarando deve ser estudado com cuidado, a fim de se apurar o que ela está ensinando na verdade. Resumindo, a Bíblia é um livro incomum. Compõe-se de dois testamentos formados de 66 livros, os quais declaram ou comprovam a inspiração divina. Com inspiração queremos dizer que os manuscritos originais da Bíblia nos foram concedidos pela revelação de Deus e, exatamente por isso, detêm a absoluta autoridade de Deus, para formar o pensamento e a vida cristã. Isso significa que tudo quanto a Bíblia ensina constitui tribunal de apelação infalível. O próximo tópico de estudo diz respeito à natureza exata da inspiração da Bíblia.