Comentário Bíblico do Expositor: Súplica de Onésimo
III. Súplica por Onésimo (8-22)
A situação tanto de Paulo como de Onésimo é de todo importante para entendermos essa seção da Epístola. As circunstancias de Paulo é tão importante quanto a de Onésimo, um fato normalmente negligenciado por comentadores. Visto que ele é um prisioneiro, ele não pode fazer as coisas que um homem livre poderia fazer para ajudar um escravo. Ele pode fazer nada mais do que escrever uma carta pedindo clemência por seu recém-achado irmão e ele pode sugerir que ele espere visitar Lycus Valley em breve para acrescentar peso ao seu pedido à Filêmon. Debaixo de circunstancias normais, um homem livre poderia assumir a custódia de um escravo fugido depois dele ter dado garantia de seu retorno aos oficiais público, e ele poderia dizer que o escravo lhe fora concedido por um tempo. Isso não era incomum. Um professor escravo de T. Pomponius Atticus serviu M. Tullius Cicero e sua família assim como fizera com seu próprio patrão. Quando ele foi liberto, ele recebeu o pranomen de Cicero (O primeiro dos três nomes usuais de um Romano) e o nomen de Atticus (o segundo dos três nomes). Ele se tornou M. Pomponius Dionysius (A.A. Rupprecht, Slavery in the Late Roman Republic . [diss. Ann Arbor: University of Michigan Press, 1960], pp. 91-94). O status de Onésimo era o mais baixo que alguém poderia ter no mundo antigo. Pelo fato dele ser um escravo fugido, ele não era protegido por nenhuma lei e estava sujeito a todo tipo de abuso. Escravos fugidos normalmente iam para as grandes cidades, partes remotas do estado de Roma, e para áreas desabitadas. A essa altura, a captura deles e a sua volta era normalmente um arranjo informal entre o proprietário e o administrador provincial. Eles eram frequentemente espancados sem misericórdia ou colocados para realizar tarefas que diminuiria suas expectativas de vida. Cícero menciona três escravos fugidos em suas obras. Ele comenta um, Licinius, um escravo do trágico ator Aesop, na qual fora colocado uma prisão pública ou em uma pistrinum, um lagar de grão. Cícero estava incerto, Se o último, Licinus teria de ser vendado e forçado a andar num círculo o dia inteiro girando uma mó – uma atividade normalmente designada a cavalos ou mulas. Cícero pede a seu irmão, Quintus, a trazer seu escravo de volta de Roma. (Q. Fr. 1.2.14). Paulo deve ter colocado Filêmon numa posição precária de fato. Ao suplicar pelo perdão e a restituição de Onésimo sem punição isso era óbvio para todos, ele estava confrontando a ordem social e econômica estabelecida. Enquanto que ele não pede por sua alforria, até mesmo seu pedido de clemência por Onésimo e sua designação para Paulo põe abaixo a tradição Romana. Por sua súplica Paulo está também concedendo nova dignidade a classe dos escravos.