Comentário Bíblico Online: Atos 1:11
Homens da Galiléia... Galiléia era o lugar deles de origem, eles eram comumente chamados de galileus. (Cf. Atos 2:7.) Por que estais parados aí olhando para o céu? Podemos interpretar isso como sendo uma censura, como também uma forma de chamá-los atenção da vã tentativa de ficar tentando olhar para onde Cristo havia ido. Os apóstolos tinham um grande trabalho a ser feito, eles não podia ficar de rostos levantados olhando para o tempo, ou se perguntando por que Este tinha ido embora. Este [mesmo] Jesus,... Isso serviu-lhes de conforto. O mesmo Cristo, que havia estado com eles, que havia desenvolvido um laço de amizade, que havia trabalhado junto com eles na promoção das boas novas, voltaria de novo e durante sua “ausência” em corpo material, ele estaria presente em espírito. Era o mesmo Jesus, pois ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. (Hebreus 13:8) E isso era muito encorajador para eles, assim como para nós, os que são escravos do Senhor Jesus Cristo, e esperam ansiosamente a gloriosa manifestação Dele, junto com seus santos anjos. Que dentre vós foi acolhido em cima, no céu... Mencionado o que acabara de acontecer, fato que estes foram testemunhas oculares. “Acolhido” αναλαμβάνω (Gr.: analambano) ocorre 68 vezes na LXX e 13 vezes no NT: Gen. 24:61; 45:19, 27; 46:5, 6; 48:1; 50:13; Exo. 4:20; 10:13, 19; 12:32, 34; 19:4; 28:12; Num. 14:1; 23:7, 18; 24:3, 15, 20, 21, 23; Deu. 1:41; 32:11; Jz. 19:28; 2Rs. 2:9, 10, 11; 2Cro. 25:28; Est. 5:1; Jó 13:14; 17:9; 21:12; 22:22; 27:21; 36:3; 40:10; Sal. 50:16; 72:3; 78:70; 139:9; 146:9; 147:6; Isa. 40:24; 46:4; 63:9; Jer. 4:6; 7:29; 13:20; 46:3; Lam. 3:41; 5:13; Eze. 2:2; 3:12, 14; 8:3; 10:19; 11:1, 24; 12:6, 7; 16:61; 43:5; Dan. 4:34; Os. 11:3; Amos 5:26; 7:15; Zec. 5:9; Marc 16:19; Atos 1:2, 11, 22; 7:43; 10:16; 20:13, 14; 23:31; Ef. 6:13, 16; 1Ti. 3:16; 2Ti. 4:11. Antes de vir à terra, à baixo, Jesus foi tomado dentre os Filhos de Deus, os seres angelicais, e em sua partida de volta para o Pai, Jesus é acolhido em cima dentre nós, seres humanos. Virá assim da mesma maneira em que o observastes ir para o céu... “Céu”. Gr.: ouranón; lat.: caélum; J17(hebr.): hashshamáyemah, “em direção ao céu”. A maneira da sua ascensão era tal que habilitaria os apóstolos a servir de testemunhas deste fato, assim como foram da ressurreição de Jesus. (Atos 1:3) Portanto, ele não simplesmente ‘desapareceu’ diante deles, assim como fizera anteriormente diante de dois discípulos em Emaús, ou como o anjo que apareceu a Gideão “desapareceu da sua vista”. (Lucas 24:31; Juízes 6:21, 22) Até certo ponto, sua ascensão foi mais como a do anjo que apareceu a Manoá e sua esposa. Ele mandou que estes preparassem um sacrifício, e, “ao subir a chama do altar para o céu, então o anjo de Yehowah subiu na chama do altar enquanto Manoá e sua esposa olhavam”. (Jz 13:20) Mas, de que maneira podemos dizer que Cristo virá “da mesma” maneira que os discípulos viram ele partir e conforme nós podemos ler em Atos 1:11?
(1) É preciso notar que os anjos referiram-se à “maneira” (Gr.: trópos substantivo acusativo singular masculino), não à forma (Gr.: morfé) em que Jesus partiu. Esse substantivo grego ocorre cerca de 17 vezes na LXX e 13 vezes no NT: Gen. 26:29; Exo. 2:14; 13:11; 14:13; 16:34; 39:29, 31, 43; 40:15, 21, 23, 25; Lev. 4:10, 20, 21, 31, 35; 7:38; 8:4, 9, 17, 31; 9:10, 21; 10:5, 15, 18; 16:15; 18:28; Num. 1:19; 3:16, 42, 51; 4:49; 14:17, 28; 15:14; 18:7; 23:2; 26:4; 31:47; 32:27; 34:13; 36:10; Deu. 1:21; 2:1, 12, 22; 4:33; 5:12, 16, 32; 6:16; 11:25; 12:21; 13:17; 15:6; 19:8, 19; 20:17; 23:23; 24:8; 27:3; 28:9, 63; 29:13; 32:50; Josué 1:3, 17; 5:4; 8:2, 6, 27; 10:1, 28, 30, 32, 35, 37, 39, 40; 11:9, 12, 15, 20; 13:6; 14:2, 5, 10, 12; 21:8; 22:4; 23:15; Jz. 2:22; 6:36, 37; 8:8; 11:36; 15:10; 16:9; 1Sa. 25:33; 2Sa. 10:2; 16:23; 17:3; 24:19; Jó 4:8, 19; 29:25; Sal. 42:1; Pro. 9:11; 23:7; 24:29; Isa. 5:24; 7:2; 9:3; 10:10, 11; 13:19; 14:19, 24; 17:5, 9; 20:3; 24:13; 25:10, 11; 29:8; 31:4; 33:4; 38:19; 51:13; 52:14; 62:5; 65:8; 66:22; Lam. 1:22; Eze. 10:10; 12:11; 15:6; 16:48, 57; 18:4; 20:32, 36; 22:22; 23:18, 44; 24:18, 22; 25:8; 40:23; 42:3, 7; 45:6; 46:12; 48:11; Dan. 2:40, 41, 45; Os. 9:13; Amos 2:13; 3:12; 5:14, 19; 9:9; Oba. 1:15, 16; Jon. 1:14; Miq. 3:3; 5:8; Zac. 4:1; 7:13; 8:13, 14; 10:6; 11:13; Mal. 3:17; Mat. 23:37; Luc 13:34; Atos 1:11; 7:28; 15:11; 27:25; Rom. 3:2; Fil. 1:18; 2Tess. 2:3; 3:16; 2Ti. 3:8; Heb. 13:5; Judas 1:7.
1.a. Podemos usar alguns desses textos para fazer uma comparação do uso escriturístico do substantivo em questão. Depois de analisar esses versículos, o que se tornará evidente para o leitor, é que esse substantivo grego é usado tanto para se referir ao algo literalmente igual, ou para uma mero paralelo, ou comparação, mostrando apenas a semelhança entre as duas coisas. O uso da LXX ficará evidente, principalmente dentro do Pentateuco, mais espeficicamente em Êxodo e Levítico, quando o escritor diz que os sacrifícios deviam ser repetido “do mesmo modo”, e sabemos que era literalmente assim, eles seguiam um padrão. No entanto, encontramos várias citações onde se refere apenas a uma similaridade simbólica, como podemos observar em Salmos 42:1 as seguintes palavras: “Assim como [Gr.: τροπον] o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (LXX) Observasse claramente uma mera comparação poética, principalmente levando e consideração a poesia hebraica, com seu paralelismo. Também notamos o pensamento hebraico de paralelismo em Lucas 13:34, onde lemos: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como [Gr.: τροπον] a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” (ACF) Levando isso e conta, junto com o primeiro argumento da diferença dos vocábulos gregos entre prótos e morfé, percebemos que os anjos se referiam a uma similaridade entre essa partida com a sua volta como Rei, e não como Executor.
1.b Na Vulgata Latina, a palavra usada para traduzir o substantivo grego τροπον é a palavra quĕmadmŏdum, que significa basicamente “assim como”: quemadmodum urbes magnas viculis praeferundas puto, sic, etc., Cic. Rep. 1, 2, 3 ; cf.: si, quemadmodum soles de ceteris rebus... sic de amicitiā disputaris, id. Lael. 4, 16 . -- Corresp. com ita, Cic. Q. Fr. 2, 15, a, 4; Val. Max. 8, 1, 11; com item, Cic. Ac. 2, 34, 110; com eodem modo, id. Fin. 2, 26, 83; com adaeque, Liv. 4, 43, 5. Além disso, essa palavra é usada para dar “exemplo” de algo, para que o ouvinte tenha uma ideia da similaridade, como “introduzindo exemplos; como por exemplo: quemadmodum C. Caesar inquit, Quint. 6, 3, 75 ; 2, 5, 20; 8, 6, 56; 9, 2, 36 al.: quemadmodum si, Dig. 8, 3, 20, §”. (Charlton T. Lewis, Charles Short, A Latin Dictionary) Com isso, observamos mais algo que nos liga ao sentido das palavras do anjo, se referindo a maneira, a similaridade com que a ida de Cristo no século I, teria com a sua volta no futuro.
(2) À medida que a nuvem o arrebatava, ele se tornava invisível aos olhos humanos. O relato de Atos mostra que a ascensão dele foi sem ostentação ou pompa, discernida apenas por uns poucos seguidores fiéis, e isto só na parte inicial da ascensão. O mundo em geral não ficou ciente do que aconteceu.
(3) No versículo 9, fala-se de “uma nuvem” que arrebatara Cristo aos céus. O que é indicado por “nuvens”? Invisibilidade. Quando um avião está numa densa nuvem ou acima das nuvens, as pessoas na terra geralmente não o veem, embora possam ouvir o barulho dos motores, e consigam concluir que, apensar de não estarem vendo, percebem que é um avião passando. Deus disse a Moisés: “Chego a ti numa nuvem escura.” Moisés não viu Deus, mas aquela nuvem indicava a presença invisível de Yehowah. (Êxo. 19:9; veja também Levítico 16:2; Números 11:25.) Assim foi também no caso de Jesus. Note que o relato diz que ele “foi elevado e uma nuvem o arrebatou para cima, fora da vista deles [Gr.: απο των οφθαλμων αυτων].” Não há qualquer variação textual na parte final desse versículo.
Levando em consideração estes três pontos básicos podemos dizer que Cristo teria uma volta invisível visto que ele mesmo declarou: “o mundo não me observará mais”. (Jo. 14:19) Não podemos afirmar, como alguns, que em João 14:19, ele estava falando que ninguém mais o veria “como homem”, que ele estava falando ali como homem, visto ser esse o argumento preferido para tentar justificar a razão de Jesus ter dito algo que venha a contradizer um dogma já pré-concebido. Note também que, concernente a sua volta, ele disse: “E então verão o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória.” (Lc 21:27) e nós já observamos que “nuvens” simbolizam invisibilidade, a mesma linguagem veterotestamentária. Também nós vimos que a sua ascensão foi vista apenas pelos seus seguidores fiéis, que o mundo, em especial seus inimigos, não estavam a par do que estava acontecendo. Da mesma forma, observamos que a sua segunda volta seria:
(1) Invisíveis aos olhos literais. Assim como os discípulos, nós observamos com os olhos da fé, Cristo presente como Rei reinante no meio dos seus inimigos.
(2) De maneira discreta. Assim como no caso dos discípulos de Jesus que observaram ele partir, hoje apenas os discípulos fiéis de Cristo conseguem ver, pelos olhos espirituais, que também é o sentido do verbo grego (Ver Lexicografia Completa de Joseph Henry Thayer sobre o verbo), o presente Jesus Cristo como Rei reinante. Os inimigos de Cristo não observaram ele partir, como também hoje não observam Ele reinando, presente.
(3) O que deve se levar em conta é que essa volta aqui, mencionada pelo anjo, não se refere à sua volta para executar seu julgamento como Rei. Em sua volta como Executor dos Julgamentos Divinos, nesse caso, todos, de fato, contemplarão literalmente “sinais nos céus”, e perceberam, depois de tanto que o verdadeiro cristianismo pregou, que chegou o Dia do Julgamento de Deus. Nessa vinda mencionada pelos anjos, Jesus volta, pela segunda vez, a sua atenção para os assuntos na terra, apoiando a obra de Evangelização, e nós bem que vemos, ou percebemos, que Ele está no nosso meio, reinando, e liderando a congregação cristã, e nos dirigindo aos que são semelhantes a ovelhas, e sedentos da verdade divina. Jesus foi enquanto estava entre os seus discípulos, que naquela ocasião, constituiria a primitiva congregação cristã, assim como ele voltou entre os da moderna Congregação Cristã do Israel de Deus.
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Notas:
[1] Ver comentário sobre a expressão “todo olho o verá”. (Ap. 1:7)
(1) É preciso notar que os anjos referiram-se à “maneira” (Gr.: trópos substantivo acusativo singular masculino), não à forma (Gr.: morfé) em que Jesus partiu. Esse substantivo grego ocorre cerca de 17 vezes na LXX e 13 vezes no NT: Gen. 26:29; Exo. 2:14; 13:11; 14:13; 16:34; 39:29, 31, 43; 40:15, 21, 23, 25; Lev. 4:10, 20, 21, 31, 35; 7:38; 8:4, 9, 17, 31; 9:10, 21; 10:5, 15, 18; 16:15; 18:28; Num. 1:19; 3:16, 42, 51; 4:49; 14:17, 28; 15:14; 18:7; 23:2; 26:4; 31:47; 32:27; 34:13; 36:10; Deu. 1:21; 2:1, 12, 22; 4:33; 5:12, 16, 32; 6:16; 11:25; 12:21; 13:17; 15:6; 19:8, 19; 20:17; 23:23; 24:8; 27:3; 28:9, 63; 29:13; 32:50; Josué 1:3, 17; 5:4; 8:2, 6, 27; 10:1, 28, 30, 32, 35, 37, 39, 40; 11:9, 12, 15, 20; 13:6; 14:2, 5, 10, 12; 21:8; 22:4; 23:15; Jz. 2:22; 6:36, 37; 8:8; 11:36; 15:10; 16:9; 1Sa. 25:33; 2Sa. 10:2; 16:23; 17:3; 24:19; Jó 4:8, 19; 29:25; Sal. 42:1; Pro. 9:11; 23:7; 24:29; Isa. 5:24; 7:2; 9:3; 10:10, 11; 13:19; 14:19, 24; 17:5, 9; 20:3; 24:13; 25:10, 11; 29:8; 31:4; 33:4; 38:19; 51:13; 52:14; 62:5; 65:8; 66:22; Lam. 1:22; Eze. 10:10; 12:11; 15:6; 16:48, 57; 18:4; 20:32, 36; 22:22; 23:18, 44; 24:18, 22; 25:8; 40:23; 42:3, 7; 45:6; 46:12; 48:11; Dan. 2:40, 41, 45; Os. 9:13; Amos 2:13; 3:12; 5:14, 19; 9:9; Oba. 1:15, 16; Jon. 1:14; Miq. 3:3; 5:8; Zac. 4:1; 7:13; 8:13, 14; 10:6; 11:13; Mal. 3:17; Mat. 23:37; Luc 13:34; Atos 1:11; 7:28; 15:11; 27:25; Rom. 3:2; Fil. 1:18; 2Tess. 2:3; 3:16; 2Ti. 3:8; Heb. 13:5; Judas 1:7.
1.a. Podemos usar alguns desses textos para fazer uma comparação do uso escriturístico do substantivo em questão. Depois de analisar esses versículos, o que se tornará evidente para o leitor, é que esse substantivo grego é usado tanto para se referir ao algo literalmente igual, ou para uma mero paralelo, ou comparação, mostrando apenas a semelhança entre as duas coisas. O uso da LXX ficará evidente, principalmente dentro do Pentateuco, mais espeficicamente em Êxodo e Levítico, quando o escritor diz que os sacrifícios deviam ser repetido “do mesmo modo”, e sabemos que era literalmente assim, eles seguiam um padrão. No entanto, encontramos várias citações onde se refere apenas a uma similaridade simbólica, como podemos observar em Salmos 42:1 as seguintes palavras: “Assim como [Gr.: τροπον] o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (LXX) Observasse claramente uma mera comparação poética, principalmente levando e consideração a poesia hebraica, com seu paralelismo. Também notamos o pensamento hebraico de paralelismo em Lucas 13:34, onde lemos: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como [Gr.: τροπον] a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não quiseste?” (ACF) Levando isso e conta, junto com o primeiro argumento da diferença dos vocábulos gregos entre prótos e morfé, percebemos que os anjos se referiam a uma similaridade entre essa partida com a sua volta como Rei, e não como Executor.
1.b Na Vulgata Latina, a palavra usada para traduzir o substantivo grego τροπον é a palavra quĕmadmŏdum, que significa basicamente “assim como”: quemadmodum urbes magnas viculis praeferundas puto, sic, etc., Cic. Rep. 1, 2, 3 ; cf.: si, quemadmodum soles de ceteris rebus... sic de amicitiā disputaris, id. Lael. 4, 16 . -- Corresp. com ita, Cic. Q. Fr. 2, 15, a, 4; Val. Max. 8, 1, 11; com item, Cic. Ac. 2, 34, 110; com eodem modo, id. Fin. 2, 26, 83; com adaeque, Liv. 4, 43, 5. Além disso, essa palavra é usada para dar “exemplo” de algo, para que o ouvinte tenha uma ideia da similaridade, como “introduzindo exemplos; como por exemplo: quemadmodum C. Caesar inquit, Quint. 6, 3, 75 ; 2, 5, 20; 8, 6, 56; 9, 2, 36 al.: quemadmodum si, Dig. 8, 3, 20, §”. (Charlton T. Lewis, Charles Short, A Latin Dictionary) Com isso, observamos mais algo que nos liga ao sentido das palavras do anjo, se referindo a maneira, a similaridade com que a ida de Cristo no século I, teria com a sua volta no futuro.
(2) À medida que a nuvem o arrebatava, ele se tornava invisível aos olhos humanos. O relato de Atos mostra que a ascensão dele foi sem ostentação ou pompa, discernida apenas por uns poucos seguidores fiéis, e isto só na parte inicial da ascensão. O mundo em geral não ficou ciente do que aconteceu.
(3) No versículo 9, fala-se de “uma nuvem” que arrebatara Cristo aos céus. O que é indicado por “nuvens”? Invisibilidade. Quando um avião está numa densa nuvem ou acima das nuvens, as pessoas na terra geralmente não o veem, embora possam ouvir o barulho dos motores, e consigam concluir que, apensar de não estarem vendo, percebem que é um avião passando. Deus disse a Moisés: “Chego a ti numa nuvem escura.” Moisés não viu Deus, mas aquela nuvem indicava a presença invisível de Yehowah. (Êxo. 19:9; veja também Levítico 16:2; Números 11:25.) Assim foi também no caso de Jesus. Note que o relato diz que ele “foi elevado e uma nuvem o arrebatou para cima, fora da vista deles [Gr.: απο των οφθαλμων αυτων].” Não há qualquer variação textual na parte final desse versículo.
Levando em consideração estes três pontos básicos podemos dizer que Cristo teria uma volta invisível visto que ele mesmo declarou: “o mundo não me observará mais”. (Jo. 14:19) Não podemos afirmar, como alguns, que em João 14:19, ele estava falando que ninguém mais o veria “como homem”, que ele estava falando ali como homem, visto ser esse o argumento preferido para tentar justificar a razão de Jesus ter dito algo que venha a contradizer um dogma já pré-concebido. Note também que, concernente a sua volta, ele disse: “E então verão o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória.” (Lc 21:27) e nós já observamos que “nuvens” simbolizam invisibilidade, a mesma linguagem veterotestamentária. Também nós vimos que a sua ascensão foi vista apenas pelos seus seguidores fiéis, que o mundo, em especial seus inimigos, não estavam a par do que estava acontecendo. Da mesma forma, observamos que a sua segunda volta seria:
(1) Invisíveis aos olhos literais. Assim como os discípulos, nós observamos com os olhos da fé, Cristo presente como Rei reinante no meio dos seus inimigos.
(2) De maneira discreta. Assim como no caso dos discípulos de Jesus que observaram ele partir, hoje apenas os discípulos fiéis de Cristo conseguem ver, pelos olhos espirituais, que também é o sentido do verbo grego (Ver Lexicografia Completa de Joseph Henry Thayer sobre o verbo), o presente Jesus Cristo como Rei reinante. Os inimigos de Cristo não observaram ele partir, como também hoje não observam Ele reinando, presente.
(3) O que deve se levar em conta é que essa volta aqui, mencionada pelo anjo, não se refere à sua volta para executar seu julgamento como Rei. Em sua volta como Executor dos Julgamentos Divinos, nesse caso, todos, de fato, contemplarão literalmente “sinais nos céus”, e perceberam, depois de tanto que o verdadeiro cristianismo pregou, que chegou o Dia do Julgamento de Deus. Nessa vinda mencionada pelos anjos, Jesus volta, pela segunda vez, a sua atenção para os assuntos na terra, apoiando a obra de Evangelização, e nós bem que vemos, ou percebemos, que Ele está no nosso meio, reinando, e liderando a congregação cristã, e nos dirigindo aos que são semelhantes a ovelhas, e sedentos da verdade divina. Jesus foi enquanto estava entre os seus discípulos, que naquela ocasião, constituiria a primitiva congregação cristã, assim como ele voltou entre os da moderna Congregação Cristã do Israel de Deus.
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Notas:
[1] Ver comentário sobre a expressão “todo olho o verá”. (Ap. 1:7)