Comentário de Jó 1:6-12

b) O céu principia a turbar-se (Jó 1.6-12)
Estamos perante um dramático concílio celestial no qual aparecem os filhos de Deus (6), isto é, os anjos, incluindo Satanás. Não se procure aqui a bem elaborada doutrina que, a respeito de Satanás, nos apresenta a teologia ortodoxa. Satanás não aparece como anjo caído mas como anjo que tem frequente acesso ao céu (Jó 1.6; Jó 2.1). O nome Satanás (6) é precedido de artigo no original e certo tradutor verte "o adversário". As afetuosas palavras de louvor que Deus profere em relação ao Seu servo (cf. Sl 149.4) provocam logo a diabólica pergunta: Porventura teme Jó a Deus debalde? (9). Os bens materiais que o rodeiam e põem a sua vida ao abrigo de dificuldades são, segundo Satanás, uma explicação suficiente para a sua piedade. Tirem-se-lhe os bens, e a piedade desaparecerá. Resume-se no seguinte a satânica acusação: a prosperidade material não é um elemento de acréscimo para a fé de Jó mas a própria raiz dessa fé. A destruição da raiz seria a morte da flor. Deus aceita o desafio (12) mas o teatro de investigações não deve ir além das possessões de Jó, não deve estender-se à sua pessoa. Está pronto o palco no qual se desenrolará o drama a que iremos assistir e que é, afinal, todo o livro de Jó.



Fonte: Bible Commentary de John W. Scott