Comentário de Jó 2:9-13

e) Reações à tempestade (Jó 2.9-13)

1. A Mulher de Jó (2:9-10): A perda da família, dos bens e por último da saúde do marido, arruina por completo a sua fé. Aconselha Jó a amaldiçoar a Deus mesmo que o castigo da blasfêmia seja a morte. A morte é preferível ao terrível estado em que vive. Assim se afunda, para Jó, mais uma coluna a que a sua fé poderia amparar-se. Já não pode contar com a solidariedade espiritual da mulher na violenta luta em que se empenha a sua fé. Resolutamente põe de lado a sugestão. Só os impiedosos a poderiam aceitar. Curva-se perante a soberana vontade de Deus e recebe, das Suas mãos, tanto a dádiva como a privação, tanto a carícia como o golpe. “Seja feita a Tua vontade” são palavras que Jó poderia ter proferido com uma intensidade de sentido nem sempre presente na oração cristã.

2. Os amigos de Jó (2.11-13). Nem sempre se faz justiça aos amigos de Jó. A expressão “amigo de Jó” tem para nós um sentido fortemente pejorativo. Mas lembremo-nos de que quando a tempestade desabou sobre Jó - tempestade que pôs em fuga uma multidão de amigos só para os dias bons - esses homens foram leais à sua amizade. Eles haviam conhecido a alegria e a prosperidade de Jó e com ele se haviam regozijado; com ele agora haviam de chorar. O aspecto desfigurado do amigo enchia-os de angústia. Sete dias e sete noites o acompanharam em absoluto silêncio - um silêncio tecido de simpatia e de comunhão - prova iniludível do alto quilate da sua amizade. Esse ministério de silêncio foi para Jó um bálsamo que as palavras destruiriam depois (cfr. Jó 13.5). Meditem nisto todos os que procuram confortar corações angustiados.



Fonte: Bible Commentary de John W. Scott