João 3:3 — Comentário de John Gill

Jesus respondeu e disse a ele,... Não por qualquer pergunta expressa por Nicodemos; a menos que possa ser pensado que uma pergunta dessa natureza pudesse ser feita, o que é o reino de Deus, tanto falado em seu ministério? E o que é necessário para vê-lo e desfrutá-lo? Embora não registrado pelo evangelista; mas, antes para as palavras de Nicodemos, concluindo de seus milagres, que ele era o Messias; e que o reino de Deus estava agora se aproximando, ou o mundo por vir, que os Judeus tanto falavam; e que todo Israel, de acordo com o pensamento deles, teria uma parte; [1] e cuja opinião nosso Senhor, nas seguintes palavras, parece se opor:

Em verdade, em verdade eu te digo, a menos que um homem nasça de novo, ele não pode ver o reino de Deus;... Nicodemos, de acordo com o sentido geral da nação, acreditava que quando o Messias chegasse, e seu reino fosse estabelecido, eles todos deviam compartilhar com ele; sendo eles descendentes de Abraão, e tendo ele por seu pai: mas Cristo lhe afirma categoricamente que ele devia “nascer de novo”; em distinção e oposição ao primeiro nascimento por natureza; em que ele era vil, poluído, carnal e corrupto, sendo concebido em pecado, e formado em iniquidade, e era um transgressor no ventre, e por natureza um filho da ira; e em oposição ao descendente de Abraão, ou tendo nascido de novo, e de sua semente; porque isso não seria de nenhuma valia para ele nesse caso, nem daria nenhum direito a ele aos privilégios e ordenanças do reino de Deus, ou a Dispensação do Evangelho; veja Mateus 3:9; como também ao nascimento no proselitismo; porque os Judeus tinham um ditado frequente [2] dizendo que:

“Um que é feito proselito, כקטון שנולד דמי, “é como um filho recém-nascido.”

O qual eles entendem, não em um sentido espiritual, mas em um sentido civil; tais sendo livres de relações naturais e civis, e de todas as obrigações para com pais, e mestres,[3] & c. E por esta frase quer dizer nosso Senhor, que nenhum homem, ou como homem, ou como um filho de Abraão, ou como um prosélito para a religião judia, pode ter algum verdadeiro conhecimento, ou prazer do reino de Deus, a menos que ele nasça novamente; ou seja, regenerado e estimulado pelo Espírito de Deus; renovado no espírito da sua mente;[4] tendo o Cristo formado no seu coração; tornando-se um participante da natureza divina; e sob todos os aspectos de uma nova criatura; e um outro em coração, em princípio, em prática, e conduta; ou a menos que ele nasça “de acima”, como a palavra é vertida em João 3:31; quer dizer, por um poder sobrenatural, tendo a imagem divina estampada nele; e sendo chamado com uma chamada divina, até mesmo com a chamada alta de Deus em Cristo Jesus,: se este não for o caso, um homem não pode ter nenhum verdadeiro conhecimento do reino do Messias que não é um temporal e carnal; não é deste mundo, nem vem com observação; nem ele pode ter qualquer direito às suas ordenações, que são de uma natureza espiritual; e muito menos pode ser pensado que ele tem qualquer verdadeira noção, ou ser possuído do reino da graça que faz em retidão, paz, e alegria no Espírito Santo; ou em ter uma aproximação a Ele, ou um direito para com o reino de glória: embora pelas palavras seguintes pareçam ser vertidas por “novamente”, ou uma segunda vez, como é por Nounus.

Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible
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Notas:
[1] Misn. Sinédrio, c. 11. sect. 1. [2] T. Bab. Yebamot, fol. 22. 1. 48. 2. 62. 1. & 97. 2. [3] Vid. Maimon. Issure Bia, c. 14. sect. 11. & Eduth, c. 13. sect. 2.[4] Cf. Efésios 4:23. N do T.