Comentário de Malaquias (Part. 5)

Livro de Malaquias
Tema: O dia que arde como fornalha
Texto Base: “Eis que vem o dia que arde como fornalha.” — Malaquias 4:1.

Nestes últimos dias, felizes são aqueles cujo nome Deus decide escrever no seu livro de recordações. Mas, que dizer daqueles que não se habilitam para este privilégio? Quer sejam governantes, quer apenas pessoas comuns, o que lhes acontecerá se tratarem com desprezo os pregadores do evangelho do Reino de Deus?

Malaquias fala dum dia de ajuste de contas. Lemos no capítulo 4, versículo 1: “‘Pois, eis que vem o dia que arde como fornalha, e todos os presunçosos e todos os que praticam a iniquidade terão de tornar-se como restolho. E o dia que virá certamente os devorará’, disse Yehowah dos exércitos, ‘de modo que não lhes deixará nem raiz nem galho’.”

Também outros profetas comparam o julgamento das nações feito por Yehowah com o calor abrasador duma fornalha. Quão aptamente Ezequiel 22:19-22 se aplica ao julgamento, por Deus, das seitas da cristandade apóstata! O texto reza: “Assim disse o Soberano Senhor Yehowah: ‘Visto que todos vós vos tornastes como muita escória, portanto, eis que vos reúno . . . Assim como se reúne prata, e cobre, e ferro, e chumbo, e estanho no meio do forno de fundição, para soprar sobre ele com fogo para que seja fundido, assim os reunirei na minha ira e no meu furor, e vou soprar e fazer que sejais fundidos. E vou reunir-vos e soprar sobre vós com o fogo da minha fúria, e tereis de ser fundidos no meio dela. Assim como se funde prata dentro de um forno de fundição, assim vós sereis fundidos no meio dela; e tereis de saber que eu mesmo, Yehowah, derramei sobre vós o meu furor.’”

Deveras uma impressionante ilustração! Os clérigos que se têm escusado a usar o nome de Yehowah, até mesmo blasfemando este santo nome, terão de enfrentar este dia de ajuste de contas. Eles afirmam presunçosamente que serão eles e seus aliados políticos que estabelecerão o Reino de Deus na terra, ou que pelo menos transformarão a terra num lugar apropriado para o Reino.

A cristandade apóstata juntou-se a governantes políticos em travar guerras terríveis. A História registra as Cruzadas dos tempos medievais, as conversões forçadas da Inquisição Espanhola, a Guerra dos Trinta Anos que dizimou a Europa no século 17, e a Guerra Civil Espanhola da década de 1930, travada para tornar a Espanha segura para o catolicismo. O maior derramamento de sangue ocorreu nas duas guerras mundiais de nosso século, quando católicos e protestantes se empenharam numa matança irrestrita, indiscriminada, de concrentes, bem como dos de outras religiões. Mais recentemente, tem havido lutas assassinas entre católicos e protestantes na Irlanda, entre facções religiosas na Índia e entre grupos religiosos da antiga Iugoslávia. As páginas da história religiosa também estão manchadas de sangue pelo martírio de milhares de testemunhas fiéis de Deus. — Apocalipse 6:9, 10; Hebreus 12:1

Não podemos deixar de reconhecer a justiça de Deus em executar em breve Babilônia, a Grande, o sistema mundial de toda forma de religião falsa, junto com seus apoiadores. Esta execução é descrita em Apocalipse 18:21, 24: “Um anjo forte levantou uma pedra semelhante a uma grande mó e lançou-a no mar, dizendo: ‘Assim, com um lance rápido, Babilônia, a grande cidade, será lançada para baixo, e ela nunca mais será achada. Sim, nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra.’”

Com o tempo, todos os inimigos da justiça, e aqueles que os apóiam, “terão de tornar-se como restolho”. O dia de Yehowah arderá entre eles como uma fornalha. “Não lhes deixará nem raiz nem galho.” Naquele dia de ajuste de contas, as crianças pequenas, ou galhos, serão tratadas com justiça segundo a avaliação que Deus faz das suas raízes, seus pais, que detêm a guarda desses filhos. Os pais iníquos não terão posteridade para perpetuar seu proceder iníquo. Mas aqueles que exercem fé na promessa de Deus, de estabelecer o Reino, não serão abalados. Por isso, Hebreus 12:28, 29, exorta: “Continuemos a ter graça imerecida, por intermédio da qual podemos prestar a Deus serviço sagrado aceitável, com temor piedoso e com espanto reverente. Porque o nosso Deus é também um fogo consumidor.”

Significa isso que Yehowah é um Deus cruel e vingativo? Longe disso! O apóstolo declara uma verdade fundamental em 1 João 4:8: “Deus é amor.” Daí, no versículo 16 , ele dá mais ênfase: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em união com Deus, e Deus permanece em união com ele.” É por causa do seu amor à humanidade que Yehowah tem o propósito de eliminar da terra toda a iniquidade. Nosso amoroso e misericordioso Deus declara: “Assim como vivo, . . . não me agrado na morte do iníquo, mas em que o iníquo recue do seu caminho e realmente continue vivendo. Recuai, recuai dos vossos maus caminhos, pois, por que devíeis morrer?” — Ezequiel 33:11.

João menciona agápe, o amor segundo princípios, mais vezes do que os outros três escritores dos Evangelhos juntos, mas, em Marcos 3:17, o próprio João é descrito como ‘Filho do Trovão’. Foi por inspiração da parte de Deus que este Filho do Trovão escreveu as mensagens apocalípticas no último livro da Bíblia, Apocalipse, que retrata a Yehowah como o Deus que executa a justiça. Este livro está cheio de expressões de julgamento, tais como o “grande lagar da ira de Deus”, “as sete tigelas da ira de Deus” e o “furor de Deus, o Todo-poderoso”. — Apocalipse 14:19; 16:1; 19:15.

Nosso Senhor Jesus Cristo, que é “a imagem do Deus invisível”, declarou destemidamente os julgamentos de Deus enquanto estava na terra. (Colossenses 1:15) Por exemplo, há os sete ais no capítulo 23 de Mateus, que ele proclamou francamente contra os hipócritas religiosos dos seus dias. Ele concluiu esta sentença condenatória com as seguintes palavras: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas! Mas vós não o quisestes. Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” Trinta e sete anos mais tarde, o julgamento foi executado pelo exército romano sob o comando do General Tito. Foi um dia terrível, profético do que mostrará ser o mais atemorizante dia em toda a história da humanidade — o dia de Yehowah, que irromperá em breve.

Deus informa que haverá sobreviventes ao seu dia. Menciona-os em Malaquias 4:2, dizendo: “Para vós os que temeis o meu nome há de brilhar o sol da justiça, com cura nas suas asas.” Este sol da justiça é o próprio Jesus Cristo. Ele é a espiritual “luz do mundo”. (João 8:12) Como brilha? Ele se levanta com cura nas asas — primeiro a cura espiritual, que já podemos ter hoje, e depois, no novo mundo vindouro, a cura física de pessoas de todas as nações. (Mateus 4:23; Apocalipse 22:1, 2) Conforme Malaquias diz, em sentido figurado, os curados ‘sairão e escavarão o solo como bezerros cevados’, que acabam de ser soltos do estábulo. Quanta alegria sentirão também os ressuscitados, que terão a perspectiva de alcançar a perfeição humana!

Mas, que dizer dos iníquos? Lemos em Malaquias 4:3: “‘Vós haveis de pisotear os iníquos, pois tornar-se-ão como poeira sob a sola de vossos pés no dia em que eu agir’, disse Yehowah dos exércitos.” Ao passo que protegerá os que o amam, nosso Deus-Guerreiro terá eliminado da terra esses inimigos tirânicos, aniquilando-os. Satanás e seus demônios terão sido restritos. — Salmo 145:20; Apocalipse 20:1-3.

Os do povo de Deus não participam na destruição dos iníquos. Então, como é que ‘pisoteiam os iníquos’? Fazem isso figurativamente por participar numa grande celebração de vitória. Êxodo 15:1-21 descreve uma celebração assim. Ela se seguiu à destruição de Faraó e das suas hostes no mar Vermelho. Em cumprimento de Isaías 25:3-9, à eliminação dos ‘tirânicos’ seguir-se-á um banquete de vitória, relacionado com a promessa de Deus: “Ele realmente tragará a morte para sempre, e o Soberano Senhor Yehowah certamente enxugará as lágrimas de todas as faces. E de toda a terra ele tirará o vitupério de seu povo, pois o próprio Yehowah falou isso. E naquele dia certamente se dirá: ‘Eis! Este é o nosso Deus. . . . Este é Yehowah. Pusemos nossa esperança nele. Jubilemos e alegremo-nos na salvação por ele.’” Esta alegria não é vingativa nem jactanciosa, mas é exultação pela santificação do nome de Deus e pela purificação da terra para a habitação pacífica da humanidade unida.