Comentário de Tito 1:1

Paulo, servo de Deus,... Assim como Tiago se qualifica, Tiago 1:1, e outros apóstolos, como Pedro e Judas, se chamam de servos de Jesus Cristo; assim faz o apóstolo Paulo; e ambos parecem ser estimados por eles como uma alta característica e título de honra, pelas quais eles escolhem ser descritos e conhecidos. Paulo, antes de sua conversão, era um servo do pecado, e de vários desejos e prazeres, e ele mesmo menciona isso nessa epístola, Tit 3:3, mas sendo chamado pela graça, ele se tornou livre do julgo do pecado, e se tornou um servo de Deus, e da justiça; e, portanto, de um princípio da graça, e sendo persuadido pelo amor, serviu o Senhor, e foi obediente as suas ordens e mandamentos, com toda a prontidão e alegria: embora seu caráter pertença a ele no mais alto sentido do que nos crentes em comum; e diz respeito ao seu serviço ministerial, ou no seu serviço a Deus no Evangelho de seu filho; no qual ele, e os outros, eram sem dúvidas os servos do excelentíssimo Deus, cuja obra jaz em mostrar aos homens o caminho da salvação.

E apóstolo de Jesus Cristo: Constituído, qualificado, e enviado por ele para pregar o Evangelho; e que tinha sua missão, comissão, e doutrina; e era Seu embaixador, que O representava, e pregava sobre Ele; e que tinha o poder de operar milagres para confirmar sua missão e ministério; e tinha todos os sinais de um apóstolo nele; veja notas do Dr. Gill sobre Rom 1:1.

E de acordo com a fé dos eleitos de Deus: O que pode tanto denotar acordo que havia entre o ministério do apóstolo, e a fé dos escolhidos e eminentes santos de Deus, debaixo da primeira dispensação; dizendo ele nada a não ser as coisas ditas por Moisés e outros profetas; e lançando nenhuma outra fundação de salvação do que já fora lançada, e que, portanto, fora chamado a fundação dos apóstolos e profetas; para dirigir as almas à retidão, sacrifício, e sangue de Cristo, o Cordeiro morto desde a fundação do mundo, a fé que os santos do Antigo Testamento tinham, e por cuja graça eles foram justificados, foram perdoados, e foram salvos, como somos: senão a forma e maneira em que ele tornou-se um apóstolo; era "por, em, ou pela fé dos eleitos de Deus", como a versão Siríaca a verte; ele foi escolhido de Deus, e trazido como tal para acreditar em Cristo, e então chamado para ser apóstolo: Ou antes, isto pode se referir à finalidade do seu apostolado, e ser traduzido, "para a fé do eleito de Deus"; isso é, ou ele foi designado para ser um apóstolo, para pregar a doutrina da fé, que uma vez ele destruía, e que é apenas uma, e é comum a todo o eleito, e o que comumente é recebido, e é abraçado pelo eleito de Deus, em todas as eras; ou ser um meio e instrumento de trazer o eleito de Deus a essa fé em Cristo, que é peculiar a eles; veja Rom 1:5. Há algumas pessoas que são classificadas como eleitos de Deus; estes não são todos os homens, alguns são vasos de ira próprios para a destruição, homens ímpios, predestinados à condenação e abandonados para acreditar na mentira, que eles talvez sejam malditos; nem os judeus apenas, nem todos eles, porque embora, como uma nação, eles fossem escolhidos, acima de todos os outros, com muitos privilégios externos, mas eles não foram escolhidos a graça especial, e glória eterna; só um restante, de acordo com a eleição da graça: Mas estes são alguns de ambos, judeus e Gentios; alguns de cada língua, povo, e nação; estes foram escolhidos em Cristo de eternidade, e são os objetos peculiares do afeto e cuidado de Deus, a quem ele chama, justifica, e glorifica: e há uma "fé" especial que pertence a estes; que é um olhar espiritual em Cristo, uma ida a ele, apêgo a ele, e confiança nele para a salvação; e esta fé é peculiar ao eleito de Deus; nem todos os homens a têm, e esses que a têm, a têm pela dádiva de Deus; nem ela é dada a qualquer pessoa, mas apenas aos escolhidos. A razão dos judeus não acreditarem em Cristo era porque eles não eram deste número, João 10:26. E esta fé é assegurada a eles por sua eleição; eles são escolhidos a isso, e através da salvação; acreditam por consequência, e em virtude dela; e certamente obtêm-na em todas as eras, assim como retidão, vida, e salvação; e que é pela qual eles são conhecidos como os eleitos de Deus: e o apóstolo a menciona nesta forma, e maneira, para distingui-la de outra fé; a fé dos demônios, e dos reprovados, e a fé histórica e temporal dos hipócritas, e professores nominais.

E o conhecimento da verdade;... Pelo que podemos entender como se referindo ao Evangelho, frequentemente chamado de a verdade, e a palavra da verdade; em distinção daquilo que é obscuro, as cerimônias da lei; e em oposição ao que é falso, vindo ela do Deus da verdade, concernente a Cristo, que é a verdade; e contêm nada, a não ser a verdade, e o que é dirigido para dentro pelo Espírito da verdade. Agora pregar, espalhar, e defender essa fé foi o apóstolo constituído no seu ofício como tal; e que ele pregou com toda clareza e fidelidade, trazendo as almas a um conhecimento espiritual e experimental dele, e então a um reconhecimento e aceitação pública, professando essa fé:

Que é segundo a piedade;... O evangelho é a doutrina de acordo com a piedade; as verdades dela têm uma influência, tanto na piedade interna e externa; elas dirigem e promovem a adoração e temor de Deus, e a uma religiosidade, justiça, sobriedade, e vida piedosa e conduta.


Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible