Erasmo (Part. 2)

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Erasmo nasceu em Roterdã, Países-Baixos, em 1466. Era filho ilegítimo de um padre holandês e foi muito infeliz na infância. Sua mãe morreu quando ele tinha cerca de dezessete anos, e logo depois morreu seu pai. Embora desejasse ir para uma universidade, finalmente cedeu à pressão de seus tutores e entrou para o convento dos agostinianos em Steyn. Ali dedicou-se aos estudos do latim, dos clássicos e dos padres da igreja. Logo, porém, passou a detestar esse modo de vida. Portanto, aos vinte e seis anos, aproveitou a oportunidade de deixar o convento para tornar-se secretário do bispo de Cambraia, Henry de Bergen, na França. Pouco depois, pôde prosseguir com seus estudos na universidade de Paris. Mas, ficava doente com freqüência, e durante toda sua vida teve saúde fraca.

Em 1499, aceitou um convite para visitar a Inglaterra. Ali encontrou-se com Tormás More, João Colet e outros teólogos de Londres, encontro esse que fortaleceu sua decisão de aplicar-se aos estudos bíblicos. Para compreender melhor a mensagem da Bíblia, aplicou-se intensamente ao estudo da língua grega, a ponto de poder ensiná-la a outros.

Durante esse tempo, escreveu um tratado intitulado Manual do Soldado Cristão, em que aconselhava o cristão jovem a estudar a Bíblia, dizendo: “Não há nada em que você possa crer com mais certeza do que aquilo que você lê nesses escritos.”

Entre a luta para sobreviver com os seus recursos, por causa de falta de dinheiro, e os esforços para escapar da peste, Erasmo encontrou-se em Louvain, Bélgica, em 1504. Ao visitar o convento de Parc, descobriu na biblioteca um manuscrito das Anotações Sobre o Novo Testamento do erudito italiano Lourenço Valla. Essa coleção de notas sobre o texto da Vulgata Latina do N.T despertou seu interesse na crítica textual, que envolve uma comparação de versões e manuscritos antigos da Bíblia para se determinar o texto original. Erasmo ficou resolvido a trabalhar pela restauração do texto original da Bíblia.

Daí, Erasmo visitou a Itália e depois partiu novamente para a Inglaterra. Ao atravessar os Alpes, refletiu outra vez no seu encontro com Tomás More, e, ponderando no significado do nome dele (moros, palavra grega para “louco”), sentiu-se induzido a escrever uma sátira que chamou de Elogio da Loucura. Nela, a loucura é personificada e penetra em todas as esferas da vida, mas em nenhuma outra parte a loucura se evidencia tanto como entre os teólogos e o clero. Dessa maneira ele expôs os abusos do clero, uma das próprias causas da Reforma, que então estava a ponto de estourar. “Quanto aos papas”, escreveu ele, “se eles afirmam ser sucessores dos Apóstolos, deviam tornar em consideração que são exigidas deles as mesmas coisas que foram praticadas por seus predecessores”. Mas, em vez disso, observou ele, acham que “ensinar as pessoas é trabalhoso demais; interpretar a escritura é invadir a prerrogativa dos escolásticos; orar é fútil demais”. Não é de admirar que se dizia que Erasmo tinha “excelente capacidade de expressão”!