A inspiração da Bíblia (Part. 15)

Os profetas do Antigo Testamento e seus Escritos: Os escritores do Antigo Testamento eram profetas. Todos os autores tradicionais do Antigo Testamento são denominados profetas, seja como título, seja como função. Nem todos eram profetas por ter estudado para isso, mas todos possuíam o dom da profecia. Assim confessou Amos: "... Eu não era profeta, nem filho de profeta [...]. Mas o Senhor [...] me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel" (Am 7.14,15). Davi, a quem se atribui a criação de quase metade dos salmos, exercia a função de rei. No entanto, assim testificou esse rei: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha boca" (2Sm 23.2). O Novo Testamento acertadamente o denomina profeta (At 2.30). De modo semelhante, o rei Salomão, autor dos livros de Cântico dos Cânticos, Provérbios e Eclesiastes, teve visões da parte do Senhor (1Rs 11.9). De acordo com Números 12.6, as visões eram um meio de Deus mostrar ao povo quem eram seus profetas. Embora Daniel fosse estadista, o próprio Senhor Jesus o denominou profeta (Mt 24.15). Moisés, o grande legislador e libertador de Israel, é denominado profeta (Dt 18.15; Os 12.13). Josué, sucessor de Moisés, era considerado profeta de Deus (Dt 34:9). Samuel, Natã e Gade foram profetas que escreveram (1Cr 29.29), da mesma forma que Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores. Manteve-se um registro oficial dos escritos proféticos. Comprovadamente não há registros de escritos não-proféticos conservados a par da compilação sagrada, que teve início com a lei de Moisés. Parece que houve continuidade de profetas, e cada um acrescentava seu próprio livro aos escritos proféticos anteriores. Moisés guardou seus livros ao lado da arca.

A respeito de Josué está escrito que acrescentou seu livro à compilação existente (Jos 24.26). Seguindo-lhe os passos, Samuel acrescentou suas palavras à compilação profética, pois a seu respeito está escrito: "E escreveu-O num livro, e o pôs perante o Senhor" (1Sm 10.25). Samuel fundou uma escola de profetas (1Sm 19.20), cujos alunos mais tarde se chamariam "filhos dos profetas" (2Rs 2.3). Existem inúmeros testemunhos nos livros dás Crônicas segundo os quais os profetas guardavam com cuidado as histórias. A história de Davi havia sido escrita pelos profetas Samuel, Natã e Gade (1Cr 29.29). A história de Salomão foi registrada por Natã, Aías e Ido (2Cr 9.29). O mesmo aconteceu no caso das histórias de Roboão, de Josafá, de Ezequias, de Manasses e de outros reis (v. 2Cr 9.29; 12.15; 13.22; 20.34; 33.19; 35.27). Na época do exílio babilônico, no século VI a.C, Daniel se referiu à compilação de escritos proféticos dando-lhe o nome de "livros" (Dn 9.2). De acordo com Ezequiel (13.9), havia um registro oficial dos verdadeiros profetas de Deus. Todo aquele que transmitisse profecias falsas era excluído do rol oficial. Só os verdadeiros profetas de Deus eram oficialmente reconhecidos, e só os escritos desses profetas eram guardados ao lado dos escritos inspirados. Desde os tempos mais remotos de que temos registro, todos os 39 livros do Antigo Testamento já compunham esse acervo de escritos proféticos. Voltaremos a esse assunto posteriormente (v. caps. 7 e 8).