A inspiração da Bíblia (Part. 16)

Reivindicações específicas do Antigo Testamento a favor de sua inspiração: A inspiração do Antigo Testamento não se baseia meramente numa análise genérica dessa parte da Bíblia como escrito profético. Há numerosas reivindicações, nas páginas de cada livro, especificamente sobre sua origem divina. Examinemos tais reivindicações de acordo com a divisão aceita atualmente dos livros do Antigo Testamento em lei, profetas e escritos. A inspiração da lei de Moisés. De acordo com Êxodo 20.1: "Então falou Deus todas estas palavras...". Essa afirmativa de que Deus falou algo a Moisés se repete dezenas de vezes em Levítico (e.g., 1.1; 8.9; 11.1). O livro de Números registra incontáveis vezes:"... o Senhor falou a Moisés..." (e.g., 1.1; 2.1; 4.1). Deuteronômio acrescenta:"... falou Moisés aos filhos de Israel, conforme tudo o que o Senhor lhe ordenara a respeito deles..." (1.3). O resto do Antigo Testamento declara em uníssono que os livros de Moisés foram outorgados pelo próprio Deus. Josué impôs imediatamente os livros da lei ao povo de Israel (1.8). Juízes refere-se aos escritos de Moisés como "mandamentos do Senhor" (3.4). Samuel reconheceu que Deus havia nomeado a Moisés líder do povo (1Sm 12.6,8). Nas Crônicas, os registros mosaicos são tidos por "livro da lei do Senhor, dada por intermédio de Moisés" (2Cr 34:14). Daniel diz que a maldição escrita na lei de Moisés é "o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus [...]. Ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós..." (Dn 9.11,12). Até mesmo em Esdras e em Neemias existe o reconhecimento da lei de Deus dada a Moisés (Ed 6.18; Ne 13.1). O consenso unânime do Antigo Testamento é que os livros de Moisés foram outorgados pelo próprio Deus.

A inspiração dos profetas: Segundo a atual divisão do Antigo Testamento, feita pelos judeus, os livros dos profetas abrangem os antigos profetas (Josué, Juizes, Samuel e Reis) e os profetas posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores). Também esses vindicam autoridade divina. "Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus" (Js 24.26). Deus falou aos homens em Juízes (1.1,2; 6.25) e em Samuel (3.11), que falou e escreveu a todo Israel (4.1, cf. 1Cr 29.29). Os profetas posteriores trazem inúmeras vindicações de inspiração divina. A célebre expressão "assim diz o Senhor", com que encetam suas mensagens, ocorre centenas de vezes. De Isaías até Malaquias, o leitor é literalmente bombardeado por expressões reveladoras da autoridade divina. Sob o aspecto cronológico, o Antigo Testamento se encerra nessa seção, conhecida por profetas, não havendo testemunhos posteriores no Antigo Testamento sobre a inspiração dessa parte da Bíblia. No entanto, há referências dentro dos profetas a outros autores proféticos que escreveram seus livros em época anterior. Daniel considerou o livro de Jeremias inspirado (Dn 9.2). Esdras reconheceu a autoridade divina de Jeremias (Ed 1.1), bem como a de Ageu e a de Zacarias (Ed 5.1). Numa passagem de grande importância, Zacarias refere-se à inspiração divina de Moisés e dos profetas que o precederam, dizendo que seus escritos eram "palavras que o Yehowah dos exércitos enviara pelo seu Espírito mediante os profetas que nos precederam" (7.12). Esses versículos eliminam toda dúvida quanto ao fato de os livros que estão na seção das Escrituras judaicas conhecida como profetas apresentarem ou não a vindicação de inspiração divina.