Introdução à Carta de Paulo aos Efésios

Introdução

A Carta aos Efésios já tem sido apresentada por vários teólogos e estudiosos do Novo Testamento como sendo a rainha das epístolas paulinas, tanto por sua beleza expressa quanto pela sublimidade espiritual na qual coloca o crente que a lê. Não havia uma circunstância específica nem qualquer controvérsia que provocasse a necessidade dessa carta. Ela é abrangente e com sentido universal, porque se tem a impressão de que Paulo a escreveu para todas as igrejas locais que resultaram de seu trabalho missionário. Como disse certo escritor, "ela tem uma qualidade quase meditativa".

1. LUGAR

Éfeso era uma próspera cidade, perto de porto marítimo na Ásia Menor. Era uma colônia romana na costa ocidental e constituía-se rota obrigatória de caravanas para o Oriente. De Éfeso, partiam estradas que davam acesso às grandes cidades pertencentes àquela província. A cidade estava situada a quatro quilômetros de distância do mar Egeu, junto ao rio Caister, naquele tempo navegável e com saída para o mar.

Devido à sua posição geográfica, Éfeso era ponto estratégico, no sentido religioso e territorial. Religiosamente, era uma cidade paga, e destacava-se nela a imagem do templo de Artemis, deusa também conhecida como "a grande Diana dos efésios". A vida cotidiana do povo era grandemente influenciada pela adoração desse ídolo. A indústria e o comércio, e mesmo o lazer popular, encontravam em Artemis sua grande inspiração.

Geograficamente, Éfeso tornou-se ponto estratégico também para o trabalho missionário de Paulo na Ásia.

Hoje, restam apenas ruínas daquela que chegou a ser uma grande metrópole e capital de província. Ruínas que ficaram como mostruário, por exemplo, da Via Arcadiana, toda pavimen¬tada de mármore e com quinhentos metros de extensão; do teatro romano para 25 mil lugares; de um estádio para jogos; e do templo de Artemis, entre outros.

2. DATA

Não há uma data específica, mas provável para o período em que foi escrita a carta. Talvez tenha sido entre 61 e 63 d.C, quando o apóstolo estava preso em Roma; por isso, a carta é considerada uma das "cartas da prisão". No ano 64, ocorreu o incêndio de Roma, e, provavelmente, na primavera de 63, Paulo foi liberto da prisão.

3. DESTINATÁRIOS

A quem escreveu Paulo essa carta? Foi realmente aos efésios? Ou teria sido à igreja de Laodicéia, ou quem sabe à de Colossos?

Essa questão tem sido levantada através dos séculos pelos críticos. Entretanto, os exegetas modernos têm apresentado vários problemas quanto à destinação da epístola, com base num trecho do primeiro versículo (Ef 1.1) que diz: "aos que estão em Éfeso" (grifo nosso). O ponto central é que a expressão "em Éfeso" não se encontra na maioria dos manuscritos mais antigos, ou seja, Paulo parece ter omitido a localização geográfica de seus destinatários. Outra dificuldade apontada pelos críticos modernos são dois textos dentro da epístola que dão a idéia de que Paulo tivesse tido pouca familiaridade com os efésios. O tom distante com que ele fala sobre ter "ouvido" acerca da fé de seus leitores (1.15), e sobre o terem eles "ouvido" falar de seu ministério (3.2), dá a impressão de ter escrito para outra igreja.

Seria Laodicéia que a recebeu? Essa igreja tem sido apontada por estudiosos como possível destinatária da carta, uma vez que certa tradição antiga a identifica como tal.

Alguns eruditos sugerem que os copistas dos manuscritos originais suprimiram Laodicéia por causa do que está escrito acerca dessa igreja em Apocalipse 3.14-22, e ainda que outros copistas teriam colocado Éfeso no lugar por causa da relação íntima que Paulo tinha com esta igreja. Entretanto, não é provável que tenha havido qualquer alteração; a maior probabilidade seria a de que a carta tinha um cunho circular, isto é, fora redigida para ser lida em várias igrejas locais da Ásia Menor próximas a Éfeso.

Cremos que o problema em torno do destinatário não afeta em nada o objetivo teológico e doutrinário da carta.

4. AUTORIA

Outro problema levantado, ainda que sem muito argumento, é quanto à autoria da carta. Um erudito norte-americano por nome E. J. Goodspeed apresentou a teoria de que o autor tenha sido algum cristão atuante e admirador do apóstolo Paulo. Sugeriu ainda o nome de Onésimo, o escravo convertido na prisão em Roma e que fora escravo de Filemom. Porém, não há nenhuma possibilidade de aceitação dessa idéia. A objeção interna levantada quanto à autoria paulina está na citação de algumas expressões que parecem não ser próprias de Paulo nem do seu estilo. Entretanto, as provas que afirmam a autoria paulina são mais fortes que as contra-argumentações, pois a Epístola aos Efésios conta com forte e notável confirmação histórica, não deixando dúvida alguma sobre a sua autoria. Paulo foi, realmente, o autor dessa maravilhosa carta. Tíquico, também ministro do Evangelho, foi o portador dessa e de outras cartas paulinas (Ef 6.21,22).

O ministério de Paulo em Éfeso foi muito próspero. Por mais de dois anos (At 19.8,10) ele andou e pregou livremente naquela região, aproveitando todas as oportunidades surgidas. Em Éfeso ele fez um contato mais direto com o povo da cidade, mais que em qualquer outro lugar. Lucas, o médico amado e autor de Atos dos Apóstolos, observador criterioso que era, notou esse fato quando afirmou: "... todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, tanto judeus como gregos" (At 19.10). Escreveu mais sobre aquela região, afirmando que a Palavra do Senhor crescia e prevalecia (At 19.20), e que o número dos que creram foi grande (At 19.26,27).



Fonte: Bible Exposition on the Epistle to the Ephesians.