O moderno cristianismo — quão genuíno é? (Part. 2)

ENVOLVIMENTO POLÍTICO: Cristo disse a respeito dos seus seguidores: “Não fazem parte do mundo, assim como eu não faço parte do mundo.” Ele declarou também diante de Pilatos: “Meu reino não faz parte deste mundo. . . . Meu reino não é desta fonte.” — João 17:16; 18:36.

Na antiga Roma, a política e a religião estatal estavam bem entrelaçadas. Como reagiram os primitivos cristãos diante dessa situação? A Encyclopaedia Britannica explica: “Os cristãos dos primeiros três séculos se voltaram decisivamente contra a religião estatal de Roma . . . Os cristãos consideravam-se cidadãos da vindoura cidade celestial, peregrinos e estranhos na terra . . . membros do Reino de Deus . . . que estava dissolvendo seus vínculos com este mundo passageiro, e desse modo também com a ordem política.”

Qual é a situação do moderno “cristianismo” com respeito à política? Está completamente dividido. Praticamente cada partido político existente possui clérigos que tomam o seu lado, desde sacerdotes católicos que apóiam o comunismo na Espanha e na América Latina até pastores protestantes” que servem no parlamento britânico ou se identificam com a ala política, direitista, nos Estados Unidos. O registro de submissão servil dos clérigos, com poucas exceções, ao nazismo e ao fascismo em décadas recentes, na Alemanha, na Itália e na Espanha, é bem conhecido pelos informados.

As fileiras da cristandade estão divididas e os fiéis estão separados quanto à lealdade política. O escritor e erudito espanhol do século 20, Miguel de Unamuno, estava absolutamente certo quando escreveu: “A pátria do cristão não é deste mundo.” “O cristianismo é apolítico.” Em contraste, o jornalista britânico Anthony Lejeune foi induzido a escrever: “O sacerdote político grassa . . . Se a igreja não tem nada mais a oferecer do que o mundo, por que ir à igreja?”

Também, que dizer dos títulos aduladores aplicados aos clérigos de muitas das igrejas? Jesus disse aos seus discípulos: “Não sejais chamados Rabi [“Meu grande; Meu excelente” — que lembra títulos eclesiásticos tais

como “Reverendo”, “Reverendíssimo”, etc.], pois um só é o vosso instrutor, ao passo que todos vós sois irmãos. Além disso, não chameis a ninguém na terra de vosso pai, pois um só é o vosso Pai, o Celestial.” (Mateus 23:8, 9) Isto torna claro que não se intencionava nenhuma distinção entre clérigos e leigos no genuíno cristianismo.

PREGAÇÃO DAS “BOAS NOVAS”: Jesus disse no seu Sermão do Monte: “Vós sois a luz do mundo. . . . Deixai brilhar a vossa luz perante os homens, para que vejam as vossas obras excelentes e dêem glória ao vosso Pai, que está nos céus.” — Mateus 5:14-16.

Este incentivo de brilhar em palavra e em ação é repetido nas seguintes palavras do apóstolo Paulo: “Por intermédio dele [Jesus], ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor, isto é, o fruto de lábios que fazem declaração pública do seu nome.” (Hebreus 13:15) O privilégio e o dever de pregar as “boas novas” cristãs cabe a cada seguidor de Cristo.

Será que os primitivos cristãos, como grupo, ‘faziam declaração pública do seu nome’? Ou foram imediatamente reprimidos pela imposição duma classe clerical, após a morte dos apóstolos? A seguinte citação da História da Religião Cristã e da Igreja Durante os Primeiros Três Séculos (em inglês), do Dr. Neander, deve responder a essa pergunta:

“Celso [século 2 E.C.], primeiro escritor contra o cristianismo, fez disso assunto de zombaria, isto é, que trabalhadores braçais, sapateiros, lavradores, homens menos informados e os mais exóticos, chegassem a ser pregadores zelosos do Evangelho.”

Faça a si mesmo agora as seguintes perguntas esquadrinhadoras: Incentiva minha religião a pregar minhas crenças cristãs, e me prepara ativamente para isso? Impele-me o espírito do meu cristianismo a ir aos lares de outros para encontrar os que precisam do verdadeiro cristianismo? Se a resposta for não, qual é a religião cristã que realmente cumpre essa ordem dada por Cristo? — Mateus 24:14; Atos 1:8; 1 Coríntios 9:16.

É VOCÊ GENUÍNO CRISTÃO?

É vital que cada pessoa que professa ser cristã responda afirmativamente a essa pergunta. Por quê? Porque a aprovação de Deus depende disso. O cristianismo não é apenas uma crença ou um rótulo, mas é um modo de vida. Reflete seu modo de vida o exemplo de Cristo? É sua prática religiosa coerente com a qualidade bíblica dos primitivos cristãos que acabamos de considerar?

O apóstolo Paulo convida-nos: “Examinai-vos a vós mesmos e vede se estais na fé. Provai-vos a vós mesmos.” (2 Coríntios 13:5, Lincoln Ramos) Para isso, convidamo-lo a examinar a breve lista a seguir, e ao mesmo tempo consultar na sua própria Bíblia os textos citados.

1. Adota lealdades nacionais ou políticas que causam divisões entre professos cristãos? — 1 Coríntios 1:10; João 18:36; Tiago 1:27

2. Como definiria o amor cristão? — 1 Coríntios 13:4-8.

3. Esforça-se a mostrar, na prática, verdadeiro amor ao próximo? Como? — Mateus 22:39; João 13:34, 35.

4. É bondoso, ternamente compassivo e perdoador para com os outros? — Efésios 4:31; Romanos 12:10.

5. Evita na vida diária a mentira, o roubo, a fraude e o uso de linguagem obscena e abusiva? — Efésios 5:3-5; 4:25-31.

6. Está inclinado a considerar a moralidade sexual como de pouca importância? — Marcos 7:20-23.

7. Tem a tendência de se exceder no comer e no beber? — Provérbios 23:20, 21; Efésios 5:18

8. Procura transmitir a outros a verdadeira fé cristã por palavra ou por ação? — Romanos 10:9, 10; 1 Coríntios 9:16.

A que conclusão chegou? Existem realmente hoje verdadeiros cristãos? Conhece pessoas que procuram diligentemente viver como Cristo e que ao mesmo tempo fazem verdadeiro empenho em transmitir sua crença e seu modo de vida cristãos ao próximo? Ensina e pratica sua própria religião realmente o genuíno cristianismo? Ou é apenas um rótulo atraente, ou uma assinatura impressionante?

Que analisemos a nossa própria fé, e possamos não apenas nos declarar cristãos verdadeiros, mas sermos considerados por Cristo, como seus leais e genuínos seguidores.