Os Asmoneus e Seu Legado (Part. 2)
Surgem os fariseus e os saduceus: Foi quando escreveu a respeito do reinado de Hircano que Josefo pela primeira vez tratou da crescente influência dos fariseus e dos saduceus. (Josefo havia mencionado os fariseus que viveram durante o reinado de Jonatã.) Não relatou qual a origem deles. Alguns eruditos acham que eram um grupo que saiu dos hassidins, uma seita de devotos que apoiava Judas Macabeu nos objetivos religiosos, mas abandonou-o quando esses objetivos se tornaram políticos.
O nome fariseus em geral é relacionado com a raiz hebraica que significa “separados”, embora alguns achem que se relacione com a palavra “intérpretes”. Os fariseus eram eruditos tirados dentre o povo comum, sem descendência especial. Separavam-se da impureza ritual por uma filosofia de piedade especial, aplicando as leis do templo a respeito da santidade sacerdotal às situações comuns da vida diária. Os fariseus desenvolveram uma nova forma de interpretação das Escrituras e um conceito posteriormente conhecido como a lei oral.
Durante o reinado de Simão, conseguiram exercer maior influência quando alguns foram designados para a gerousia (o conselho de anciãos), mais tarde conhecida como Sinédrio. Josefo conta que João Hircano no começo era discípulo e apoiador dos fariseus. Mas, a certa altura, os fariseus o repreenderam por não renunciar ao sumo sacerdócio. Isto levou a um rompimento dramático. Hircano proscreveu certas regras religiosas dos fariseus. Como punição adicional, ele tomou o lado dos opositores religiosos dos fariseus, os saduceus.
O nome saduceus provavelmente está relacionado com o Sumo Sacerdote Zadoque, cujos descendentes haviam ocupado cargos sacerdotais desde o tempo de Salomão. No entanto, nem todos os saduceus eram desta linhagem. Segundo Josefo, os saduceus eram os aristocratas e os ricos da nação, e não tinham o apoio das massas. O Professor Schiffman comenta: “A maioria deles . . . pelo visto eram sacerdotes ou os que se haviam casado com alguém da família de um sumo sacerdote.” De modo que eles tiveram por muito tempo um relacionamento com os no poder. Por isso, o crescente papel desempenhado pelos fariseus na vida pública e o conceito farisaico de estender a santidade sacerdotal a todas as pessoas foram percebidos como ameaça que podia minar a autoridade natural dos saduceus. Assim, nos últimos anos do reinado de Hircano, os saduceus recuperaram o controle.
Mais política, menos piedade: O filho mais velho de Hircano, Aristóbulo, reinou apenas por um ano antes de morrer. Ele prosseguiu com a política de conversão obrigatória dos itureus e colocou a Galiléia Superior sob o controle asmoneu. Mas foi sob o reinado de seu irmão Alexandre Janeu, que governou de 103 a 76 AEC, que a dinastia dos asmoneus atingiu seu auge de poder.
Alexandre Janeu rompeu com a política anterior e proclamou-se abertamente tanto sumo sacerdote como rei. Os conflitos entre os asmoneus e os fariseus se intensificaram, levando até a uma guerra civil em que pereceram 50.000 judeus. Depois de esmagar a rebelião, num ato que lembrava os reis pagãos, Janeu mandou cravar 800 dos rebeldes em estacas. Enquanto morriam, as esposas e os filhos deles eram mortos diante dos seus olhos, ao passo que Janeu festejava abertamente com as suas concubinas.
Apesar da sua inimizade com os fariseus, Janeu era um político pragmático. Ele notava que os fariseus tinham cada vez mais o apoio do povo. As instruções no leito de morte que deu à esposa, Salomé Alexandra, era dividir o poder com eles. Janeu a havia escolhido em preferência aos seus filhos como sucessora no seu Reino. Ela mostrou-se governante hábil, dando à nação um dos períodos mais pacíficos sob o governo dos asmoneus (76-67 AEC). Os fariseus foram restabelecidos na sua posição de autoridade, e as leis contra as suas regras religiosas foram revogadas.
Quando Salomé faleceu, seus filhos, Hircano II, que servira como sumo sacerdote, e Aristóbulo II, entraram numa luta pelo poder. A ambos faltava a perspicácia política e militar de seus antepassados, e parece que nenhum dos dois entendia o pleno significado da crescente presença romana na região, após o colapso total do reino selêucida. Em 63 AEC, ambos os irmãos recorreram ao governante romano, Pompeu, enquanto este se encontrava em Damasco, e solicitaram sua mediação na disputa deles.
Naquele mesmo ano, Pompeu e suas tropas entraram marchando em Jerusalém e assumiram o controle. Este foi o começo do fim do reino asmoneu. Em 37 AEC, o rei idumeu, Herodes, o Grande, tomou Jerusalém quando o Senado romano o aprovou como “Rei da Judéia” e “aliado e amigo do povo romano”. O reino asmoneu deixara de existir.
O legado dos asmoneus
O período dos asmoneus, desde Judas Macabeu até Aristóbulo II, lançara a base para o cenário religioso dividido que existia quando Jesus estava na Terra. Os asmoneus começaram com zelo pela adoração de Deus, mas isso deteriorou, e passaram a buscar vantagens pessoais de maneira abusiva. Seus sacerdotes, que tiveram a oportunidade de unir o povo para seguir a Lei de Deus, levaram a nação para o abismo da rivalidade política. Nestas circunstâncias, pontos de vista religiosos divisórios proliferaram. Os asmoneus não existiam mais, mas a luta pelo controle religioso entre saduceus, fariseus e outros iria caracterizar então a nação sob Herodes e Roma.
O nome fariseus em geral é relacionado com a raiz hebraica que significa “separados”, embora alguns achem que se relacione com a palavra “intérpretes”. Os fariseus eram eruditos tirados dentre o povo comum, sem descendência especial. Separavam-se da impureza ritual por uma filosofia de piedade especial, aplicando as leis do templo a respeito da santidade sacerdotal às situações comuns da vida diária. Os fariseus desenvolveram uma nova forma de interpretação das Escrituras e um conceito posteriormente conhecido como a lei oral.
Durante o reinado de Simão, conseguiram exercer maior influência quando alguns foram designados para a gerousia (o conselho de anciãos), mais tarde conhecida como Sinédrio. Josefo conta que João Hircano no começo era discípulo e apoiador dos fariseus. Mas, a certa altura, os fariseus o repreenderam por não renunciar ao sumo sacerdócio. Isto levou a um rompimento dramático. Hircano proscreveu certas regras religiosas dos fariseus. Como punição adicional, ele tomou o lado dos opositores religiosos dos fariseus, os saduceus.
O nome saduceus provavelmente está relacionado com o Sumo Sacerdote Zadoque, cujos descendentes haviam ocupado cargos sacerdotais desde o tempo de Salomão. No entanto, nem todos os saduceus eram desta linhagem. Segundo Josefo, os saduceus eram os aristocratas e os ricos da nação, e não tinham o apoio das massas. O Professor Schiffman comenta: “A maioria deles . . . pelo visto eram sacerdotes ou os que se haviam casado com alguém da família de um sumo sacerdote.” De modo que eles tiveram por muito tempo um relacionamento com os no poder. Por isso, o crescente papel desempenhado pelos fariseus na vida pública e o conceito farisaico de estender a santidade sacerdotal a todas as pessoas foram percebidos como ameaça que podia minar a autoridade natural dos saduceus. Assim, nos últimos anos do reinado de Hircano, os saduceus recuperaram o controle.
Mais política, menos piedade: O filho mais velho de Hircano, Aristóbulo, reinou apenas por um ano antes de morrer. Ele prosseguiu com a política de conversão obrigatória dos itureus e colocou a Galiléia Superior sob o controle asmoneu. Mas foi sob o reinado de seu irmão Alexandre Janeu, que governou de 103 a 76 AEC, que a dinastia dos asmoneus atingiu seu auge de poder.
Alexandre Janeu rompeu com a política anterior e proclamou-se abertamente tanto sumo sacerdote como rei. Os conflitos entre os asmoneus e os fariseus se intensificaram, levando até a uma guerra civil em que pereceram 50.000 judeus. Depois de esmagar a rebelião, num ato que lembrava os reis pagãos, Janeu mandou cravar 800 dos rebeldes em estacas. Enquanto morriam, as esposas e os filhos deles eram mortos diante dos seus olhos, ao passo que Janeu festejava abertamente com as suas concubinas.
Apesar da sua inimizade com os fariseus, Janeu era um político pragmático. Ele notava que os fariseus tinham cada vez mais o apoio do povo. As instruções no leito de morte que deu à esposa, Salomé Alexandra, era dividir o poder com eles. Janeu a havia escolhido em preferência aos seus filhos como sucessora no seu Reino. Ela mostrou-se governante hábil, dando à nação um dos períodos mais pacíficos sob o governo dos asmoneus (76-67 AEC). Os fariseus foram restabelecidos na sua posição de autoridade, e as leis contra as suas regras religiosas foram revogadas.
Quando Salomé faleceu, seus filhos, Hircano II, que servira como sumo sacerdote, e Aristóbulo II, entraram numa luta pelo poder. A ambos faltava a perspicácia política e militar de seus antepassados, e parece que nenhum dos dois entendia o pleno significado da crescente presença romana na região, após o colapso total do reino selêucida. Em 63 AEC, ambos os irmãos recorreram ao governante romano, Pompeu, enquanto este se encontrava em Damasco, e solicitaram sua mediação na disputa deles.
Naquele mesmo ano, Pompeu e suas tropas entraram marchando em Jerusalém e assumiram o controle. Este foi o começo do fim do reino asmoneu. Em 37 AEC, o rei idumeu, Herodes, o Grande, tomou Jerusalém quando o Senado romano o aprovou como “Rei da Judéia” e “aliado e amigo do povo romano”. O reino asmoneu deixara de existir.
O legado dos asmoneus
O período dos asmoneus, desde Judas Macabeu até Aristóbulo II, lançara a base para o cenário religioso dividido que existia quando Jesus estava na Terra. Os asmoneus começaram com zelo pela adoração de Deus, mas isso deteriorou, e passaram a buscar vantagens pessoais de maneira abusiva. Seus sacerdotes, que tiveram a oportunidade de unir o povo para seguir a Lei de Deus, levaram a nação para o abismo da rivalidade política. Nestas circunstâncias, pontos de vista religiosos divisórios proliferaram. Os asmoneus não existiam mais, mas a luta pelo controle religioso entre saduceus, fariseus e outros iria caracterizar então a nação sob Herodes e Roma.