Comentário de João 11:34-36
11:34 - E disse: onde o deitastes?... Isso ele podia dizer como homem, embora ele, como o Deus onisciente, sabia onde ele estava; e para que pudesse ficar evidente que não havia nenhum plano entre ele e os familiares do falecido, e para levantar expectativa do que ele estava para fazer; e para atrair os Judeus para lá, para que eles fossem também testemunhas do milagre que ele estava para fazer.
Elas disseram a ele;… Ou seja, Marta e Maria.
Senhor, vem e vê;… Sendo de uma certa distância.
11:35 - Jesus chorava. Ao passo que ele se dirigia até a sepultura, veja João 11:28; ao passo que ele estava meditando no estado de seu amigo Lázaro, e a grande dor que suas duas irmãs sentiam, e o grande condenação que se causaria ao Judeus que estavam presentes, que apesar de verem o milagre, ainda assim não depositariam fé nele. Isso mostra também que ele era um homem real e de verdade, sujeito às paixões, exceto o pecado.
11:36 - Então disseram os judeus, vede, como ele o amava! A Lázaro; porque eles supuseram que estas lágrimas foram derramadas puramente por causa dele; e por todas as circunstâncias eles não podiam, a não ser julgar, que elas procediam de um afeto amável e sincero por ele; e estavam pasmados com isso, que o amor dele para com Lázaro fosse tão forte, quando ele não tinha nenhuma relação, mas apenas, como imaginavam eles, a de um amigo comum. O amor de Cristo por todo o seu povo, até mesmo quando eles estavam mortos em transgressões e pecados, é maravilhoso, e ultrapassa o conhecimento.[1] E é realmente maravilhoso, se for considerado quem é o amante, o Filho eterno de Deus, que é Senhor acima de tudo, e abençoado para sempre, o Criador de todas as coisas, o Rei de reis, e Senhor de senhores: e também, quem são estes que são amados por ele, não só criaturas, mas pecadores, excedendo na maldade e miseráveis; as coisas básicas deste mundo, falidos, mendigos, sim, comparáveis às bestas que perecem; que não tinham nada externo, nem interno, para se recomendar a ele,[2] e entrar em seus afetos; sim, eles tinham tudo para lhe dar uma aversão total, e os fazer odiosos na sua visão, sendo os inimigos nas suas mentes através de maus trabalhos,[3] e filhos da ira, como outros:[4] e igualmente, se for considerado o que ele fez para estes nos quais o seu amor se evidencia; como antes do tempo, aderindo as suas pessoas, se tornando a segurança delas, se ocupando na aliança com o seu Pai para o benefício deles, aceitando tudo que Ele propôs, enquanto levando o seu povo aos seus cuidados, e de todas as bênçãos e promessas, graça e glória para eles; e a tempo aqui na terra, assumindo a natureza deles, cumprindo a lei para eles, morrendo no lugar deles, pagando as suas dívidas, obtendo todas as bênçãos para eles, paz, perdão, retidão, e redenção eterna; e agora no céu, preparando um lugar para eles,[5] estando lá como o intercessor e defensor de seu povo, provendo os seus desejos e necessidades, frequentemente os visitando, e os favorecendo com a comunhão com ele, que os preserva seguros para o seu reino e gloria, na qual ele os apresentará, apresentando-lhes ao seu Pai com excedente alegria; tudo que é tão maravilhoso, e que se torna real pelo seu amor e graça: para a qual pode ser somado, a consideração da natureza do seu amor que é perpétua, mesmo antes que estas pessoas nascessem; que é um amor de clemência e de deleite neles; que os liberta, que é gratuito, e não merecido, sem qualquer razão, ou motivo na parte deles; que os distingue, que eles, e não outros, é que deveriam ser para sempre os objetos deste amor; e amor este que deveria continuar assim imutavelmente o mesmo, apesar de suas múltiplas transgressões, e provocações; portanto, isso pode ser dito justamente: veja, como ele o amava!
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Notas
[1] Cf. Filipenses 4:7. N do T.
[2] Cf. 2 Coríntios 10:17. N do T.
[3] Cf. Colossenses 1:21. N do T.
[4] Cf. Efésios 2:3. N do T.
[5] Cf. João 14:2. N do T.