Comentário de João 11:49-51

11:49 - E um deles, [chamado] Caifás,… Veja notas de Gill em Mat. 26:3, Luc. 3:2, João 18:13.comentario do evangelho de João, comentario biblico

Sendo o sumo sacerdote neste mesmo ano;... O sumo sacerdote não era originalmente anual, mas para sempre o mesmo; mas no fim do segundo templo, passou a estar nas mãos do rei designar quem vai ser o sumo sacerdote (o); e passou a ser anual; podia ser comprado com dinheiro; ao passo que eles mudaram o sacerdócio uma vez em doze messes, e todos os anos era feito um alto sacerdote novo (p) agora este homem que está em tal alto ofício, um homem de nenhuma consciência, e de princípios ruins, sendo um Saduceu, como parece de At. 4:6 que negava a ressurreição dos mortos e era desinteressado sobre um estado futuro; e não tendo nenhuma restrição nele, em uma maneira arrogante, e orgulhosa.

Disse-lhes: não sabeis de nada;... Sois um pacote de criaturas ignorantes e estúpidas, meros bobos e idiotas, para sentar e disputar e discutir a favor ou contra tal assunto; o que será feito é bastante óbvio, é simplesmente tirar a vida deste homem, sem qualquer dificuldade; não importa o que ele é, nem o que ele faz; estas são coisas que não serão consideradas, elas estão fora de questão; salve a nação, destrua o homem; são coisas estão vindo para esta estado, que ou este homem vive, ou a nação perece; e que é muito expediente, não requer mais nenhum tempo para se debater sobre isso.

11:50 - Nem considerais que nos convém,… Aos Sacerdotes, Levitas, Fariseus, o Sinédrio e os governantes eclesiásticos do povo; que, como Caifás compreendia, teriam que perder o caráter deles e rendas, teriam que abrir mão da honra e postos vantajosos e lugares, se Jesus continuasse a ter tanto sucesso assim: portanto, era muito vantajoso para eles que eram a coisa principal a ser considerada em tal conselho, assim ele pensou que era necessário...

Que um homem deveria morrer pelo povo, e não que a nação inteira perecesse;... Ele procedeu completamente neste princípio político, que um bem público deveria ser preferido a um privado; que não importava que homem era, se era inocente ou não; prudência comum, e a segurança pública da nação, lhe exigiam que caísse um sacrifício, em lugar de os romanos serem exasperados e deveriam ser provocados a tal grau, que ameace a ruína absoluta e destruição da nação inteira.

11:51 - E isso falava ele não de si mesmos,… Não de seu próprio conselho ou impulso, mas pelo Espírito de Deus; como um homem iníquo às vezes faz, e como Balaão fez; o Espírito de Deus ditou essas palavras a ele, e colocou em sua boca; nem as usou no sentido em que o Espírito Santo o designou:

Mas como sendo o sumo sacerdote naquele ano;… Por seu ofício ele era o oráculo de Deus, e era assim tão estimado pelo povo, e portanto, uma pessoa própria para ser usada dessa maneira; e especialmente sendo o sumo sacerdote naquele ano, na qual o sacerdócio devia ser mudado, e a visão e a profecia a ser selada:

Ele profetizava;… Embora não soubesse o que ele tinha feito, como fez Faraó, Ex. 10:28, e o povo dos Judeus, Mat. 27:25.

Que Jesus deveria morrer por esta nação;... Estas palavras, com o que se segue no próximo versículo, são as palavras do evangelista, enquanto interpretando a profecia de Caifás, de acordo com o sentido do Espírito Santo de que Jesus deveria morrer, o que estava ao contrário de uma noção que os judeus tinham absorvido, relativo ao Messias; veja João 12:34. Mas Jesus, o verdadeiro Messias, que havia de vir e morrer; isto foi determinado no conselho de Deus, de acordo com a aliança de Cristo na convenção da graça, predito pelos profetas desde o princípio do mundo, tipificado por sacrifícios e outras coisas, debaixo da dispensação anterior, preditas pelo próprio Cristo, e adequadamente vieram a ocorrer; e tudo necessário, para a salvação do seu povo, que caso contrário, todos pereceriam; e ainda assim foi feito de maneira livre e voluntária por ele, em uma expressão forte, e uma prova demonstrativa do seu amor para com eles: e não só esta profecia declarada, que Jesus deveria morrer, mas que ele deveria morrer por aquela nação, para a nação dos judeus; não por todo indivíduo nela, pois nem todos foram salvos por ele; alguns não o receberam;[1] eles o rejeitaram como o Messias, Salvador, e Redentor, e, assim, morreram nos seus pecados;[2] mas por todo o eleito de Deus entre eles, as ovelhas da casa de Israel, a quem ele foi enviado, e quem ele veio buscar e salvar; e quem ele abençoou, os levando para longe das suas iniquidades: e, além disso, esta profecia sugere, que Jesus devia morrer, não somente como um mártir, para confirmar com o seu sangue a doutrina que ele pregou, nem apenas como um exemplo de coragem, mansidão, paciência, e amor, mas para, ou, no lugar do seu povo, como a segurança deles; dando a sua vida como um resgate[3] e um sacrifício para a justiça de Deus por eles; assim cumprindo a lei e satisfazendo-a, e satisfazendo a ira de Deus em benefício deles.


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Notas

(o) Misn. Yebamot, c. 6. sect. 4.
(p) T. Bab. Yoma, fol. 8. 2. Juchasin, fol. 139. 1
[1] Cf. João 1:11. N do T.
[2] Cf. João 8:24. N do T.
[3] Cf. Mateus 20:28. N do T.