Comentário de João 13:2
E, acabada a ceia,... Ou antes, "sendo a ceia", ou sendo o "tempo da ceia”, pois ela não havia terminado; não a ceia pascal, nem a ceia do Senhor, mas a ceia na casa de Simão de Betânia, dois dias antes da Páscoa. Não há nenhuma menção feita neste capítulo inteiro da ceia da Páscoa, ou de quaisquer de seus ritos: o lavar dos pés dos discípulos era uma ação peculiar de nosso Senhor, e não tinha nenhum uso entre os judeus em tal momento; nem era isto habitual com eles, na Páscoa, lavar os pés desses que comiam dela; não há o menor relato se quer de tal costume em quaisquer dos seus escritos: além disso, nos é dito nessas palavras, em João 13:1, que isto tinha sido "antes da festividade da Páscoa"; e comparando isto com Mat. 26:2, parece ser dois dias antes dela; e tanto tempo parece necessário ser permitido, para que Judas pudesse fazer o que ele fez durante desta ceia, na qual ele foi instigado primeiro a isto: que a festividade ainda estava para vir, quando esta ceia foi terminada, e Judas tomando o seu bocado, foi licitado para fazer o que devia fazer mais rapidamente, e é manifesto o sentido disso, na interpretação que os discípulos deram da saída de Judas, achando que ele saira para comprar as coisas que eles precisavam para a festividade, João 13:29, do qual não pode ser entendido nada mais diferente do que a festividade da Páscoa, que estava para ser realizada, e para a qual muitas coisas precisavam ser feitas e preparadas; para a qual pode ser acrescentado, que Satanás, tendo entrado em Judas, e pondo no coração dele trair o seu mestre, e planejado com os principais sacerdotes para apanhá-lo, precisava ser antes da ceia da Páscoa, como está claro de Luc. 22:1. Nem é isto razoável supor que Judas poderia se encontrar aquela noite, depois da ceia, com os principais sacerdotes, governantes, e todo o conselho, o grande Sinédrio, que não poderia assim ser reunido; visto que então, pela lei da Páscoa, toda cabeça de uma família devia estar com a sua família: e se isto pudesse ser suposto, parece haver algum tempo entre este acordo, e a execução dele, no qual ele buscou uma oportunidade apropriada, Mat. 26:16. Nem devemos pensar que houve tempo o suficiente para que ele fizesse tudo o que ele fez, no seu ajuntamento com os principais sacerdotes, formar o esquema para apanhar Cristo, conseguir reunir vários homens para esse propósito; tudo isso entre a ceia, e o tempo da noite na qual Cristo foi traído. Além disso, certo é, que Cristo e os seus discípulos, depois de comerem a ceia, foram para outros lugar, João 14:31, o que não pode ser entendido muito bem de qualquer outra partida sua, a não ser o andamento dele de Betânia para Jerusalém, e não do andamento dele de Jerusalém para o jardim que é mencionado depois, como uma coisa distinta, João 18:1. E, sem precisar ir mais além, não há neste capítulo a menor sugestão da instituída ceia do Senhor, da qual todos os outros evangelistas fazem menção, quando eles relacionam a última Páscoa de nosso Senhor. O leitor pode ficar satisfeito mais completamente da verdade deste fato consultando o Dr. Lightfoot em Mat. 26:6.
O Diabo, tendo agora colocado no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, traí-lo;... A pessoa que Satanás influenciou e agiu, para a sua finalidade, foi Judas Iscariotes, filho de Simão: se este era o fariseu Simão, ou Simão o leproso, em cuja casa Cristo e seus discípulos foram, ou quem ele era, não é certo: se houver qualquer razão para pensar que poderia ser o Simão curtidor,[1] que era o pai de Judas, ou que ele ou seu pai eram curtidores, eu gostaria de me aventurar em adicionar uma conjectura mais do que tem sido feita em Mat. 10:4, relativo ao codinome de Judas, Iscariotes, como que ela pode vir de "Iscortia", que significa um curtidor de casaco: pois, por isso, é dito no (q) Talmude, "o que é איסקורטיא," Iscortia?" diz R. ben Caná, é כיתונא דצלא, "um casaco de curtidor":'' uma espécie de peça de couro, como a palavra significa, que os curtidores colocavam sobre a sua roupa. Contudo, este homem era um apóstolo de Cristo, a quem Satanás levou a traí-lo; assim nós vemos que as mais altas funções, e mais altos postos não podem garantir os homens das tentações de Satanás. A forma em que Judas foi tentado, ao dizer que Satanás "colocou", ou "lançou [isso] em seu coração", como um dardo ardente,[2] atirado nele, em seu coração, demonstra o acesso que Satanás tem, e da influência que tem sobre as mentes dos homens: o seu efeito na presente tentação que estava operando sobre ele "para trair" Cristo, seu Senhor e Mestre, que ele tinha escolhido para ser um apóstolo dele, e ele tinha investido com este alto cargo, no entanto, este mesmo, iria colocá-lo nas mãos de seus inimigos, a fim de entregá-lo à morte. Este foi um assunto determinado por Deus, conhecido por Cristo, e que ele predisse aos seus discípulos, mas tudo isso não desculpa nem um pouco, nem, de alguma forma, diminui a malícia de Satanás, e a maldade de Judas: foi uma ação diabólica de verdade; uma maldade e iniquidade tão elevada, que nunca poderia ter surgido em seu coração, a menos que o próprio Diabo tivesse colocado nele. E este era o tempo da ceia, enquanto eles estavam juntos na mesa, que esta idéia foi atirado com um dardo em sua mente, que é mencionado para mostrar, que não se pode preservar as pessoas de sugestões iníquas do Diabo, e para agravar o pecado de Judas, que enquanto ele estava comendo pão com Cristo, foi determinado levantar seu calcanhar contra ele: além disso, foi quando a cabeça de Cristo foi untada, e ao mesmo tempo em que Judas reclamou, que Satanás aproveitou a oportunidade da sua ira e indignação, e assim fomentou tal ação tão vil. Esse relato é precedido antes de se mencionar Cristo lavando os pés de seus discípulos, para mostrar a grande compostura que jazia em Cristo, embora ele soubesse o que estava fazendo, e sua maravilhosa condescendência de lavar os pés de uma criatura tão vil, em cujo coração Satanás já colocara a idéia de traí-lo, e, também, o seu cuidado e amor para com o resto dos discípulos, quando Satanás havia se apoderado de um deles.
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Notas
(q) T. Bab. Nedarim, fol. 55. 2. Vid. Maimon. & Bartenora in Misn. Celim. c. 16. sect. 4. & Oholot, c. 8. sect. 1.
[1] Curtidor: Alguém perito na profissão de curtir, a arte de converter peles de animais em couros que possam ser usados na fabricação de artigos de várias espécies. (2Rs 1:8; Mt 3:4)
[2] Cf. Efésios 6:16. N do T.
O Diabo, tendo agora colocado no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, traí-lo;... A pessoa que Satanás influenciou e agiu, para a sua finalidade, foi Judas Iscariotes, filho de Simão: se este era o fariseu Simão, ou Simão o leproso, em cuja casa Cristo e seus discípulos foram, ou quem ele era, não é certo: se houver qualquer razão para pensar que poderia ser o Simão curtidor,[1] que era o pai de Judas, ou que ele ou seu pai eram curtidores, eu gostaria de me aventurar em adicionar uma conjectura mais do que tem sido feita em Mat. 10:4, relativo ao codinome de Judas, Iscariotes, como que ela pode vir de "Iscortia", que significa um curtidor de casaco: pois, por isso, é dito no (q) Talmude, "o que é איסקורטיא," Iscortia?" diz R. ben Caná, é כיתונא דצלא, "um casaco de curtidor":'' uma espécie de peça de couro, como a palavra significa, que os curtidores colocavam sobre a sua roupa. Contudo, este homem era um apóstolo de Cristo, a quem Satanás levou a traí-lo; assim nós vemos que as mais altas funções, e mais altos postos não podem garantir os homens das tentações de Satanás. A forma em que Judas foi tentado, ao dizer que Satanás "colocou", ou "lançou [isso] em seu coração", como um dardo ardente,[2] atirado nele, em seu coração, demonstra o acesso que Satanás tem, e da influência que tem sobre as mentes dos homens: o seu efeito na presente tentação que estava operando sobre ele "para trair" Cristo, seu Senhor e Mestre, que ele tinha escolhido para ser um apóstolo dele, e ele tinha investido com este alto cargo, no entanto, este mesmo, iria colocá-lo nas mãos de seus inimigos, a fim de entregá-lo à morte. Este foi um assunto determinado por Deus, conhecido por Cristo, e que ele predisse aos seus discípulos, mas tudo isso não desculpa nem um pouco, nem, de alguma forma, diminui a malícia de Satanás, e a maldade de Judas: foi uma ação diabólica de verdade; uma maldade e iniquidade tão elevada, que nunca poderia ter surgido em seu coração, a menos que o próprio Diabo tivesse colocado nele. E este era o tempo da ceia, enquanto eles estavam juntos na mesa, que esta idéia foi atirado com um dardo em sua mente, que é mencionado para mostrar, que não se pode preservar as pessoas de sugestões iníquas do Diabo, e para agravar o pecado de Judas, que enquanto ele estava comendo pão com Cristo, foi determinado levantar seu calcanhar contra ele: além disso, foi quando a cabeça de Cristo foi untada, e ao mesmo tempo em que Judas reclamou, que Satanás aproveitou a oportunidade da sua ira e indignação, e assim fomentou tal ação tão vil. Esse relato é precedido antes de se mencionar Cristo lavando os pés de seus discípulos, para mostrar a grande compostura que jazia em Cristo, embora ele soubesse o que estava fazendo, e sua maravilhosa condescendência de lavar os pés de uma criatura tão vil, em cujo coração Satanás já colocara a idéia de traí-lo, e, também, o seu cuidado e amor para com o resto dos discípulos, quando Satanás havia se apoderado de um deles.
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Notas
(q) T. Bab. Nedarim, fol. 55. 2. Vid. Maimon. & Bartenora in Misn. Celim. c. 16. sect. 4. & Oholot, c. 8. sect. 1.
[1] Curtidor: Alguém perito na profissão de curtir, a arte de converter peles de animais em couros que possam ser usados na fabricação de artigos de várias espécies. (2Rs 1:8; Mt 3:4)
[2] Cf. Efésios 6:16. N do T.