Comentário de João 15:5-6
15:5 - Eu sou a videira, vós sois os ramos,… Cristo aqui repete o que ele disse de si mesmo, “o vinhedo”, por causa da aplicação dos ramos a seus discípulos: que expressa a unicidade de natureza com Cristo; e união estrita e achegada com ele; e a comunhão da vida e graça, santidade e fertilidade, suporte e força, e perseverança na graça e santidade até o fim para com ele:
Aquele que permanence em mim, e eu nele;… Que é o caso de todos que são um em Cristo, e ele neles:
O mesmo dá muito fruto;… No exercício da graça, e na realização das boas obras; e continua a fazer enquanto ele vive, não por virtude de sua própria vontade, poder, e força, mas graça continuamente recebida de Cristo:
Pois, sem mim, não podeis fazer nada;... Nada que seja espiritualmente bom; não, nem uma única coisa sequer, seja isto pequeno ou grande, fácil ou difícil de ser executado; não pode ter um pensamento bom, falar uma palavra boa, ou fazer uma boa ação; nem pode começar algo, nem quando é começado, venha a aperfeiçoá-lo. Nada será feito "sem Cristo"; sem o seu Espírito, graça, força, e presença; ou como "separado dele". Era isto possível para os ramos que verdadeiramente estão nele, sendo removidos dele, não poderiam mais produzir nenhum fruto de boas obras, não mais do que qualquer ramo separado da videira pode produzir uvas; de forma que toda a fertilidade de um crente será designada a Cristo, e a graça dele, e não para a livre vontade e poder do homem.
15:6 - Se alguém não permanence em união comigo,… Cristo não disse, “se vós não permanecerdes comigo”; ele não pensaria isso de seus verdadeiros discípulos; Judas tendo sido então removido, para quem ele pode ter feito alguma referência nesse versículo; embora possa se aplicar a qualquer pessoa que tenha uma profissão de Cristo, e negue as verdades do Evangelho, negligencie as ordenanças dele, ou ande de maneira indigna de sua profissão: de quem as seguintes coisas podem ser verdadeiramente ditas.
Ele será lançado fora como um ramo;… Que é infrutífero, e é, portanto, tirado do vinhedo, lançado fora da vinha. Isso se refere à expulsão de professores sem valor e infrutíferos das igrejas; pois aqueles que são instáveis nos seus princípios, ou são negligentes na adoração de Deus, com a igreja, e não vãos em suas vidas e condutas, são removidos da comunhão com o povo de Deus.
E está murcho. Algumas versões, como a Árabe, Siríaca, e Persa, leem isto como um epíteto da palavra "ramo", assim: "o ramo que está murcho"; expressando a condição em que se encontra o ramo antes de ser expulso do vinhedo, e a razão de seu ser lançado fora: mas outros leem isto como um predicado novo e distinto do ramo, enquanto mostrando o caso em que ele se encontra, imediatamente em seu ser lançado fora: pode ser cortado, e expulso com suas folhas, embora sem fruto; mas assim que já fora lançado, murcha rapidamente. Assim meros professores externos de religião, quando eles são expulsos da comunhão da igreja, externamente uma folha de profissão, que uma vez parecia verde, entra em decadência, perde seu verdor, e aquilo que pareciam frutos, que cresciam neles não dão em nada, e elas se tornam "árvores murchas, infrutíferas", Jud. 1:12, o que mostra que tudo deles, zelo, religião, e santidade, desaparece, e todos os seus presentes externos, luz, conhecimento, e compreensão, até mesmo de um modo especulativo, desaparecem:
E os homens os ajuntam;... Ou, como algumas cópias leem, αυτο, “isto”, o qual concorda melhor com a palavra "ramo". Isto era uma coisa comum quando os ramos eram jogadas fora de um vinhedo, onde os homens vinham e os ajuntavam para um uso mencionado depois. Assim quando os membros desmerecedores são tirados de uma igreja de Cristo, os homens do mundo os ajuntam em suas sociedades: ou eles são levados nas congregações de falsos professores, que sendo sensuais, e sem o Espírito, se separam deles; ou pode ser lido impessoalmente, "eles são ajuntados", ou "são ajuntados": os homens maus, e professores dos sem Cristo, serão todos ajuntados pelos anjos ao último dia, e separados por eles dos íntegros, a quem eles colocarão à mão esquerda de Cristo para receber a destruição terrível:[1]
E os lançam,… Ou “o” lança.
No fogo, e eles ardem,… Ou “são queimados”; pois para nada mais serve um ramo dessa categoria; veja Eze. 15:2. Isso pode se referir a corrosão da consciência, que perturba a mente, que temerosamente olha para o Dia do Julgamento, e a indignação furiosa, que espera os apóstatas nessa vida; ou ao ato deles serem lançados no ardor do fogo do inferno pelos anjos no último dia, que será o caso de toda arvore infrutífera.
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Notas
[1] Cf. Mateus 24:31, 25:32, 33. N do T.