Comentário de João 16:7
Não obstante, vos digo a verdade,… Cristo era a própria verdade, e não poderia dizer nada a não ser a verdade; mas ele usa essa forma de falar para levantar a atenção de seus discípulos, e para fortalece a crença deles no que ele estava para dizer, e da qual eles não estavam facilmente persuadidos; que mesmo que eles estivessem sobrecarregados de pesar e triste por causa da notícia da partida de Cristo, isso seria feito para o bem e a vantagem espiritual de todos deles:
Vos convém que eu vá embora;... A morte de Cristo aqui, como em muitos outros lugares nestes discursos seus, é significada na figura de uma partida, como um tipo de viagem, tal como realmente é comum a todo o gênero humano; morte é o caminho de toda a terra, e a qual Cristo levou por acordo com o seu Pai; um caminho escuro é o vale da sombra de morte,[1] e assim era Cristo, que foi embora na escuridão debaixo dos esconderijos da face do seu Pai; é a ida de um homem para a casa sua casa, e uma viagem longa é, que é devolvida pela manhã da ressurreição; embora fosse curta para Cristo que subiu novamente no terceiro dia. A frase supõe o lugar e as pessoas das quais ele partiu, a saber, este mundo e os seus discípulos; e o lugar e as pessoas para onde ele foi, a sepultura, o céu, o seu Pai, o Espírito Santo, os anjos, e os santos glorificados; e é expressivo da voluntariedade da sua morte; ele não foi buscado, ou impelido, e forçado, mas ele foi embora de si mesmo; e é um modo muito fácil e familiar de expressar a morte, e grandemente remove o medo e o terror disso; pois é apenas um mover de um lugar para outro, como de uma casa, cidade, ou país, para outro; e mostra, que não é uma aniquilação de um homem, ou em corpo ou alma, só uma frasferência de um lugar para outro. Agora a morte de Cristo era benéfica, não só para ele mesmo, o qual ele não menciona; ele que está preocupado mais para com a felicidade do seu o que a ele; mas para os seus discípulos e todos os crentes; pois por este meio os grandes males foram prevenidos de caírem sobre eles, pois estes cairiam caso contrário; como os golpes pesados de justiça divina, as maldições e condenação da lei, a ira e vingança de Deus, e morte eterna, ruína, e destruição; como também foram obtidas muitas coisas boas por estes meios para eles; como a redenção das suas almas do pecado, lei, inferno, e morte; paz; reconciliação, e compensação; o perdão completo e livre de todos os seus pecados, uma retidão perpétua, e vida eterna. Além disso, a ida de Cristo era benéfica para o seu povo; visto que ele abriu o modo para eles no mais santo dos céus, pelo seu sangue; para tomarem posse dos céus no nome deles e lugar; preparar as mansões da glória para eles; para que aparecessem diante da presença de Deus por eles;[2] sendo ele o defensor deles,[3] e faz intercessão para todas as coisas boas para eles; procura os seus interesses com Deus por eles; cuida dos negócios deles; apresenta suas petições; remover todos os custos e acusações; aplica toda a bênção da graça a eles. O exemplo, em particular no texto, para o benefício deles, é a missão e vinda do Espírito:
Pois, se eu não for embora, o Consolador não virá a vós; mas se eu partir, eu vo-lo enviarei. O Espírito de Deus em algum sentido tinha vindo, antes da morte de Cristo; ele tinha aparecido na criação de todas as coisas, como um Criador em comum com o Pai e Filho; ele foi descoberto como um espírito de profecia aos escritores inspirados,[4] e outros; os santos do Antigo Testamento tinham o recebido como um espírito de fé; ele tinha sido dado a Cristo como homem, sem medida, e os discípulos tinham sido participantes dos seus dons e graças; mas ele não ainda não havia entrado no mundo com tal missão peculiar; como a promessa do Pai, o Glorificador de Cristo, o Consolador do seu povo, o Espírito de verdade, e o Reprovador do mundo: há razões para ser dado, por que o Espírito de Deus não havia entrado em tal maneira antes, como depois da morte de Cristo. A ordem das três pessoas divinas na Trindade, e na economia da salvação do homem, exigiu observar tal método; que o Pai deve primeiro, e durante algum tempo, mais especialmente ser manifestado; logo o Filho, e então o Espírito: além disso, nosso Senhor deu uma razão, do porque o Espírito ainda não ‘foi dado, porque Jesus ainda não havia sido glorificado’, João 7:39; E a vinda do Espírito como um Consolador, e o Espírito da verdade, seria pela intercessão, e pela missão de Cristo; e então era próprio que ele devesse ir embora primeiro, para o enviar depois; acrescente a tudo isso, que se o Cristo não tinha ido embora ou tivesse morrido, não teria havido nada para o Espírito ter feito; nenhum sangue para aspergir; nenhuma retidão para revelar e trazer para perto; nenhuma salvação para aplicar; ou quaisquer das coisas de Cristo, e bênçãos da graça, ter levado e mostrado; tudo que são devidos à morte de Cristo, e qual mostra a conveniência disto: a conveniência da morte de Cristo para a missão do Espírito para os seus discípulos, é muito conspícuo; pois por este meio eles foram confortados e apoiados debaixo de uma variedade de dificuldades;[5] foram conduzidos em toda a verdade, e assim forneceu muito para o trabalho ministerial deles; e foram feitos abundantemente prósperos nisto, sendo assistidos com a demonstração do Espírito e de poder.
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Notas
[1] Cf. Salmos 23:4. N do T.
[2] Cf. Hebreus 9:24. N do T.
[3] Cf. 1 João 2:1. N do T.
[4] Cf. 2 Pedro 2:21. N do T.
[5] Cf. Atos 4:31. N do T.