Comentário de João 19:26-28

19:26 - Quando Jesus, portanto, viu a sua mãe,… estando perto dele, dentro do alcance de sua voz, assim como de sua vista, ele a notou, e mostrou preocupação para com seu bem estar temporal, assim como eterno:comentario biblico, evangelho de joão, novo testamento

E o discípulo ali parado;… Ou perto da cruz, ou de sua mãe, ou de ambos:

A quem ele amava: Querendo dizer João, o escritor desse Evangelho, que devido a sua modéstia, frequentemente se descreve com esses termos; ele sendo distinguido por Cristo do resto, por algumas marcas peculiares de sua afeição como homem; embora como Deus, e como Redentor, ele amasse seus discípulos igualmente, assim como ele ama todos os seus verdadeiros e leais seguidores:

Ele diz a sua mãe: mulher, eis aí teu filho;... Significado não ele próprio, mas o discípulo, que era filho dela, não por natureza, nem adoção, mas que ele se revelaria como um filho para ela, por seu afeto filial, aos cuidados dele, e honra e respeito por ela. Cristo a chama não de mãe, mas de mulher, não por desrespeito a ela, ou como vergonha dela, mas para que, em parte, ele não aumentasse, ou adicionasse força à sua paixão, por uma palavra de ternura, e em parte, para esconder ela da multidão com medo de que ela fosse ser exposta aos seus grosseiros insultos, como também para deixá-la saber que todas as relações naturais entre eles estavam agora cessando; embora este seja um título que ele às vezes utilizava para dar a ela antes.
[1]

19:27 - Então disse ele ao discípulo,... O mesmo discípulo João:

Eis aí tua mãe;... Cuide dela, proveja o sustento dela, como se ela fosse a tua própria mãe: isso mostra a condição humilde de Cristo, que não tinha nada para deixá-la, embora Senhor de todas as coisas; é muito provável que José estivesse morto, e Maria agora uma viúva, e que Cristo tivesse tomado conta dela, e a mantivesse até agora; ele agora, em seus momentos finais, entrega-a aos cuidados deste discípulo, que é um exemplo da sua humanidade, e de sua relação com todos os deveres, em especial de honrar os pais, e prover-lhes nas tribulações e velhice:

E desde aquela hora, o discípulo a levou para o seu próprio lar: Ou casa; assim a Septuaginta traduz ביתו, “para a sua casa”, por εις τα ιδια, em Est. 6:12, a frase aqui utilizada, e em João 16:32. Alguns dizem que ela viveu com João em Jerusalém, e ali morreu, e outros dizem que morreu no décimo segundo ano após a ressurreição de Cristo, tendo 59 anos de idade, e ela foi sepultada por João no jardim do Getsêmani: onde ficava a sua casa não é certo, se em Jerusalém ou na Galiléia, nem quanto tempo ela viveu com ele, mas isto não deve ser questionado, de que ele cuidou dela, e a tratou como se ela fosse a sua própria mãe, e seu ato de fazer isso imediatamente mostra o seu grande respeito por Cristo, a sua prontidão e alegria em cumprir suas ordens e instruções, e seu verdadeiro amor por ele.

19:28 - Depois disso,… Depois dele ter confiado a sua mãe aos cuidados de João, que era por volta da sexta hora, antes da escuridão cobrir o país: e três horas depois disso foi a seguinte circunstância, que não foi sem o prévio conhecimento de Cristo:

Jesus sabendo que todas as coisas foram agora realizadas;… Ou sendo prestes a serem completadas, e terminadas; e assim como elas deviam ser, seriam em um curto espaço de tempo; até mesmo todas as coisas relativas aos seus sofrimentos e as circunstâncias deles, que foram antes designadas por Deus, e preditas nas profecias, e da qual ele tinha um perfeito conhecimento.

Para que a Escritura pudesse se cumprir: Pudesse ter seu cumprimento, que predizia sua grande agonia e sede, Sal. 22:15, e que seus inimigos nessa ocasião lhe daria vinagre para beber, Sal. 69:21.

Disse: tenho sede;… Que era literalmente verdade dele, e pode ser também entendido espiritualmente de sua grande sede e desejo de salvar o seu povo.
[1] Cf. João 2:4. N do T.