Comentário de João 19:38
E depois disso,... Ou seja, depois de Jesus ter entregado seu espírito, quando era um caso claro de que ele estava morto, e que foi antes dos soldados virem para quebrar as pernas dos crucificados, e antes de um deles perfurar o lado de Jesus com sua lança, para confirmar que ele estava morto: mas parece se referir a estas últimas coisas feitas, e que ainda depois da morte de Cristo, José de Arimatéia foi a Pilatos, e desejou ter permição para remover o corpo de Jesus. Este José era um alto membro do Sinédrio judaico; embora ele não dê o seu consentimento no Tribunal Judaico relativo à Jesus: ele é descrito pelo local de seu nascimento, Arimatéia. Este lugar tem sido geralmente pensado ser o mesmo que Ramá Ramataim Zofim, o local de nascimento do profeta Samuel, e assim eu tenho colocado em minhas notas, ver Gill sobre Mat. 27:57, mas parece haver alguma razão para duvidar disso, visto que Ramataim Zofim ficava no Monte Efraim, na montanha ou partes dessa tribo, 1Sam. 1:1, e Arimatéia que se chama uma cidade dos Judeus, Luc. 23:51. Mas se ela ficava na tribo de Efraim, seria antes, como Reland (o) observa, chamada de cidade dos samaritanos, a quem a parte do país pertencia, além disso, como o mesmo escritor erudito mostra a partir de Juízes 4:5, as partes montanhosas de Efraim ficava perto de Betel, ao norte de Jerusalém, e que Arimatéia é mencionada junto com Lida, que se estabelece ao oeste da mesma, assim é dito também por Jerom, e outros: esse antigo escritor diz (p) que não longe de Lida, agora chamada Diospolis, famosa pela ressurreição de Dorcas dos mortos,[1] bem como a cura de Enéias, fica Arimatéia, a pequena aldeia de José, que enterrou o Senhor; embora ele faça menção em noutro local (q) que deve ser a mesma que Ramataim Zofim: suas palavras são, Armata Zofim, a cidade de Elcana e Samuel, que fica na região de Tamna por Diospolis, (ou Lida), a partir daí veio José, que, nos Evangelhos, é dito ser de Arimatéia; e assim em Josefo (r) e, no Apócrifo:
“Confirmamos-lhes, pois, a posse dos territórios da Judéia e dos três distritos de Aferema, de Lida e Ramata, arrebatados da Samaria, para serem anexados à Judéia; e todos os seus lucros pertencerão aos que sacrificam em Jerusalém, em lugar do tributo que a cada ano o rei cobrava dos frutos da terra e das árvores.” (1 Macabeus 11:34)
Lida e Ramatá ou, como neste último, Ramatem, são mencionados em conjunto, tal como adicionados a Judéia do país de Samaria, que esta última cláusula, “a partir do país de Samaria”, parece reconciliar apropriadamente o assunto, de que esses dois são o mesmo lugar, e como o local de nascimento do profeta Samuel é chamado, pela Septuaginta, Armataim, como tem sido observado, ver Gill sobre Mat. 27:57, por isso, é também chamado, רמתא, “Ramatá”, pelo Targumista em Oséias 5:8, assim como também é por Josefo (s). A cidade com este nome, perto de Lida, é agora chamada Ramola, e é de cerca de trinta e seis ou trinta e sete quilômetros de Jerusalém. As versões Siríaca, Árabe e Persa traduzem, “que era de Ramá”. Alguns acham que José deve ser a mesma pessoa que José ben Gorion, o irmão de Nicodemos ben Gorion, e que é suposto ser o mesmo Nicodemos mencionados no próximo versículo. As características que os Judeus (t) dão de José ben Gorion são que ele era um sacerdote, e do mais rico e mais nobre dos sacerdotes em Jerusalém, que ele era muito sensato, justo, e homem reto, e que três ou quatro anos antes da destruição de Jerusalém, ele tinha cerca de sessenta e sete anos de idade.
Sendo discípulo de Jesus, mas secretamente, por medo dos Judeus;... Não um dos doze, mas um ouvinte privado, que assistiu às vezes secretamente o ministério de Cristo, o amava, e acreditava nele como o Messias, mas que não tinha coragem o suficiente para confessar-lhe, e se pronunciar a seu favor, por medo de ser posto para fora da sinagoga e do Sinédrio: mas agora sendo inspirado com zelo e coragem, “entrou com audácia”, como diz Marcos.
E suplicou a Pilatos para que ele pudesse retirar o corpo de Jesus: Da cruz, para que não fosse mais insultado pelos seus inimigos, e para que não fosse jogado com os outros corpos no local onde os corpos de malfeitores eram lançados, mas para que pudesse ser decentemente sepultado. Este Pilatos, o governador romano, tinha autoridade para isso, e com ele José suplica; que foi um grande exemplo de seu afeto por Cristo, e foi uma declaração aberta para com ele, e que o expôs inevitavelmente ao rancor e ressentimento dos Judeus:
E Pilatos deu-lhe permição;... Tendo primeiro indagado ao centurião, se ele estava morto; estando satisfeito, ele prontamente concedeu-lhe, não só na complacência para com José, que era um homem de nota e valor, mas por conta da inocência de Jesus, de que ele estava convencido, e por isso estava muito disposto a dá-lo um enterro honroso:
Ele veio, portanto;… A cruz, com alguns servos com ele.
E tomou o corpo de Jesus;… Da cruz, e o levou embora. A cópia Alexandrina, diferente de todas as outras, e em uma linaguagem incomum, lê, “o corpo de Deus”.
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Notas
(o) Palestina Ilustrata, l. 3. p. 581.
(p) Epitaph Paulae, fol. 59. A.
(q) De locis Hebraicis, fol. 88. K.
(r) Antiqu. l. 13. c. 4. soot. 9.
(s) Ib. l. 5. c. 10. sect. 2.
(t) Ganz. Tzemach David, par. 1. fol 25. 1. & 27. 1.
[1] Cf. Atos 9:36-41. N do T.