Comentário de João 20:23-24
20:23 - De quem quer que redimas os pecados,... Só Deus pode perdoar os pecados, e Cristo sendo Deus, tem poder de fazê-lo também; mas ele nunca comunicou qualquer poder dessa natureza aos seus apóstolos, nem eles alguma vez assumiram qualquer poder para si mesmos, ou tiveram a pretensão de exercê-lo; é a marca do anticristo, tentar algo do tipo; que, ao fazê-lo, usurpa a prerrogativa divina, coloca-se no seu trono, e mostra-se como se fosse Deus: mas esta deve ser entendida apenas em uma doutrina, ou caminho ministerial, por pregar a plena e livre remissão dos pecados, através do sangue de Cristo, segundo a riqueza da graça de Deus, tais como o arrependimento de pecados, e a crença em Cristo; declarando que todas essas pessoas que arrependem-se e acreditam, têm todos os seus pecados perdoados pelo amor de Cristo: e nesse sentido...
Eles são redimidos;… Em harmonia com as palavras de Cristo, em sua declaração e comissão aos seus discípulos; veja Mar. 16:16. Por outro lado, ele quer dizer que...
Quem quer que cujos pecados sejam retidos, eles ficam retidos: Ou seja, que tudo quanto vós declarais pecados não perdoados, eles não são perdoados;... Que é o caso de todos os incrédulos finais, e pecadores impenitentes, que morrem sem o arrependimento para com Deus, e fé no Senhor Jesus Cristo, segundo a declaração do Evangelho, que serão condenados, e são condenados; pois Deus confirma e confirmará o Evangelho do seu Filho, fielmente pregado por seus servos ministradores; e todo o mundo, mais cedo ou mais tarde, será convencido da validade, a verdade, e a certeza, das declarações de cada um destes feitos por eles.
20:24 - Mas Tomé, um dos doze, chamado Dídimo,... A pessoa que aqui se menciona é descrita pelo seu nome hebreu Tomé, e seu nome grego Dídimo, que significa gêmeo, e talvez ele fosse um. Era comum com os Judeus de ter dois nomes, um nome judaico e outro nome gentio; o primeiro era usado quando a pessoa estava na terra de Israel, e o outro quando eles estavam fora (q); eles muitas vezes usavam um nome na Judéia, e por outro na Galiléia (r); onde Tomé podia levar o nome de Dídimos com os gregos, o primeiro era mais usado com os Judeus nessas partes: ele é também mencionado como sendo “um dos doze” apóstolos, o qual era o seu número completo, em primeiro lugar, embora Judas já não estivesse com eles, e por isso são chamados, por vezes, apenas os “onze”; mas o que é observado com ele em seu desfavor e descrédito é que ele...
Não estava com eles quando Jesus veio: a cópia antiga de Beza lê, “ele não estava lá com eles”, e assim também leem as versões Siríaca, Árabe e Persa; quer ele não tivesse ainda voltado para se reunir com os demais desde o tempo em que eles se espalharam, no momento da prisão de Cristo, ou escolheu não se reunir com o restante, por medo dos Judeus, ou estava ocupado com algum assunto secular de sua vida; é para o nosso próprio benefício se reunir com os discípulos de Cristo, e há más consequências quando negligenciamos as reuniões, pois quando se reúnem, Jesus aparece entre eles: nessas ocasiões Deus vem e abençoa seu povo, Jesus concede a sua presença, as graças do Espírito são aumentadas e a fé é exercitada; as almas que perderam de vista a Cristo o encontram, os desconsolado são confortados, os fracos fortalecidos, e os famintos comem: por outro lado; assim também a negligência traz maus resultados, nos expõe a muitas tentações e laços, causa uma magreza espiritual, conduz a uma indiferença e tibieza: um baixo grau de graça, e um não-exercício da mesma, e em uma perda da presença do Cristo.
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Notas
(q) T. Hieros. Gittin, fol. 43. 2.
(r) T. Hieros. Gittin, fol. 45. 3.