Comentário de João 21:13-15
João 21:13-15
21:13 - Jesus, então, veio e tomou o pão,… Depois que eles tiraram o peixe da rede, e tudo estava preparado para a refeição, e os discípulos estavam sentados para comer, Cristo veio e tomou o seu lugar como o mestre da refeição, e o cabeça da família; e tomando o pão, como era seu método habitual, ele pediu uma benção sobre o mesmo, e deu graças sobre ele. A antiga cópia de Beza, e uma de Estevão leem: “e tendo dado graças, ele deu”, etc; que está em harmonia com a sua prática nas refeições.
E deu-lhes, assim também os peixes;… Ele distribuiu tanto os pães como os peixes aos seus discípulos. Assim, em um sentido espiritual, ele provê abundantemente para o seu povo; dá-lhes para comer o maná escondido,[1] e a árvore da vida, e os conduz para águas vivas;[2] os encoraja a comer e beber livremente, que é algo preparado por ele mesmo, e prover de si mesmo a eles.
21:14 - Esse é, então, a terceira vez,… Ou dia da aparição de Cristo aos seus discípulos: ele apareceu a eles primeiro no mesmo dia em que ressuscitou, e depois uma segunda vez oito dias depois, ou naquele mesmo dia uma semana mais tarde, e agora no mar de Tiberíades; pois nesse compasso de tempo ele tinha feito mais aparições do que essas três, embora às pessoas em particular, e não a tal número de discípulos como estas três vezes:
Que Jesus se manifestou aos seus discípulos depois que ele foi levantado dentre os mortos: E assim, pela boca de duas ou três testemunhas, tudo está estabelecido; assim por essas três principais aparições de Cristo aos seus discípulos, sua ressurreição dos mortos foi confirmada.
21:15 - Assim, quando eles tinham terminado de jantar,... A versão Etíope acrescenta.
Jesus virou a sua face para Simão Pedro;… Ele não os interrompeu enquanto estavam comendo; mas quando eles tinham confortavelmente se revigorado, ele olhou para Pedro, e o escolheu do restante, e dirigiu suas palavras a ele; e disse a Simão Pedro...
Simão, filho de Jonas;… Não João, como a Vulgata Latina e Nonnus, e algumas outras cópias leem; pois isso não corresponde à palavra hebraica Jocanã, mas Jonas, o mesmo nome do profeta. Alguns têm observado que Cristo falava a ele particularmente por meio de seu nome original, e não por aquele que ele mesmo havia dado, tendo em vista a sua forte fé, como Cefas, ou Pedro; mas deve ser conhecido que Cristo o chama pelo seu nome Simão bar Jonas, quando ele fez uma grande expressão de sua fé nele, e foi pronunciada uma benção por ele, Mat. 16:16.
Amas-me mais do que estes? Significado, não do que os peixes que ele tinha apanhado, nem a rede e barco, ou de qualquer gozo mundano, nem do que ele amava os discípulos, mas a questão é, se ele amava a Cristo mais do que o restante dos discípulos amava: a razão era porque ele tinha há algum tempo declarado, que embora todos os discípulos ficassem ofendidos em Cristo, e devessem negá-lo, ele nunca faria isso; assim como ele tinha acabado de se atirar ao mar para chegar a ele em primeiro lugar, como se ele o amasse mais do que eles: e a pergunta é feita, não por ignorância, ou como se Cristo não soubesse se ele amava ou não, e qual era o grau de sua afeição a ele; mas por causa do exercício dessa graça, e as expressões dela, que são muito agradáveis a ele; e que Pedro também poderia ter uma oportunidade de manifestar-se diante de outros, que tinha tão publicamente negado-o:
Ele disse-lhe: sim, Senhor, sabes que eu te amo: Não em palavras e língua, mas em ação e em verdade; em sinceridade, e sem dissimulação, fervorosa e superlativamente; pela verdade da qual ele apela ao próprio Cristo; pois ele estava cônscio da realidade de seu amor, e da sinceridade de sua afeição, que ele escolheu fazer de Cristo o próprio juiz do assunto, no lugar de dizer qualquer coisa dele mesmo; embora ele modestamente se incline a dizer que ele o amava mais do que o restante dos discípulos, tendo tido uma experiência de sua vaidade e auto-confiança. Ele estava certo de que ele amava de coração a Cristo; mas se ele amava-o mais do que o restante amava, ele escolheu não dizer:
Ele disse-lhe: alimente meus cordeiros;... A parte mais jovem e mais tenra do rebanho, crentes fracos, as criancinhas de Cristo, bebês recém-nascidos, o dia de coisas pequenas, que não serão menosprezadas como a cana contundida que não será quebrada, e a mecha de linho que não será extinta;[3] mas que será nutrido, será confortado, e será fortalecido, os alimentando com o leite do Evangelho, e administrando a eles as ordenações nos seios da consolação. A estes, Cristo tem um interesse, e então os chama “meus cordeiros”, enquanto sendo determinados a ele pelo Pai, e comprados pelo seu sangue, e para quem ele tem uma preocupação tenra e afeto; e nada ele considera maior prova e mais clara evidência de amor por ele, do que alimentar estes seus cordeiros, e cuidar deles.
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Notas[1] Cf. Apocalipse 2:17. N do T.[2] Cf. Apocalipse 22:1-2. N do T.[3] Cf. Isaías 42:3. N do T.