Introdução Bíblica: Livro de 1 Coríntios

introdução bíblica, livro e primeira aos coríntios, estudos bíblicos
Escritor: Paulo
Lugar da Escrita: Éfeso
Escrita Completada: c. 55 EC

O livro de 1 Coríntios é o de número 46 no cânon das cartas inspiradas. CORINTO era “célebre e voluptuosa cidade, onde se defrontavam os vícios do Oriente e do Ocidente”. Situada no estreito istmo entre o Peloponeso e a Grécia continental, de Corinto saía a via terrestre que conduzia ao continente. Nos dias do apóstolo Paulo, a sua população de cerca de 400.000 só era ultrapassada por Roma, Alexandria e a Antioquia da Síria. Ao leste de Corinto, achava-se o mar Egeu e ao oeste, o golfo de Corinto e o mar Jônico. De modo que Corinto, a capital da província de Acaia, com seus dois portos de Cencréia e de Lecaion, ocupava uma posição estratégica para o comércio. Era também centro da cultura grega. “A sua riqueza”, segundo se diz, “era tão celebrada que se tornou proverbial; da mesma forma o era a depravação e a libertinagem de seus habitantes”. Entre as suas práticas religiosas pagãs, achava-se a adoração de Afrodite (identificada com a Vênus de Roma). A sensualidade era produto do culto praticado em Corinto.

Foi para esta metrópole próspera, mas moralmente decadente do mundo romano, que o apóstolo Paulo viajou perto do ano 50 EC. Durante sua estada de 18 meses estabeleceu-se uma congregação cristã ali. (Atos 18:1-11) Quanto amor sentia Paulo por aqueles crentes a quem levara primeiro as boas novas a respeito de Cristo! Por carta, ele lhes lembrou o vínculo espiritual que os unia, dizendo: “Embora tenhais dez mil tutores em Cristo, certamente não tendes muitos pais; porque eu me tornei vosso pai em Cristo Jesus por intermédio das boas novas.” — 1 Cor. 4:15.

A profunda preocupação de Paulo pelo bem-estar espiritual deles fez com que se sentisse compelido a escrever a sua primeira carta aos cristãos coríntios, no decorrer de sua terceira viagem missionária. Alguns anos haviam passado desde sua estada em Corinto. Era então cerca de 55 EC, e Paulo se achava em Éfeso. Parece que recebera uma carta da relativamente nova congregação de Corinto, e era preciso dar uma resposta. Além disso, relatos alarmantes haviam chegado a Paulo. (7:1; 1:11; 5:1; 11:18) Tão inquietantes eram estes que o apóstolo nem mesmo se referiu às perguntas da carta deles senão no primeiro versículo do capítulo 7 de sua carta. Foram especialmente esses relatos, que Paulo recebera, que fizeram com que ele se sentisse compelido a escrever a seus concristãos em Corinto.

Mas, como sabemos que foi de Éfeso que Paulo escreveu Primeira Coríntios? Em primeiro lugar, porque, ao concluir a carta com cumprimentos, o apóstolo inclui os de Áquila e de Prisca (Priscila). (16:19) Atos 18:18, 19 mostra que eles se haviam mudado de Corinto para Éfeso. Visto que Áquila e Priscila residiam ali, e Paulo os incluiu nos cumprimentos finais de Primeira Coríntios, ele devia estar em Éfeso quando escreveu a carta. Um ponto, porém, que não deixa nenhuma dúvida é a declaração de Paulo, em 1 Coríntios 16:8: “Mas, vou permanecer em Éfeso até a festividade de Pentecostes.” Portanto, Primeira Coríntios foi escrita por Paulo em Éfeso, pelo que parece perto do fim de sua estada ali.

A autenticidade de Primeira Coríntios, também de Segunda Coríntios, é incontestável. Estas cartas foram atribuídas a Paulo e aceitas como canônicas pelos primeiros cristãos, que as incluíram nas suas coleções. Com efeito, diz-se que se faz alusão a Primeira Coríntios que é citada pelo menos seis vezes numa carta de Roma a Corinto, datada de cerca de 95 EC e chamada de Primeira Clemente. Referindo-se pelo que parece a Primeira Coríntios, o escritor instou com os destinatários dessa carta para “aceitarem a epístola do bendito Paulo, o apóstolo”. Primeira Coríntios é também citada diretamente por Justino Mártir, Atenágoras, Irineu e Tertuliano. Há forte evidência de que um grupo, ou coleção das cartas de Paulo, inclusive Primeira e Segunda Coríntios, “foi formado e publicado na última década do primeiro século”.

A primeira carta de Paulo aos coríntios nos dá oportunidade de olhar dentro da própria congregação coríntia. Estes cristãos tinham problemas a enfrentar e questões a resolver. Havia divisões dentro da congregação, porque alguns seguiam a homens. Surgiu um caso chocante de imoralidade sexual. Alguns viviam em lares divididos quanto à religião. Deveriam permanecer com seu cônjuge descrente ou separar-se? E que dizer de comer carne sacrificada a ídolos? Podiam comer de tal carne? Os coríntios precisavam ser aconselhados sobre a maneira de dirigir suas reuniões, incluindo-se a celebração da Refeição Noturna do Senhor. Qual devia ser a posição das mulheres na congregação? Além disso, havia também no meio deles os que negavam a ressurreição. Os problemas eram muitos. O apóstolo estava, porém, especialmente interessado em restabelecer a saúde espiritual dos coríntios.

Visto que as condições dentro da congregação e o ambiente da antiga Corinto, com sua prosperidade e sua licenciosidade, têm paralelos modernos, os excelentes conselhos de Paulo, escritos sob inspiração divina, exigem nossa atenção. O que Paulo disse é tão cheio de significado para a nossa época que um exame detido de sua primeira carta a seus amados irmãos e irmãs coríntios será realmente proveitoso. Relembre agora o espírito daquele tempo e lugar. Pense com escrutínio, assim como o devem ter feito os cristãos coríntios, ao reexaminarmos as palavras inspiradas, estimulantes e profundas de Paulo a seus concrentes da antiga Corinto.