Comentário de J.W Scott: Daniel 1:1-17

comentário biblico de daniel
I. DANIEL ELEVADO AO PODER Dn 1.1-21
I.a Expedição de Nabucodonosor (Dn 1.1-2)

No ano terceiro de reinado de Jeoaquim... (1). De conformidade com Jeremias (Jr 25.1; Jr 46.2) a expedição de Nabucodonosor contra Jerusalém teve lugar no quarto ano de Jeoaquim. Daniel, entretanto, evidentemente emprega o método babilônico de computação, pelo qual o primeiro ano é considerado como o ano seguinte ao da subida do rei ao trono. Portanto, o primeiro ano seria igual ao segundo ano, conforme a maneira de computar da Palestina, e o terceiro ano (computação babilônica) e o quarto ano (da Palestina) seriam iguais e equivalentes. Por conseguinte, não há conflito com Jeremias. Jeoaquin, rei de Judá (1). Ele foi elevado ao trono pelo rei do Egito. Foi um rei perverso que, no seu quarto ano de reinado, se tornou súdito de Nabucodonosor, e que três anos mais tarde se revoltou. Reinou por onze anos e seu filho, também chamado Joaquim, o sucedeu no trono. Ver 2Rs 23.36-24.9; Jr 22.18-19; Jr 36.30.

Não é afirmado que Nabucodonosor tenha atacado Jerusalém na qualidade de rei. Pelo contrário, ele é chamado rei de Babilônia prolepticamente. Note-se, igualmente, que Daniel não assevera que Nabucodonosor tenha conquistado Jerusalém, como alguns críticos têm dito. Pode ser, conforme Berossus (Josefo, Contra Apionem 1.19; Antigüidades X. XI: 1) disse, que lhe chegou a notícia da morte de seu pai, e que ele regressou à Babilônia para assumir a posição de rei.

I.b Os jovens judeus na corte de Babilônia (Dn 1.3-16)

A etimologia da palavra Aspenaz (3) é incerta. O indivíduo, entretanto, era um delegado chefe ou oficial na corte. No versículo 3 não são mencionadas três classes diferentes; mas antes, a frase filhos de Israel é geral, e as outras duas, da linhagem real e dos nobres, são explicativas. O significado é: "israelitas, tanto da linhagem real como dos nobres". Entre esses o rei desejava aqueles que possuíssem mente sã e corpo são (4) e que pudessem, por conseguinte, servir mais eficientemente na corte.

A fim de realizar esse desígnio, o rei apontou uma ração de cada dia (5), tanto de seu próprio alimento como de seu vinho. No versículo 6 são apresentados os jovens hebreus, e aprendemos que seus nomes foram mudados. Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção diária (8), e a razão disso evidentemente foi que aquele alimento e bebida tinham sido consagrados mediante algum ritual pagão, e comê-lo ou bebê-lo, na opinião de Daniel, torná-lo-ia culpado de adoração idólatra. Daniel, portanto, se aproximou do eunuco chefe e Deus tornou esse oficial favoravelmente disposto para com ele (9). O despenseiro (11; evidentemente um oficial debaixo das ordens do eunuco chefe) concedeu a Daniel o que ele solicitava, e no fim do tempo marcado a aparência dos jovens hebreus era melhor e estavam mais cheios de carne que aqueles que tinham compartilhado da ração do rei (15). Assim teve início o triunfo do poder e da graça de Deus na Babilônia.

As vidas dos quatro jovens estavam nas mãos de Deus. Ele lhes deu conhecimento (17) para que pudessem discernir entre o que era verídico na instrução que recebiam, que dizia respeito aos campos das letras (isto é, literatura) e sabedoria (isto é, ciência) (17). Daniel também obteve entendimento ou facilidade na interpretação de sonhos ou visões. Essa menção de visão e sonhos (17) é um reflexo exato do ambiente babilônico do livro.

O versículo 21 não significa que Daniel continuou somente até ao primeiro ano do rei Ciro. Antes, visto que o ano primeiro de Ciro foi o ano que marcou o término do exílio, esse fato é mencionado para demonstrar que Daniel continuou até mesmo nesse tempo. A linguagem não implica que ele não tenha continuado além dessa data.