Comentário de J.W Scott: Jeremias 2:1-32

comentario biblico de jeremias
II. A INTIMAÇÃO DA NAÇÃO (Jr 2.1-6.30)

Depois da chamada de Jeremias e das visões que lhe são concedidas para o fortalecer em espírito, registra ele que recebeu a palavra do Senhor (1). Todas as suas mensagens são inspiradas por Deus. Esta seção contém duas delas (Jr 2.1-3.5 e Jr 3.6-6.30).

II.a A primeira mensagem de Jeremias (Jr 2.1-3.5)

1. A DECLARAÇÃO A ISRAEL (Jr 2.1-3). Israel foi outrora a noiva de Iavé (2), tão bela quão pura, santidade para o Senhor (3; ver Os 2.2-20).

2. A CONTENDA COM ISRAEL (Jr 2.4-13). Iavé aviva a memória de Israel lembrando-lhe toda a Sua misericórdia para com esse povo (6-7) e provando-lhe que não fora Ele quem faltara ao prometido. Israel é que havia contaminado a terra (7); os seus profetas tinham profetizado por Baal (8), principal deus dos fenícios, cujo culto havia sido introduzido em Israel depois de Salomão se haver aliado com essa nação. Chittim (10), o povo de Kition, uma cidade em Chipre. Alguns eruditos identificam Chittim com os hititas. Quedar (10), representa o oriente, assim como Chittim representa o ocidente. Os vers. 11 e 12 resumem o horror do profeta ao compenetrar-se da apostasia do seu povo. Ao contrário das nações pagãs, que permaneciam fiéis às suas divindades, Israel preferia deuses que não lhe davam lucro a Iavé, o seu próprio Deus. Até os céus pasmavam de tal sacrilégio. A imagem cisternas rotas (13) sugere água estagnada que se escapa facilmente pelas fendas, contrastando com a água pura de uma fonte perene (literalmente viva).

3. A HUMILHAÇÃO DE ISRAEL (Jr 2.14-19). Neste parágrafo, vemos como o pecado assoberba uma nação. Israel, nascido livre, vai-se transformar num escravo. Escravo nascido em casa (14); havia duas espécies de escravos: os adquiridos por compra e os nascidos em casa do amo, que eram sua propriedade permanente. A infidelidade a Deus não é apenas uma coisa má; acarreta também prejuízos bem tristes (15). Conduz ainda à dependência de alianças estrangeiras, com a conseqüente corrupção espiritual e moral. Nofe Tachphanes (16); cidades egípcias. O primeiro era o nome que os hebreus davam a Mênfis, capital do Baixo Egito, não longe do Cairo moderno. O seu ensinador trágico seria a catástrofe com toda a amargura que acarreta, visto não teres o Meu temor contigo (19). Sihor (18) significa "rio lamacento" e parece referir-se ao Nilo.

4. A DEGENERAÇÃO DE ISRAEL (Jr 2.20-28). Te andas encurvando e corrompendo (20). Ver vers. 2. Os profetas comparavam freqüentemente a idolatria à infidelidade conjugal. Vide excelente (21); ver. Is 5.1-7, onde temos um emprego paralelo desta metáfora. Os vers. 22-25 descrevem o caráter arraigado da sua iniqüidade e da sua espantosa teimosia em continuar no seu pecado. Jeremias compara o seu povo a uma fera do deserto no cio, possuída de tão forte desejo sexual que qualquer macho que a pretenda a poderá encontrar sem fadiga, como se fosse a fêmea a perseguir o macho. Amo os estranhos e após eles andarei (25). Os estranhos são outros deuses. O anseio dos israelitas de participar nas práticas idólatras das nações pagãs era tão grande que estavam resolvidos a não permitir que qualquer coisa os impedisse de o fazer.

No tempo da tua tribulação (28). A hora de provação que se aproximava obrigá-los-ia a reconhecer com vergonha quão inúteis eram aqueles objetos de pau e de pedra. Como um ladrão, seriam apanhados em flagrante (26-27; ver também o vers. 36). O seu apelo de auxílio (27) seria inevitavelmente rejeitado devido à falsidade dos seus protestos de inocência (ver vers. 23 e 35).

5. A EXPLICAÇÃO A ISRAEL (Jr 2.29-37). Deus explica as razões dos infortúnios que se abatem sobre Israel. Desligamo-nos de Ti (31). Apesar da bondade do Senhor para com os israelitas (ver vers. 6-7), eles haviam afirmado a sua completa independência, não demonstrando sequer o menor vestígio de comezinha gratidão humana (32).