Comentário de J.W Scott: Mateus 1:1-25

comentário bíblico do evangelho de mateus
I. O NASCIMENTO E INFÂNCIA DE JESUS CRISTO Mt 1.1-2.23

I.a A genealogia de Jesus (Mt 1.1-17)

Livro da geração (1), isto é, sua árvore genealógica. Davi (1). Em descrevendo as origens de Nosso Senhor até Davi, vê-se que o propósito era o de mostrar que as promessas feitas a Davi, como progenitor do Messias, são cumpridas em Jesus Cristo (ver 2Sm 7.12-16; Sl 89.29,36-37; Sl 132.11). Abraão (1). Promessas semelhantes foram dadas a Abraão (ver Gn 12.7; Gn 13.15; Gn 17.7; Gn 22.18 e Gl 3.16).

Tamar (3). Estrangeira e mulher de moral duvidosa (ver Gn 38). Racabe (5). Estrangeira também e originalmente prostituta (ver Js 2.1; Hb 11.31). Rute (5). Moabita. Ver o livro de Rute para sua história. Aquela que foi mulher de Urias (6), isto é, Bate-Seba (ver 2Sm 12.10-24). O fato que o texto a descreve nesta maneira sugere uma recordação intencional da sua relação ilícita com Davi.

Salomão (7) é provável que esta genealogia não delineia a descendência natural, a qual se encontra em Lc 3.23-38, mas a linha real e legal, em virtude de que Jesus Cristo era herdeiro do trono de Davi. Ozias (8), isto é, Uzias (Is 6.1 e 2Cr 26.1), também chamado Azarias (2Rs 14.21). Três gerações são omitidas aqui (ver 1Cr 3.11-12), a fim de adaptar a genealogia ao plano do evangelista (ver vers. 17). Esta prática com genealogias era aceita, e não se admite por isto inexatidão. É possível que haja omissões também na primeira e terceira seções da genealogia (vers. 2-6,12-16). Jeconias (11), chamado também Joaquim (2Rs 24.8) e Conias (#Jr 22.24-28); foi privado de descendência sobre o Trono de Davi (Jr 22.30). Desse modo Jesus Cristo não era descendente natural dele. A deportação para a Babilônia (11), se refere aos setenta anos do cativeiro.

José, marido de Maria (16). As palavras são escolhidas com muito cuidado para evitar qualquer impressão de que José fosse o pai natural de Jesus Cristo. Como esposo de Maria, era pai legal, de sorte que o direito ao trono de Davi foi transmitido por ele. O casamento de José e Maria teve lugar depois da conceição, mas antes do nascimento de Jesus Cristo. Catorze gerações... catorze gerações... catorze gerações... (17). A genealogia foi agrupada propositadamente deste modo pelo evangelista, para facilidade de aprendê-la. A palavra grega oun, traduzida "de sorte que", implica uma ordem artificial. O sentido da frase é: "isto completa as gerações... entre as catorze gerações".

I.b O nascimento de Jesus (Mt 1.18-25)

Desposada (18). Isto quer dizer que já era noiva de José sem ser casada. Infidelidade depois do noivado era considerada adultério. Do Espírito Santo (18). A conceição foi operação miraculosa de Deus, o Espírito Santo, pela qual "o verbo se fez carne". Não queria infamar... intentou deixá-la secretamente (19). Estas duas possibilidades se ofereciam a José, conforme as leis e costumes judaicos. Um homem do caráter de José escolheria naturalmente a segunda. Projetando ele isso (20). Conhecendo o caráter impecável de Maria, naturalmente ficou perplexo, com tal situação. O anjo (20). A intervenção dum anjo não faz a história inverossímil. Foi essencial nas circunstâncias, de vez que nenhum esposo acreditaria na veracidade do fato da conceição duma virgem, se não lhe fosse revelada de modo sobrenatural. Em sonho (20). Até hoje, no oriente, os sonhos são considerados meio importante de revelação divina. Filho de Davi (20). Esta é a forma hebraica para expressar "descendente de Davi". Jesus (21). É a forma grega do nome hebraico Josué, que significa "o Senhor salva". Ele salvará o seu povo dos seus pecados (21), isto é, da culpa e do castigo do pecado, tanto como da sua influência e poder. Eis a grande declaração fundamental do evangelho no início do Novo Testamento.

Para que se cumprisse (22). Isto quer dizer que a declaração do profeta fez os acontecimentos inevitáveis. Da parte do Senhor pelo profeta (22). Nota-se que o Senhor é o autor da profecia. O profeta é o porta-voz. Foi assim que os judeus compreenderam a inspiração. A Igreja Cristã aceitou este ponto de vista até o advento do liberalismo do século XIX. Todas as vezes que o texto utiliza a frase "pelo profeta" a tradução mais exata seria "por intermédio do profeta". Eis que a virgem conceberá... Emanuel (23). Esta é uma citação da versão grega dos LXX, de Alexandria, de Is 7.14. No grego, a frase Deus conosco é tirada da versão dos LXX de Is 8.8, onde é a tradução da palavra hebraica Emanuel. Esta é a segunda de duas declarações importantíssimas a respeito do evangelho, todas as duas no espaço de três versículos (ver nota sobre o vers. 21). A segunda revela que Jesus é Deus. Podemos dizer que toda a revelação cristã se baseia nestes três versos.

E não a conheceu (25). Esta descrição conserva perfeitamente o fato do nascimento de Cristo pela Virgem. É implícito, entretanto, que, depois do nascimento de Jesus, José e Maria coabitavam normalmente. Seu Filho primogênito (25). Estas palavras não existem nos melhores e mais exatos manuscritos e deviam ser omitidas. Porém, sugerem que Maria tinha outros filhos mais novos e pelo menos é prova de que sua presença no texto não constituiu dificuldade na aceitação deste fato pelos cristãos da Igreja primitiva. Os nomes dos irmãos do Senhor são citados em Mc 6.3.