Comentário de J.W Scott: Naum 1-8

comentário biblico de naumI. UM ACRÓSTICO ALFABÉTICO Na 1.1-15

I. a. O título do livro (Naum 1.1)

Peso de Nínive. Primariamente aquilo que é levado com, ou seja, concernente a Nínive; então, aquilo que é pesado concernente a Nínive; finalmente, aquilo que é dito concernente a Nínive. A palavra peso seguida por um substantivo locativo como objeto genitivo, freqüentemente denota um pronunciamento de natureza ameaçadora e condenatória contra aquele lugar. Mas isso não é assim invariavelmente. Em Zc 12.1 encontramos "Peso da palavra do Senhor sobre Israel", onde a ameaça não é contra Israel, mas contra os inimigos de Israel.

I.b O poema (Na 1.2-8)

Há certo número de poemas na Bíblia em que cada verso, ou melhor, cada linha, começa com letras sucessivas do alfabeto hebraico. Os Salmos 111; 112 e, notavelmente, 119, são exemplos desse arranjo, cujo propósito, provavelmente, era servir de uma espécie de aide-memoire. Em alguns casos como nestes versículos de Naum, não é empregado o alfabeto inteiro.

A peculiaridade distintiva de um poema acróstico, ou seja, em que cada linha começa com uma letra sucessiva, naturalmente se perde na tradução. Pode-se indicar um esboço geral do esquema, porém: Aleph: O Senhor é um Deus zeloso (2). Beth: o Senhor tem o seu caminho na tormenta, e na tempestade (3). Gimel: Ele repreende o mar, e o faz secar (4). A letra Daleth não pode ser traçada. He: Os montes tremem perante ele (5).: Waw: e a terra se levanta na sua presença (5). Zain: Quem subsistirá diante do ardor da sua ira? (6). Teth: O Senhor é bom (7). Yodh: Conhece os que confiam nele (7). Kaph: Com uma inundação transbordante acabará duma vez com o Seu lugar (8). Alguns críticos fazem o hino litúrgico incluir o versículo 9. Se fosse esse o caso, a ordem das cláusulas precisaria ser revertida, visto que no presente a primeira começa com Mem e a segunda com Lameth. Na ordem revisada, lêem. Lamedh: não se levantará por duas vezes a angústia. Mem: Que pensais vos contra o Senhor? ele mesmo vos consumirá de todo.

O tema deste poema é a certeza e a severidade da vingança de Deus contra os pagãos, e começa com uma enérgica afirmação sobre o fato (2). Com repetição cumulativa, o profeta afirma e reafirma que o Senhor toma vingança. Declara Ele que justamente porque a ira do Senhor só se desperta lentamente também só lentamente se dissipará. O Senhor ao culpado não tem por inocente (3), mas responsabilizá-lo-á e o julgará. É fácil por demais perder de vista essas verdades morais. Mui prontamente os homens imaginam que, visto que a perversidade é permitida por algum tempo, que portanto ela é esquecida. Uma passagem tal como esta é um lembrete que a ira de Deus é dirigida contra toda injustiça e que, sem o arrependimento, não há perdão fácil e barato.

Para convencer sua audiência quanto ao terror do Senhor, Naum aponta para os fenômenos da natureza física e, em linguagem vívida, pinta um quadro de tempestade, redemoinho, seca, terremoto e fogo (4-5). Todas essas coisas revelam o poder do poderoso Deus e, confrontados com elas, até os homens mais ousados se tornam conscientes de sua insignificância. Quem parará diante do seu furor? Quem subsistirá diante do ardor do seu furor? pergunta Naum, e a sua cólera se derrama como um rego, e as rochas foram por ele derribadas (6).

Em seguida Naum estabelece as implicações morais do poder de Deus, tanto para com os justos como para com os iníquos. Justamente por que Deus é tão poderoso, Ele é um refúgio seguro para aqueles que confiam nele (7). Ele sabe quem são os que nele confiam e deles não se esquece. Por outro lado, Ele tem poder para ferir o iníquo. O Senhor também conhece quem são os iníquos e Sua vingança não falhará. Sua condenação é certa (8).