Assembleia — Estudo Bíblico
ASSEMBLEIA
Deus, como Soberano Universal, tem o direito de decretar que seus servos se reúnam em assembléia e de especificar o tempo e o lugar da assembleia. Age assim em benefício deles. As assembleias do povo de Deus, nos tempos antigos, variavam no objetivo. Todavia, elas certamente contribuíam para a unidade, porque todos os presentes tinham a oportunidade de ouvir as mesmas coisas, ao mesmo tempo. Tais reuniões resultavam em muitos benefícios espirituais e frequentemente eram ocasiões de grande alegria.
I. Termos Hebraicos e Gregos.
Na Bíblia, usam-se diversas palavras hebraicas e gregas para indicar um ajuntamento. Uma palavra comum no texto hebraico é ‛edháh. Ela deriva da raiz ya‛ádh, que significa “designar; determinar”, e assim indica um grupo reunido por designação. (Veja 2Sa 20:5; Je 47:7.) ‛Edháh é muitas vezes aplicado à comunidade de Israel e é usado nas expressões “a assembléia” (Le 8:4, 5; Jz 21:10), “assembléia de Israel” (Êx 12:3; Núm 32:4; 1Rs 8:5) e “assembléia de Yahweh” (Núm 27:17).
A palavra hebraica moh‛édh deriva da mesma raiz que ‛edháh e significa “tempo designado” ou “lugar designado”. (1Sa 13:8; 20:35) É usada 223 vezes nas Escrituras Hebraicas, em expressões tais como “tenda de reunião”. (Êx 27:21) Moh‛édh é empregada em conexão com festividades periódicas, ou sazonais. (Le 23:2, 4, 37, 44) Aparece em Isaías 33:20, onde Sião é chamada de “a vila de nossas festividades”.
O termo hebraico miqrá’, significando “congresso”, deriva do verbo radical qará’ (chamar). Ocorre em Isaías 4:5, que menciona o “lugar de congresso” do monte Sião. Freqüente é o uso desta palavra na expressão “santo congresso” (Êx 12:16; Le 23:2, 3); durante tal santo congresso, não se devia fazer nenhum trabalho secular.
Outra palavra hebraica usada para designar reuniões é qahál, aparentada com um verbo que significa “congregar; convocar”. (Êx 35:1; Le 8:4) Frequentemente é usada para representar uma congregação como grupo organizado. Ocasionalmente, qahál (congregação) é usada junto com ‛edháh (assembléia). (Le 4:13; Núm 20:8, 10) Formas de ambas as palavras aparecem na expressão “congregação da assembléia de Israel [hebr.: qehál ‛adhath-Yisra’él]”. — Êx 12:6.
Ainda outra palavra hebraica é ‛atsaráh, traduzida por “assembléia solene”. Este termo é usado em conexão com a Festividade das Barracas e a Páscoa. — Le 23:36; De 16:8.
Reuniões íntimas de diversas espécies são designadas pela palavra hebraica sohdh, que significa “palestra confidencial; intimidade”. (Sal 83:3; Jó 29:4) É traduzida por “grupo íntimo” no Salmo 89:7, que declara: “Deve-se ter espanto reverente ante Deus entre o grupo íntimo dos santos; Ele é grandioso e atemorizante sobre todos em volta dele.”
A palavra grega ekklesía (de ek, “de [dentro]”, e klésis, “chamada”) usualmente é usada na Septuaginta para traduzir a palavra hebraica qahál (congregação) e é às vezes empregada para ‛edháh (assembléia), embora para esta última se use também a palavra grega synagogé (que significa “ajuntamento”, de syn, “junto”, e ágo, “trazer”). Nas Escrituras Gregas Cristãs, ekklesí·a geralmente é vertida “congregação”. Em Atos 7:38, ela é usada com referência à congregação de Israel. A palavra grega synagogé aparece em Atos 13:43 (“reunião da sinagoga”) e em Tiago 2:2 (“reunião”). Outra palavra grega, panégyris (de pan, “todo” e agorá, designando qualquer espécie de assembléia), é vertida “assembléia geral” em Hebreus 12:23. — NM, VB.
As Escrituras têm muito a dizer sobre assembleias espiritualmente edificantes, embora também mencionem assembleias de caráter iníquo ou injusto. Partidários do rebelde Corá são chamados de “toda a sua assembléia”. (Núm 16:5) Davi disse em oração a Yehowah: “A própria assembléia dos que são tirânicos tem procurado a minha alma.” (Sal 86:14) Também, quando o prateiro Demétrio fomentou oposição a Paulo, em Éfeso, e se ajuntou uma multidão, “alguns estavam clamando uma coisa e outros outra; pois a assembléia estava em confusão, e a maioria deles nem sabia a razão por que se tinham reunido”. — At 19:24-29, 32.
Deve-se notar que prevalecia a ordem nas reuniões do povo de Deus; essas assembléias eram bem apoiadas, e eram ocasiões de benefício espiritual, muitas vezes ocasiões de grande alegria.
Em harmonia com a vontade divina, Moisés e Arão ajuntaram todos os anciãos de Israel no Egito. Transmitiram-se as palavras de Jeová, realizaram-se sinais, e o povo creu. (Êx 4:27-31) Depois, conforme Deus mandara, os israelitas reuniram-se ao sopé do monte Sinai (Horebe), presenciaram um emocionante espetáculo e testemunharam a promulgação da Lei. — Êx 19:10-19; De 4:9, 10.
Enquanto os israelitas estavam no ermo, Yahweh mandou que Moisés fizesse duas trombetas de prata, que deviam ser tocadas para reunir a assembléia e para levantar o acampamento. Quando ambas eram tocadas, toda a assembléia mantinha seu encontro com Moisés; quando apenas uma era tocada, somente os maiorais eram então convocados. No ermo, o lugar específico da assembléia era a “entrada da tenda de reunião”. (Núm 10:1-4; Êx 29:42) Mais tarde, era da vontade de Yahweh que os israelitas se reunissem regularmente junto ao templo em Jerusalém, congregando-se ali para as três grandes festividades anuais. — Êx 34:23, 24; 2Cr 6:4-6.
II. Assembléias Representativas.
Em certas ocasiões, o povo de Israel era representado nas reuniões pelos “maiorais da assembléia” (Êx 16:22; Núm 4:34; 31:13; 32:2; Jos 9:15, 18; 22:30), ou pelos “anciãos”. (Êx 12:21; 17:5; 24:1) Quando havia assuntos judiciais que exigiam atenção, talvez diversas pessoas se reunissem junto ao portão da cidade. Todavia, quer se reunissem ali, quer em outra parte, nem todos votavam sobre o caso em consideração, à moda democrática. Antes, de maneira teocrática, anciãos respeitados examinavam os assuntos à luz da lei de Deus e então anunciavam sua decisão. (De 16:18; 17:8-13) De maneira similar, a primitiva congregação cristã era representada em tais assuntos por aqueles que, pelo espírito santo, ocupavam cargos de responsabilidade. (At 20:28) Em Israel, quando a transgressão exigia a sentença de morte, esta talvez fosse executada pela assembléia inteira. — Le 24:14; Núm 15:32-36; De 21:18-21.
III. Assembléias Gerais.
As ocasiões de assembléias gerais em Israel incluíam festividades religiosas, assembléias solenes (2Cr 34:29, 30; Jl 2:15), ou eventos de grande significado nacional; a população era às vezes convocada por correios. (1Sa 10:17-19; 2Cr 30:6, 13) O sábado semanal, um dia de “completo repouso, um santo congresso” (Le 23:3), era uma ocasião de se considerar a Palavra de Deus, como se fazia nas posteriores sinagogas, onde ‘Moisés era lido em voz alta, cada sábado’. (At 15:21) Havia também a observância da lua nova (Núm 28:11-15), o dia de toque de trombeta (Núm 29:1-6), o anual Dia da Expiação (Le 16), a Páscoa (comemorando a libertação de Israel do Egito; Êx 12:14), e, mais tarde, a Festividade de Purim (comemorando a libertação dos judeus da ameaça de aniquilamento no Império Persa; Est 9:20-24), bem como a Festividade da Dedicação (em lembrança da rededicação do templo em 25 de quisleu de 165 AEC; Jo 10:22, 23). Além disso, havia três anuais “festividades periódicas [sazonais] de Yahweh”: a Festividade dos Pães Não Fermentados, a Festividade das Semanas (mais tarde chamada de Pentecostes) e a Festividade das Barracas (Le 23), festividades a respeito das quais Deus decretou: “Três vezes por ano, todo macho teu comparecerá perante a face do verdadeiro Senhor Yahweh.” (Êx 23:14-17) Reconhecendo o elevado valor espiritual destas festividades, muitos homens cuidavam de que toda a sua família estivesse presente. (Lu 2:41-45) Também, Moisés declarou expressamente que a cada sete anos, durante a Festividade das Barracas, os homens, as mulheres, as crianças e os residentes forasteiros de Israel deviam congregar-se no lugar que Yahweh escolhesse, ‘para que escutassem e para que aprendessem, visto que teriam de temer a Yahweh, seu Deus, e cuidar em cumprir todas as palavras desta lei’. (De 31:10-12) De modo que se providenciou que os israelitas se reunissem com bastante frequência para considerar a Palavra e os propósitos de Yahweh.
Após o término do templo, Salomão convocou uma grande assembléia em Jerusalém em conexão com a dedicação deste esplêndido edifício religioso. Esta assembléia durou muitos dias, e quando o povo foi dispensado para casa, este foi embora “alegre e sentindo-se bem de coração pela bondade que Yahweh havia feito a Davi e a Salomão, bem como a Israel, seu povo”. — 2Cr 5:1-7:10.
As multidões congregadas junto ao templo durante as festividades anuais sentiam grande deleite e usufruíam muitos benefícios espirituais, como na celebração da Páscoa no tempo do Rei Ezequias, quando “veio a haver grande alegria em Jerusalém”. (2Cr 30:26) Nos dias de Neemias, convocou-se uma assembléia que se mostrou uma ocasião de “muitíssima alegria”. (Ne 8:17) Esdras leu para o povo reunido em Jerusalém o livro da Lei de Moisés, fazendo-o perante “todos os suficientemente inteligentes para escutar”, e estes estavam atentos. (Ne 8:2, 3) Em resultado da instrução então transmitida por Esdras e por outros levitas, todo o povo se alegrou, “porque tinham entendido as palavras que se lhes deram a conhecer”. (Ne 8:12) Depois comemoraram a Festividade das Barracas, e, no oitavo dia, “houve uma assembléia solene, segundo a regra”. — Ne 8:18; Le 23:33-36.
IV. Sinagogas Como Locais de Reunião.
Durante o exílio dos judeus em Babilônia, ou pouco depois, passaram a ser usadas sinagogas, ou prédios que eram locais de reunião dos judeus. Com o tempo, estas foram estabelecidas em diversos lugares, havendo mais de uma em cidades grandes. As sinagogas eram primariamente escolas onde se liam e ensinavam as Escrituras. Eram também lugares de oração e para se dar louvor a Deus. Era costume de Jesus Cristo e de seus discípulos freqüentá-las para instruir e encorajar os presentes ali. (Mt 4:23; Lu 4:16; At 13:14, 15; 17:1, 2; 18:4) Visto que nas sinagogas se liam regularmente as Escrituras, Tiago pôde dizer ao corpo governante cristão em Jerusalém: “Desde os tempos antigos, Moisés tem tido em cidade após cidade os que o pregam, porque ele está sendo lido em voz alta nas sinagogas, cada sábado.” (At 15:21) Os aspectos básicos da adoração na sinagoga passaram a ser adotados nos locais de reunião cristãos, onde havia leitura e explanação das Escrituras, encorajamento, orações e o oferecimento de louvores. — 1Co 14:26-33, 40; Col 4:16.
V. Assembléias Cristãs.
Em diversas ocasiões, reuniram-se diante de Jesus Cristo grandes multidões, derivando disso muitos benefícios, como no caso do Sermão do Monte. (Mt 5:1-7:29) Embora não se tratasse de assembléias especialmente providenciadas, houve ocasiões em que duraram muito tempo, o que tornou necessário alimentar as multidões congregadas, uma situação que Jesus resolveu com a multiplicação milagrosa de alimentos. (Mt 14:14-21; 15:29-38) Frequentemente, Cristo reunia seus discípulos e dava-lhes instruções espirituais, e, depois da morte dele, seus seguidores reuniam-se, como no dia de Pentecostes de 33 EC, quando se conferiu o Espírito Santo a tais reunidos. — At 2:1-4.
Era costume dos primitivos cristãos reunir-se, em geral em pequenos grupos. No entanto, às vezes, nestas reuniões, ajuntava-se “uma considerável multidão”. (At 11:26) Tiago, meio-irmão de Jesus, achou apropriado aconselhar os israelitas espirituais contra demonstrar favoritismo para com os ricos numa reunião pública (gr.: synagogé) da congregação. — Tg 2:1-9.
VI. A Importância de se Reunir.
A importância de se aproveitar plenamente as provisões de Yahweh para se reunir, a fim de tirar proveito espiritual, é salientada em conexão com a celebração anual da Páscoa. Todo varão limpo, que não estivesse de viagem, mas que negligenciasse guardar a Páscoa, devia ser decepado na morte. (Núm 9:9-14) Quando o Rei Ezequias convocou os habitantes de Judá e de Israel a Jerusalém para a celebração duma Páscoa, sua mensagem foi, em parte: “Filhos de Israel, voltai a Yahweh... não endureçais a vossa cerviz, assim como fizeram os vossos antepassados. Dai lugar a Yahweh e vinde ao seu santuário que ele santificou por tempo indefinido, e servi a Yahweh, vosso Deus, para que a sua ira ardente recue de vós. . . . Yahweh, vosso Deus, é clemente e misericordioso, e não desviará de vós a sua face se voltardes a ele.” (2Cr 30:6-9) Deliberadamente deixar de comparecer certamente indicaria que se abandonava a Deus. E, embora festividades tais como a Páscoa não sejam celebradas pelos cristãos, Paulo apropriadamente exortou-os a não deixarem de lado as reuniões regulares do povo de Deus, declarando: “Consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos ao amor e a obras excelentes, não deixando de nos ajuntar, como é costume de alguns, mas encorajando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes chegar o dia.” — He 10:24, 25.
Deus, como Soberano Universal, tem o direito de decretar que seus servos se reúnam em assembléia e de especificar o tempo e o lugar da assembleia. Age assim em benefício deles. As assembleias do povo de Deus, nos tempos antigos, variavam no objetivo. Todavia, elas certamente contribuíam para a unidade, porque todos os presentes tinham a oportunidade de ouvir as mesmas coisas, ao mesmo tempo. Tais reuniões resultavam em muitos benefícios espirituais e frequentemente eram ocasiões de grande alegria.
I. Termos Hebraicos e Gregos.
Na Bíblia, usam-se diversas palavras hebraicas e gregas para indicar um ajuntamento. Uma palavra comum no texto hebraico é ‛edháh. Ela deriva da raiz ya‛ádh, que significa “designar; determinar”, e assim indica um grupo reunido por designação. (Veja 2Sa 20:5; Je 47:7.) ‛Edháh é muitas vezes aplicado à comunidade de Israel e é usado nas expressões “a assembléia” (Le 8:4, 5; Jz 21:10), “assembléia de Israel” (Êx 12:3; Núm 32:4; 1Rs 8:5) e “assembléia de Yahweh” (Núm 27:17).
A palavra hebraica moh‛édh deriva da mesma raiz que ‛edháh e significa “tempo designado” ou “lugar designado”. (1Sa 13:8; 20:35) É usada 223 vezes nas Escrituras Hebraicas, em expressões tais como “tenda de reunião”. (Êx 27:21) Moh‛édh é empregada em conexão com festividades periódicas, ou sazonais. (Le 23:2, 4, 37, 44) Aparece em Isaías 33:20, onde Sião é chamada de “a vila de nossas festividades”.
O termo hebraico miqrá’, significando “congresso”, deriva do verbo radical qará’ (chamar). Ocorre em Isaías 4:5, que menciona o “lugar de congresso” do monte Sião. Freqüente é o uso desta palavra na expressão “santo congresso” (Êx 12:16; Le 23:2, 3); durante tal santo congresso, não se devia fazer nenhum trabalho secular.
Outra palavra hebraica usada para designar reuniões é qahál, aparentada com um verbo que significa “congregar; convocar”. (Êx 35:1; Le 8:4) Frequentemente é usada para representar uma congregação como grupo organizado. Ocasionalmente, qahál (congregação) é usada junto com ‛edháh (assembléia). (Le 4:13; Núm 20:8, 10) Formas de ambas as palavras aparecem na expressão “congregação da assembléia de Israel [hebr.: qehál ‛adhath-Yisra’él]”. — Êx 12:6.
Ainda outra palavra hebraica é ‛atsaráh, traduzida por “assembléia solene”. Este termo é usado em conexão com a Festividade das Barracas e a Páscoa. — Le 23:36; De 16:8.
Reuniões íntimas de diversas espécies são designadas pela palavra hebraica sohdh, que significa “palestra confidencial; intimidade”. (Sal 83:3; Jó 29:4) É traduzida por “grupo íntimo” no Salmo 89:7, que declara: “Deve-se ter espanto reverente ante Deus entre o grupo íntimo dos santos; Ele é grandioso e atemorizante sobre todos em volta dele.”
A palavra grega ekklesía (de ek, “de [dentro]”, e klésis, “chamada”) usualmente é usada na Septuaginta para traduzir a palavra hebraica qahál (congregação) e é às vezes empregada para ‛edháh (assembléia), embora para esta última se use também a palavra grega synagogé (que significa “ajuntamento”, de syn, “junto”, e ágo, “trazer”). Nas Escrituras Gregas Cristãs, ekklesí·a geralmente é vertida “congregação”. Em Atos 7:38, ela é usada com referência à congregação de Israel. A palavra grega synagogé aparece em Atos 13:43 (“reunião da sinagoga”) e em Tiago 2:2 (“reunião”). Outra palavra grega, panégyris (de pan, “todo” e agorá, designando qualquer espécie de assembléia), é vertida “assembléia geral” em Hebreus 12:23. — NM, VB.
As Escrituras têm muito a dizer sobre assembleias espiritualmente edificantes, embora também mencionem assembleias de caráter iníquo ou injusto. Partidários do rebelde Corá são chamados de “toda a sua assembléia”. (Núm 16:5) Davi disse em oração a Yehowah: “A própria assembléia dos que são tirânicos tem procurado a minha alma.” (Sal 86:14) Também, quando o prateiro Demétrio fomentou oposição a Paulo, em Éfeso, e se ajuntou uma multidão, “alguns estavam clamando uma coisa e outros outra; pois a assembléia estava em confusão, e a maioria deles nem sabia a razão por que se tinham reunido”. — At 19:24-29, 32.
Deve-se notar que prevalecia a ordem nas reuniões do povo de Deus; essas assembléias eram bem apoiadas, e eram ocasiões de benefício espiritual, muitas vezes ocasiões de grande alegria.
Em harmonia com a vontade divina, Moisés e Arão ajuntaram todos os anciãos de Israel no Egito. Transmitiram-se as palavras de Jeová, realizaram-se sinais, e o povo creu. (Êx 4:27-31) Depois, conforme Deus mandara, os israelitas reuniram-se ao sopé do monte Sinai (Horebe), presenciaram um emocionante espetáculo e testemunharam a promulgação da Lei. — Êx 19:10-19; De 4:9, 10.
Enquanto os israelitas estavam no ermo, Yahweh mandou que Moisés fizesse duas trombetas de prata, que deviam ser tocadas para reunir a assembléia e para levantar o acampamento. Quando ambas eram tocadas, toda a assembléia mantinha seu encontro com Moisés; quando apenas uma era tocada, somente os maiorais eram então convocados. No ermo, o lugar específico da assembléia era a “entrada da tenda de reunião”. (Núm 10:1-4; Êx 29:42) Mais tarde, era da vontade de Yahweh que os israelitas se reunissem regularmente junto ao templo em Jerusalém, congregando-se ali para as três grandes festividades anuais. — Êx 34:23, 24; 2Cr 6:4-6.
II. Assembléias Representativas.
Em certas ocasiões, o povo de Israel era representado nas reuniões pelos “maiorais da assembléia” (Êx 16:22; Núm 4:34; 31:13; 32:2; Jos 9:15, 18; 22:30), ou pelos “anciãos”. (Êx 12:21; 17:5; 24:1) Quando havia assuntos judiciais que exigiam atenção, talvez diversas pessoas se reunissem junto ao portão da cidade. Todavia, quer se reunissem ali, quer em outra parte, nem todos votavam sobre o caso em consideração, à moda democrática. Antes, de maneira teocrática, anciãos respeitados examinavam os assuntos à luz da lei de Deus e então anunciavam sua decisão. (De 16:18; 17:8-13) De maneira similar, a primitiva congregação cristã era representada em tais assuntos por aqueles que, pelo espírito santo, ocupavam cargos de responsabilidade. (At 20:28) Em Israel, quando a transgressão exigia a sentença de morte, esta talvez fosse executada pela assembléia inteira. — Le 24:14; Núm 15:32-36; De 21:18-21.
III. Assembléias Gerais.
As ocasiões de assembléias gerais em Israel incluíam festividades religiosas, assembléias solenes (2Cr 34:29, 30; Jl 2:15), ou eventos de grande significado nacional; a população era às vezes convocada por correios. (1Sa 10:17-19; 2Cr 30:6, 13) O sábado semanal, um dia de “completo repouso, um santo congresso” (Le 23:3), era uma ocasião de se considerar a Palavra de Deus, como se fazia nas posteriores sinagogas, onde ‘Moisés era lido em voz alta, cada sábado’. (At 15:21) Havia também a observância da lua nova (Núm 28:11-15), o dia de toque de trombeta (Núm 29:1-6), o anual Dia da Expiação (Le 16), a Páscoa (comemorando a libertação de Israel do Egito; Êx 12:14), e, mais tarde, a Festividade de Purim (comemorando a libertação dos judeus da ameaça de aniquilamento no Império Persa; Est 9:20-24), bem como a Festividade da Dedicação (em lembrança da rededicação do templo em 25 de quisleu de 165 AEC; Jo 10:22, 23). Além disso, havia três anuais “festividades periódicas [sazonais] de Yahweh”: a Festividade dos Pães Não Fermentados, a Festividade das Semanas (mais tarde chamada de Pentecostes) e a Festividade das Barracas (Le 23), festividades a respeito das quais Deus decretou: “Três vezes por ano, todo macho teu comparecerá perante a face do verdadeiro Senhor Yahweh.” (Êx 23:14-17) Reconhecendo o elevado valor espiritual destas festividades, muitos homens cuidavam de que toda a sua família estivesse presente. (Lu 2:41-45) Também, Moisés declarou expressamente que a cada sete anos, durante a Festividade das Barracas, os homens, as mulheres, as crianças e os residentes forasteiros de Israel deviam congregar-se no lugar que Yahweh escolhesse, ‘para que escutassem e para que aprendessem, visto que teriam de temer a Yahweh, seu Deus, e cuidar em cumprir todas as palavras desta lei’. (De 31:10-12) De modo que se providenciou que os israelitas se reunissem com bastante frequência para considerar a Palavra e os propósitos de Yahweh.
Após o término do templo, Salomão convocou uma grande assembléia em Jerusalém em conexão com a dedicação deste esplêndido edifício religioso. Esta assembléia durou muitos dias, e quando o povo foi dispensado para casa, este foi embora “alegre e sentindo-se bem de coração pela bondade que Yahweh havia feito a Davi e a Salomão, bem como a Israel, seu povo”. — 2Cr 5:1-7:10.
As multidões congregadas junto ao templo durante as festividades anuais sentiam grande deleite e usufruíam muitos benefícios espirituais, como na celebração da Páscoa no tempo do Rei Ezequias, quando “veio a haver grande alegria em Jerusalém”. (2Cr 30:26) Nos dias de Neemias, convocou-se uma assembléia que se mostrou uma ocasião de “muitíssima alegria”. (Ne 8:17) Esdras leu para o povo reunido em Jerusalém o livro da Lei de Moisés, fazendo-o perante “todos os suficientemente inteligentes para escutar”, e estes estavam atentos. (Ne 8:2, 3) Em resultado da instrução então transmitida por Esdras e por outros levitas, todo o povo se alegrou, “porque tinham entendido as palavras que se lhes deram a conhecer”. (Ne 8:12) Depois comemoraram a Festividade das Barracas, e, no oitavo dia, “houve uma assembléia solene, segundo a regra”. — Ne 8:18; Le 23:33-36.
IV. Sinagogas Como Locais de Reunião.
Durante o exílio dos judeus em Babilônia, ou pouco depois, passaram a ser usadas sinagogas, ou prédios que eram locais de reunião dos judeus. Com o tempo, estas foram estabelecidas em diversos lugares, havendo mais de uma em cidades grandes. As sinagogas eram primariamente escolas onde se liam e ensinavam as Escrituras. Eram também lugares de oração e para se dar louvor a Deus. Era costume de Jesus Cristo e de seus discípulos freqüentá-las para instruir e encorajar os presentes ali. (Mt 4:23; Lu 4:16; At 13:14, 15; 17:1, 2; 18:4) Visto que nas sinagogas se liam regularmente as Escrituras, Tiago pôde dizer ao corpo governante cristão em Jerusalém: “Desde os tempos antigos, Moisés tem tido em cidade após cidade os que o pregam, porque ele está sendo lido em voz alta nas sinagogas, cada sábado.” (At 15:21) Os aspectos básicos da adoração na sinagoga passaram a ser adotados nos locais de reunião cristãos, onde havia leitura e explanação das Escrituras, encorajamento, orações e o oferecimento de louvores. — 1Co 14:26-33, 40; Col 4:16.
V. Assembléias Cristãs.
Em diversas ocasiões, reuniram-se diante de Jesus Cristo grandes multidões, derivando disso muitos benefícios, como no caso do Sermão do Monte. (Mt 5:1-7:29) Embora não se tratasse de assembléias especialmente providenciadas, houve ocasiões em que duraram muito tempo, o que tornou necessário alimentar as multidões congregadas, uma situação que Jesus resolveu com a multiplicação milagrosa de alimentos. (Mt 14:14-21; 15:29-38) Frequentemente, Cristo reunia seus discípulos e dava-lhes instruções espirituais, e, depois da morte dele, seus seguidores reuniam-se, como no dia de Pentecostes de 33 EC, quando se conferiu o Espírito Santo a tais reunidos. — At 2:1-4.
Era costume dos primitivos cristãos reunir-se, em geral em pequenos grupos. No entanto, às vezes, nestas reuniões, ajuntava-se “uma considerável multidão”. (At 11:26) Tiago, meio-irmão de Jesus, achou apropriado aconselhar os israelitas espirituais contra demonstrar favoritismo para com os ricos numa reunião pública (gr.: synagogé) da congregação. — Tg 2:1-9.
VI. A Importância de se Reunir.
A importância de se aproveitar plenamente as provisões de Yahweh para se reunir, a fim de tirar proveito espiritual, é salientada em conexão com a celebração anual da Páscoa. Todo varão limpo, que não estivesse de viagem, mas que negligenciasse guardar a Páscoa, devia ser decepado na morte. (Núm 9:9-14) Quando o Rei Ezequias convocou os habitantes de Judá e de Israel a Jerusalém para a celebração duma Páscoa, sua mensagem foi, em parte: “Filhos de Israel, voltai a Yahweh... não endureçais a vossa cerviz, assim como fizeram os vossos antepassados. Dai lugar a Yahweh e vinde ao seu santuário que ele santificou por tempo indefinido, e servi a Yahweh, vosso Deus, para que a sua ira ardente recue de vós. . . . Yahweh, vosso Deus, é clemente e misericordioso, e não desviará de vós a sua face se voltardes a ele.” (2Cr 30:6-9) Deliberadamente deixar de comparecer certamente indicaria que se abandonava a Deus. E, embora festividades tais como a Páscoa não sejam celebradas pelos cristãos, Paulo apropriadamente exortou-os a não deixarem de lado as reuniões regulares do povo de Deus, declarando: “Consideremo-nos uns aos outros para nos estimularmos ao amor e a obras excelentes, não deixando de nos ajuntar, como é costume de alguns, mas encorajando-nos uns aos outros, e tanto mais quanto vedes chegar o dia.” — He 10:24, 25.