Introdução Bíblica: Livro de 2 Samuel

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Escritores: Gade e Natã
Lugar da Escrita: Israel
Escrita Completada: c. 1040 AEC
Tempo Abrangido: 1077-c. 1040 AEC

O livro de 2 Samuel é o de número 10 no cânon das Escrituras. A nação de Israel estava desesperada por causa da derrota que sofrera em Gilboa e da invasão do país pelos vitoriosos filisteus em conseqüência disso. Os líderes de Israel e a nata de seus jovens jaziam mortos. É então que Davi, o jovem “ungido de Yehowah”, filho de Jessé, faz sua entrada propriamente dita na cena nacional. (2 Sam. 19:21) Assim começa o livro de Segundo Samuel, que bem poderia ser chamado de livro de Yehowah e Davi. A narrativa está cheia de ação de toda sorte. Vai desde o nadir da derrota até o zênite da vitória, desde a angústia de uma nação dilacerada pelas lutas internas até a prosperidade de um reino unido e desde o vigor da juventude até a sabedoria da idade avançada. Aqui se relata a vida íntima de Davi, que de todo o coração procurava seguir a Deus. É um relato que deve incitar o leitor a fazer um escrutínio de seu coração, a fim de estreitar sua relação com seu Criador e ter o Seu favor.

O nome de Samuel, na realidade, nem sequer é mencionado no relato de Segundo Samuel, sendo este nome dado ao livro, pelo que parece, por ter sido originalmente um só rolo, ou volume, com Primeiro Samuel. Os profetas Natã e Gade, que completaram o relato de Primeiro Samuel, continuaram a escrita de todo o livro de Segundo Samuel. (1 Crô. 29:29) Estavam bem qualificados para essa tarefa. Não só Gade estivera com Davi, quando este foi perseguido como fora-da-lei em Israel, mas, perto do fim do reinado de 40 anos de Davi, ainda colaborava ativamente com o rei. Foi a Gade que Yehowah usou para declarar seu desagrado a Davi, por este ter feito imprudentemente a contagem de Israel. (1 Sam. 22:5; 2 Sam. 24:1-25) Durante a vida de Gade, e mesmo depois da morte deste, o profeta Natã, colaborador íntimo de Davi, continuou as suas atividades. Ele teve o privilégio de dar a conhecer o importante pacto de Deus com Davi, o pacto referente a um Reino eterno. Foi também ele que corajosamente e sob inspiração denunciou o grande pecado de Davi, com relação a Bate-Seba, e pronunciou a penalidade. (2 Sam. 7:1-17; 12:1-15) Assim, Deus serviu-se de Natã, cujo nome significa “[Deus] Tem Dado”, e Gade, cujo nome significa “Boa Sorte”, para escreverem as informações inspiradas e proveitosas contidas em Segundo Samuel. Estes historiadores modestos não procuraram preservar a memória deles, pois o livro não dá nenhuma informação sobre seus antepassados ou sobre a vida particular deles. Procuraram preservar unicamente o relato inspirado por Deus, em benefício dos futuros adoradores de Yehowah.

O livro de Segundo Samuel prossegue a narrativa da história bíblica exata depois da morte de Saul, o primeiro rei de Israel, até perto do fim do reinado de 40 anos de Davi. Assim, abrange o espaço de tempo desde 1077 AEC até cerca de 1040 AEC. O fato de o livro não falar da morte de Davi é forte evidência de que foi escrito em cerca de 1040 AEC, ou pouco antes de sua morte.

Devemos aceitar o livro de Segundo Samuel como parte do cânon da Bíblia pelos mesmos motivos apresentados com respeito a Primeiro Samuel. É incontestável a sua autenticidade. A própria franqueza e sinceridade dos escritores, não passando por alto nem mesmo os pecados e as faltas do Rei Davi, é, em si, forte evidência indireta da veracidade desse documento.

Todavia, a evidência mais convincente da autenticidade de Segundo Samuel reside no cumprimento das profecias, especialmente as relacionadas com o pacto do Reino feito com Davi. Deus fez a seguinte promessa a Davi: “Tua casa e teu reino hão de ficar firmes por tempo indefinido diante de ti; teu próprio trono ficará firmemente estabelecido por tempo indefinido.” ( 7:16) Mesmo no crepúsculo do reino de Judá, Jeremias declarou que esta promessa feita à casa de Davi subsistiria, dizendo: “Assim disse Yehowah: ‘No caso de Davi, não se decepará homem seu, impedindo-o de sentar-se no trono da casa de Israel.” (Jer. 33:17) Esta profecia se cumpriu, pois, mais tarde, Yehowah suscitou a “Jesus Cristo, filho de Davi”, da tribo de Judá, segundo testifica tão claramente a Bíblia. — Mat. 1:1