Panorama da Carta aos Romanos

Panorama da Carta aos Romanos
PANORAMA DA CARTA AOS ROMANOS


A imparcialidade de Deus para com os judeus e os gentios (1:1-2:29). O que diz o inspirado Paulo aos romanos? Nas suas palavras iniciais, ele se identifica como apóstolo escolhido por Cristo para ensinar a ‘obediência pela fé’ entre as nações. Expressa o desejo ardente de visitar os santos em Roma, para usufruir “um intercâmbio de encorajamento” e declarar entre eles as boas novas que são “o poder de Deus para a salvação de todo aquele que tem fé”. Conforme havia sido escrito muito tempo antes, o justo viverá “por meio da fé”. (1:5, 12, 16, 17) Tanto os judeus como os gregos, demonstra ele, merecem a ira de Deus. A impiedade do homem é inescusável, porque ‘as qualidades invisíveis de Deus são claramente vistas desde a criação do mundo em diante’. (1:20) No entanto, as nações fazem tolamente deuses de coisas criadas. Todavia, os judeus não devem julgar as nações severamente, visto que eles também são culpados de pecados. Ambas as classes serão julgadas segundo as suas obras, pois Deus não é parcial. A circuncisão da carne não é o fator determinante; “judeu é aquele que o é no íntimo, e a sua circuncisão é a do coração”. — 2:29.

Todos são declarados justos mediante a fé (3:1-4:25). “Qual é então a superioridade do judeu?” É grande, pois aos judeus foram confiadas as proclamações sagradas de Deus. Todavia, “tanto os judeus como os gregos estão todos debaixo de pecado”, e ninguém é “justo” aos olhos de Deus. Sete passagens das Escrituras Hebraicas são citadas para provar este ponto. (Rom. 3:1, 9-18; Sal. 14:1-3; 5:9; 140:3; 10:7; Pro. 1:16; Isa. 59:7, 8; Sal. 36:1) A Lei revela a pecaminosidade do homem, portanto, “por obras de lei, nenhuma carne será declarada justa”. Contudo, mediante a graça imerecida de Deus, e a libertação por meio do resgate, tanto judeus como gregos estão sendo declarados justos “pela fé, à parte das obras da lei”. (Rom. 3:20, 28) Paulo confirma este argumento, citando o exemplo de Abraão, declarado justo, não por causa de obras ou da circuncisão, mas por causa da sua fé exemplar. Assim, Abraão se tornou pai, não só dos judeus, mas de “todos os que têm fé”. — 4:11.

Não mais escravos do pecado, mas da justiça por meio de Cristo (5:1-6:23). Por meio de um só homem, Adão, entrou o pecado no mundo, e o pecado trouxe a morte, “e assim a morte se espalhou a todos os homens, porque todos tinham pecado”. (5:12) A morte reinou desde Adão até Moisés. Quando a Lei foi dada por meio de Moisés, o pecado abundou e a morte continuou a reinar. Mas, agora, a benignidade imerecida de Deus é ainda mais abundante, e, mediante a obediência de Cristo, muitos são declarados justos para a vida eterna. Contudo, isto não é licença para se viver em pecado. Os batizados em Cristo têm de estar mortos quanto ao pecado. A sua velha personalidade foi posta sobre a estaca, e vivem no que concerne a Deus. O pecado não mais reina sobre eles, mas tornam-se escravos da justiça, tendo em vista a santidade. “O salário pago pelo pecado é a morte, mas o dom dado por Deus é a vida eterna por Cristo Jesus, nosso Senhor.” — 6:23.

Mortos para com a Lei, vivos pelo espírito, em união com Cristo (7:1-8:39). Paulo usa o exemplo da esposa que está amarrada a seu marido enquanto este viver, mas está livre para se casar com outro se ele morrer, para mostrar que, mediante o sacrifício de Cristo, os judeus cristãos se tornaram mortos quanto à Lei, e ficaram livres para pertencer a Cristo e produzir frutos para Deus. A Lei, que é santa, tornou mais evidente o pecado, e o pecado trouxe a morte. O pecado, que reside nos nossos corpos carnais, guerreia contra as nossas boas intenções. Conforme diz Paulo: “Pois o bem que quero, não faço, mas o mal que não quero, este é o que pratico.” Assim, “quem o produz não sou mais eu, mas o pecado que mora em mim”. — 7:19, 20.

O que pode salvar o homem de tal condição lastimável? Deus, por meio de seu Espírito, pode tornar vivos os que pertencem a Cristo! São adotados quais filhos, são declarados justos, tornam-se herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo, e são glorificados. Paulo lhes diz: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem nos separará do amor do Cristo?” Ninguém! Ele declara triunfantemente: “Estamos sendo completamente vitoriosos, por intermédio daquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem governos, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” — 8:31, 35, 37-39.

“Israel” salvo mediante a fé e pela misericórdia de Deus (9:1-10:21). Paulo expressa “grande pesar” pelos seus co-israelitas, mas reconhece que nem todo o Israel carnal é realmente o “Israel”, visto que Deus tem a autoridade de escolher a quem quiser como filhos. Segundo demonstrado pelos tratos de Deus com Faraó e pela ilustração do oleiro, “depende, . . . não daquele que deseja, nem daquele que corre, mas de Deus, que tem misericórdia”. (9:2, 6, 16) Ele chama filhos “não somente dentre os judeus, mas também dentre as nações”, segundo predissera muito antes Oséias. (Osé. 2:23) Israel fracassou porque buscou ganhar o favor de Deus “não pela fé, mas como por obras”, e por tropeçar em Cristo, a “rocha de ofensa”. (Rom. 9:24, 32, 33) Tinham “zelo de Deus”, mas não “segundo o conhecimento exato”. Para os que exercem fé para a justiça, Cristo é o fim da Lei, e, para ganhar a salvação, a pessoa precisa declarar publicamente “que Jesus é Senhor” e exercer fé “que Deus o levantou dentre os mortos”. (10:2, 9) Enviam-se pregadores para que pessoas de todas as nações possam ouvir, ter fé e invocar o nome de Yehowah, a fim de serem salvas.

Ilustração da oliveira (11:1-36). Em virtude da benignidade imerecida, um restante do Israel natural foi escolhido, mas, visto que a maioria tropeçou, “há salvação para pessoas das nações”. (11:11) Usando a ilustração de uma oliveira, Paulo mostra que, em razão de o Israel carnal não ter fé, não-judeus foram enxertados. Entretanto, os não-judeus não devem regozijar-se com a rejeição de Israel, pois, se Deus não poupou os ramos naturais infiéis, tampouco poupará os ramos da oliveira brava, tomados das nações e enxertados nela.

A renovação da mente; as autoridades superiores (12:1-13:14). Paulo aconselha os cristãos a apresentar seus corpos quais sacrifícios vivos a Deus. Não mais sejam “modelados segundo este sistema de coisas”, mas sejam ‘transformados por reformar a sua mente’. Não sejam altivos. O corpo de Cristo, semelhante a um corpo humano, possui muitos membros, que têm funções diferentes, mas operam juntos em união. Não paguem a ninguém o mal com o mal. Deixem a vingança para Deus. Vençam “o mal com o bem”. — 12:2, 21.

Sujeitem-se às autoridades superiores; é o arranjo de Deus. Continuem a fazer o bem e não devam coisa alguma a ninguém, exceto amar uns aos outros. Aproxima-se a salvação, portanto, ‘ponham de lado as obras pertencentes à escuridão’ e ‘revistam-se das armas da luz’. (13:12) Andem em boa conduta, não segundo os desejos da carne.

Acolham a todos imparcialmente, sem julgar (14:1-15:33). Suportem os que, por ser fraca a sua fé, se abstêm de certos alimentos ou observam dias de festa. Tampouco julguem seu irmão, nem o façam tropeçar pelo comer e beber, visto que Deus julga a cada um de nós. Busquem a paz e as coisas edificantes, e suportem as fraquezas dos outros.

O apóstolo escreve: “Todas as coisas escritas outrora foram escritas para a nossa instrução”, e faz mais quatro citações das Escrituras Hebraicas como prova final de que os inspirados profetas haviam predito há muito que as promessas de Deus se estenderiam às nações não-judaicas. (Rom. 15:4, 9-12; Sal. 18:49; Deut. 32:43; Sal. 117:1; Isa. 11:1, 10) “Portanto”, admoesta Paulo, “acolhei-vos uns aos outros, assim como também o Cristo nos acolheu, visando glória para Deus”. (Rom. 15:7) Paulo expressa apreço pela benignidade imerecida, que Deus lhe manifestou, tornando-o um servidor público para as nações, “ocupado na obra santa das boas novas de Deus”. Paulo procura sempre abrir novos territórios, em vez de “edificar sobre o alicerce de outro homem”. E ainda não terminou seu trabalho, pois, depois de levar contribuições a Jerusalém, ele planeja uma viagem ainda maior de pregação até à Espanha distante, e, a caminho dali, levar “uma plena medida de bênção da parte de Cristo” a seus irmãos espirituais em Roma. — 15:16, 20, 29.

Saudações concludentes (16:1-27). Paulo envia saudações pessoais a 26 membros da congregação de Roma, mencionando-os por nome, bem como a outros, e exorta-os a evitar as pessoas que causam divisões e a ser “sábios quanto ao que é bom, porém inocentes quanto ao que é mau”. Tudo é para a glória de Deus “por intermédio de Jesus Cristo, para sempre. Amém.” — 16:19, 27.