Panorama do Livro de Daniel
PANORAMA DO LIVRO DE DANIEL
Preparação para o serviço de Estado (1:1-21). Em 617 AEC, Daniel chega a Babilônia junto com os judeus cativos. Chegam também os utensílios sagrados do templo de Jerusalém, para serem guardados numa casa de tesouros pagã. Daniel e seus três companheiros hebreus estão entre os jovens judeus da realeza escolhidos para um curso de treinamento de três anos no palácio do rei. Decidido no coração a não se poluir com as iguarias pagãs e vinhos do rei, Daniel propõe um teste de dez dias de dieta vegetariana. O resultado do teste favorece a Daniel e seus companheiros, e Deus lhes dá conhecimento e sabedoria. Nabucodonosor nomeia os quatro quais conselheiros seus. O último versículo do capítulo 1 , que pode ter sido acrescentado muito depois de ter sido escrita a parte precedente, indica que Daniel ainda estava no serviço real uns 80 anos depois de ter ido ao exílio, ou seja, por volta de 538 AEC.
Sonho da estátua atemorizante (2:1-49). No segundo ano de seu reinado (provavelmente a partir da destruição de Jerusalém, em 607 AEC), Nabucodonosor fica agitado por causa de um sonho. Seus sacerdotes-magos não conseguem revelar o sonho e sua interpretação. Ele lhes oferece grandes dádivas, mas eles protestam, dizendo que ninguém senão os deuses pode mostrar ao rei o que ele está pedindo. O rei se enfurece e manda matar os sábios. Visto que os quatro hebreus estão incluídos neste decreto, Daniel pede um tempo para revelar o sonho. Ele e seus companheiros oram a Yehowah pedindo orientação. Yehowah revela o sonho e seu significado a Daniel, que então vai à presença do rei e diz: “Há nos céus um Deus que é Revelador de segredos, e ele fez saber ao Rei Nabucodonosor o que há de acontecer na parte final dos dias.” (2:28) Daniel descreve o sonho. É a respeito duma enorme estátua. A cabeça da estátua é de ouro, seu peito e seus braços de prata, seu ventre e suas coxas de cobre, e suas pernas de ferro, com pés parcialmente de ferro e parcialmente de argila. Uma pedra golpeia e esmiúça a estátua e se torna um grande monte que enche a terra inteira. O que significa isso? Daniel revela que o rei de Babilônia é a cabeça de ouro. Depois do seu reino virá um segundo, um terceiro e um quarto. Por fim, “o Deus do céu estabelecerá um reino que jamais será arruinado. . . . Esmiuçará e porá termo a todos estes reinos, e ele mesmo ficará estabelecido por tempos indefinidos”. (2:44) Com gratidão e apreço, o rei exalta o Deus de Daniel como “Deus de deuses” e faz de Daniel “governante de todo o distrito jurisdicional de Babilônia e prefeito supremo sobre todos os sábios de Babilônia”. Os três companheiros de Daniel são constituídos administradores no reino. — 2:47, 48.
Três hebreus sobrevivem à fornalha ardente (3:1-30). Nabucodonosor erige uma enorme imagem de ouro, de 60 côvados (cerca de 27 metros) de altura, e ordena que os governantes do império se reúnam para a sua inauguração. Ao som de uma música especial, todos devem prostrar-se e adorar a imagem. Quem não obedecer deve ser lançado na fornalha de fogo. Relata-se que os três companheiros de Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego, não anuíram. São levados à presença do encolerizado rei, onde afirmam intrepidamente: “Nosso Deus, a quem servimos, poderá salvar-nos. . . . Não é a tua imagem de ouro que erigiste que adoraremos.” (3:17, 18) Enfurecido, o rei manda aquecer a fornalha sete vezes mais do que de costume, e que os três hebreus sejam amarrados e lançados nela. Ao assim fazerem, os que seriam os executores são mortos pelas chamas. Nabucodonosor fica com medo. O que vê na fornalha? Quatro homens caminham ilesos no meio do fogo, e “a aparência do quarto é semelhante à de um filho dos deuses”. (3:25) O rei pede aos três hebreus que saiam do fogo. Eles saem, não chamuscados, nem mesmo com cheiro de fogo! Em resultado de sua intrépida posição em favor da adoração verdadeira, Nabucodonosor proclama liberdade de adoração para os judeus em todo o império.
Sonho dos “sete tempos” (4:1-37). Este sonho aparece no registro como transcrição feita por Daniel de um documento estatal de Babilônia. Foi escrito pelo humilhado Nabucodonosor. Primeiro, Nabucodonosor reconhece o poder e o reino do Deus Altíssimo. Daí conta um sonho atemorizante e como este se cumpriu nele próprio. Ele viu uma árvore cuja altura atingia o céu e que fornecia abrigo e alimento para toda a carne. Um vigilante clamou: ‘Derrubai a árvore. Atai o seu toco com bandas de ferro e de cobre. Passem sobre ele sete tempos, para que se saiba que o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e estabelece nele o mais humilde da humanidade.’ (4:14-17) Daniel interpretou o sonho, revelando que a árvore representava a Nabucodonosor. Seguiu-se logo um cumprimento desse sonho profético. Numa ocasião em que expressava grande orgulho, o rei foi acometido de demência; e viveu como animal no campo por sete anos. Depois disso, ele recuperou a sanidade mental e reconheceu a supremacia de Yehowah.
O banquete de Belsazar: interpretada a escrita (5:1-31). É a noite fatídica de 5 de outubro de 539 AEC. O Rei Belsazar, filho de Nabonido, como co-regente de Babilônia, oferece um grande banquete para mil de seus grandes. O rei, sob a influência de vinho, pede que lhe tragam os vasos sagrados de ouro e de prata do templo de Yehowah, e nestes Belsazar e seus convidados bebem, em sua devassidão, enquanto louvam seus deuses pagãos. Subitamente, surge uma mão que escreve na parede uma mensagem enigmática. O rei fica aterrorizado. Seus sábios não conseguem interpretar a escrita. Finalmente, Daniel é trazido à sua presença. O rei oferece fazer dele o terceiro no reino, se puder ler e interpretar a escrita, mas Daniel diz-lhe que guarde para si as suas dádivas. Daí passa a explicar a escrita e seu significado: “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. . . . Deus contou os dias do teu reino e acabou com ele. . . . Foste pesado na balança e achado deficiente. . . . Teu reino foi dividido e dado aos medos e aos persas.” (5:25-28) Naquela mesma noite, Belsazar é morto, e Dario, o medo, recebe o reino.
Daniel na cova dos leões (6:1-28). Altos funcionários no governo de Dario tramam contra Daniel, fazendo com que o rei emita uma lei que proíbe por 30 dias fazer qualquer petição a qualquer deus ou homem, exceto ao rei. Quem quer que desobedeça deve ser lançado aos leões. Daniel recusa-se a obedecer essa lei que afeta sua adoração e volta-se para Jeová em oração. É lançado na cova dos leões. Milagrosamente, o anjo de Jeová fecha a boca dos leões e, na manhã seguinte, o Rei Dario alegra-se de ver Daniel ileso. Os inimigos são então lançados aos leões, e o rei emite um decreto no sentido de que se tema ao Deus de Daniel, pois “ele é o Deus vivente”. (6:26) Daniel prospera no serviço governamental e continua no posto no reinado de Ciro.
Visões dos animais (7:1-8:27). Retornamos ao “primeiro ano de Belsazar”, cujo reinado evidentemente começou em 553 AEC. Daniel tem um sonho pessoal, que ele registra em aramaico. Ele vê surgirem sucessivamente quatro gigantescos e atemorizantes animais. O quarto é extraordinariamente forte, e um pequeno chifre surge entre os seus outros chifres, “falando coisas grandiosas”. (7:8) Surge o Antigo de Dias e ocupa seu lugar. “Mil vezes mil” ministram-lhe. “Alguém semelhante a um filho de homem” chega a sua presença e ‘lhe é dado domínio, dignidade e um reino, para que todos os povos, grupos nacionais e línguas o sirvam’. (7:10, 13, 14) Daí, dá-se a Daniel a interpretação da visão dos quatro animais. Eles representam quatro reis, ou reinos. Dentre os dez chifres do quarto animal surge um chifre pequeno. Este torna-se poderoso e trava guerra aos santos. Contudo, a Corte celestial intervém para dar “o reino, e o domínio, e a grandiosidade dos reinos debaixo de todos os céus . . . ao povo que são os santos do Supremo”. — 7:27.
Dois anos depois, muito antes da queda de Babilônia, Daniel tem outra visão, que registra em hebraico. Um bode com um chifre proeminente entre os olhos luta com um orgulhoso carneiro de dois chifres e o derrota. Quebra-se o chifre grande do bode e surgem quatro chifres menores. De um destes surge um chifre pequeno que se torna grande, ao ponto de desafiar o exército dos céus. Prediz-se um período de 2.300 dias até que o lugar santo seja levado à sua “condição correta”. (8:14) Gabriel explica a visão a Daniel. O carneiro representa os reis da Média e da Pérsia. O bode é o rei da Grécia, cujo reino será dividido em quatro. Mais tarde, um rei de semblante feroz pôr-se-á de pé “contra o Príncipe dos príncipes”. Visto que a visão “é ainda para muitos dias”, Daniel por ora tem de mantê-la em segredo. — 8:25, 26.
Predito o Messias, o Líder (9:1-27). “No primeiro ano de Dario . . . dos medos”, Daniel examina a profecia de Jeremias. Compreendendo que a predita desolação de Jerusalém, de 70 anos, aproxima-se do fim, Daniel ora a Jeová em confissão de seus próprios pecados e dos de Israel. (Dan. 9:1-4; Jer. 29:10) Surge Gabriel para revelar que haverá “setenta semanas . . . para acabar com a transgressão e encerrar o pecado, e para fazer expiação pelo erro”. O Messias, o Líder, virá no fim de 69 semanas, depois do que será decepado. O pacto será mantido em vigor para com os muitos até o fim da 70.a semana e, por fim, haverá desolação e extermínio. — Dan. 9:24-27.
O norte contra o sul, Miguel põe-se de pé (10:1-12:13). É o “terceiro ano de Ciro”, portanto, cerca de 536 AEC, não muito depois do retorno dos judeus a Jerusalém. Depois de um jejum de três semanas, Daniel se acha à margem do rio Hídequel. (Dan. 10:1, 4; Gên. 2:14) Aparece-lhe um anjo que lhe explica que ‘o príncipe da Pérsia’ opôs-se a que ele fosse ter com Daniel, mas que “Miguel, um dos mais destacados príncipes”, o ajudou. Daí, relata a Daniel uma visão que é para a “parte final dos dias”. — Dan. 10:13, 14.
De início, essa fascinante visão fala da dinastia persa e duma vindoura luta com a Grécia. Pôr-se-á de pé um poderoso rei com um domínio extenso, mas o seu reino será dividido em quatro partes. Com o tempo, haverá duas longas linhagens de reis, o rei do sul em oposição ao rei do norte. A luta pelo poder terá avanços e recuos. Esses reis irremediavelmente maus a uma só mesa continuarão a falar mentira. “No tempo designado”, a guerra explodirá outra vez. Haverá profanação do santuário de Deus, e será constituída “a coisa repugnante que causa desolação”. (11:29-31) O rei do norte falará coisas estupendas contra o Deus de deuses e dará glória ao deus das fortalezas. Quando, “no tempo do fim”, o rei do sul se empenhar com o rei do norte em dar empurrões, o rei do norte inundará muitas terras, entrando também “na terra do Ornato”. Perturbado por notícias procedentes do leste e do norte, ele sairá em grande furor e armará “suas tendas palaciais entre o grande mar e o monte santo do Ornato”. Assim, “terá de chegar até o seu fim, e não haverá quem o ajude”. — 11:40, 41, 45.
A grandiosa visão continua: Miguel é visto de pé ‘a favor dos filhos do povo de Deus’. Haverá “um tempo de aflição” sem precedentes na história humana, mas, os que forem achados inscritos no livro escaparão. Muitos acordarão do pó para a vida eterna, “e os perspicazes raiarão como o resplendor da expansão”. Levarão muitos à justiça. Daniel deve selar o livro “até o tempo do fim”. “Quanto tempo levará até o fim das coisas maravilhosas?” O anjo menciona períodos de três tempos e meio, de 1.290 dias e de 1.335 dias, e diz que apenas “os perspicazes entenderão”. Felizes são esses! Por fim, o anjo apresenta a Daniel a garantida promessa de que ele descansará e daí erguer-se-á para receber a sua sorte “no fim dos dias”. — 12:1, 3, 4, 6, 10, 13.