As Profecias Messiânicas
Há a registrar ainda um aspecto importante da obra dos profetas, que não deve ser esquecido, se porventura queremos analisar até que ponto os profetas contribuíram na preparação de Israel para poder participar na redenção da humanidade. Além de lembrarem o passado e o presente, não deixaram de dirigir a atenção do povo para o futuro. A idéia de um "dia do Senhor" em que Ele havia de manifestar-Se em todo o Seu poder não era nova no séc. VIII. Na crença popular, todavia, significava um tempo quando Israel triunfaria de seus inimigos. Os profetas, por outro lado, acentuavam que para um povo desobediente seria um dia de trevas e não de luz. Deus seria vingado pelo castigo de todas os transgressores, fossem pagãos ou israelitas, embora os privilégios e as bênçãos prometidos aos cumpridores da Lei não sejam distribuídos senão com um critério justíssimo.
Os profetas, no entanto, consideravam ainda outro aspecto, ao terem em vista o futuro que apontavam. É que não o faziam com o fim de aterrorizar os pecadores, lembrando-lhes a justiça retributiva de Jeová, mas por outro lado, revelava-lhes o plano de Deus em relação ao povo escolhido. Como as outras nações, também Israel tinha um ideal em vista, pelo qual lutava com todas as suas energias. Era necessário que a sua vida moral fosse estimulada, não só pela esperança mas também pela lembrança. Houve períodos na sua história em que se tornou notável a influência exercida pelos países circunvizinhos. Era de ver como se aplicava em preparar o exército e desenvolver o comércio e a indústria. Mas uma série de desastres e de revezes vieram desfazer o sonho dourado desta supremacia mundana, embora a chama de esperança se mantivesse viva ainda por muito tempo. A pregação dos profetas chamou a atenção para a verdadeira vocação do país e procurou exaltar os ânimos com a visão dum futuro glorioso, que de longe ultrapassaria a história do passado. Embora, por causa do pecado, o país tivesse de sofrer a perda do território nacional, do templo e da própria independência, não tardaria a oportunidade em que o povo seria purificado e enriquecido, após uma restauração vitoriosa, e iria instruir os outros povos no conhecimento do Senhor, orientando-os no caminho da justiça e da paz. Ora, o cumprimento de tais promessas vem quase sempre associado a uma Pessoa, apresentada sob diferentes formas, e ultimamente designada por Messias (Dn 9.25-26). Já tinha havido uma série de profecias relativas a essa Pessoa a começar pelas do Proto-evangelho (Gn 3.15), mas as que haviam de aludir mais diretamente ao Messias eram, sem dúvida, as dos profetas do séc. VIII em diante, que não se cansam de O apelidar Profeta, Sacerdote e Rei. É sobretudo nos últimos capítulos de Isaías que mais se desenvolvem os dons proféticos do Messias: É chamado desde o ventre (Is 49.1); a Sua boca é uma espada aguda, uma frecha limpa na aljava do Senhor (Is 49.2); Jeová dá-lhe uma língua erudita, para saber dizer a seu tempo uma palavra e todas as manhãs Lhe desperta o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem (Is 50.4); a Sua mensagem é dirigida aos mansos (Is 61.1), porque foi enviado a restaurar os contritos de coração e a proclamar a liberdade aos cativos, não só de Israel mas também dos gentios, pois levará a salvação até à extremidade da terra (Is 49.6); finalmente, confiado no braço do Senhor, o Messias prosseguirá tranqüilamente a missão de que é incumbido, apesar do desprezo e das perseguições (Is 49.7; Is 50.5-7).
Ser profeta entre as nações era, sem dúvida, a vocação de Israel, e o profeta por excelência só poderia sair de Israel. Mas há ainda outro aspecto a considerar. É que o Servo sairá vitorioso através do sofrimento e da dor. Ninguém Lhe dará crédito; será desprezado e incompreendido; levado à morte, mas sem um protesto; considerado um malfeitor, mas sem se opor nem defender; será atormentado pelos pecados do povo de Deus, e por eles oferecerá a alma ao Deus que o ressuscitará dos mortos para a justificação de muitos; pela morte será, pois, glorificado (Is 52.13-53.12). O Novo Testamento atribui estas palavras a um único indivíduo-Nosso Senhor Jesus Cristo-e não a uma nação inteira (cfr. At 8.35).
Depois do exílio, Zacarias fala dum sacerdote, que será ao mesmo tempo rei. É muito natural que se trate da mesma pessoa, embora os outros profetas não desenvolvam tão largamente esta idéia. Ela aparece, todavia, no Sl 110 e é o tema geral da Epístola aos Hebreus.
O rei Davi simboliza dum modo especial o Messias-Rei. Como? O Messias nasce dum dos ramos da árvore de Davi, embora em circunstâncias humildes (Is 11.1); é cumulado dos sete dons do Espírito, por isso só julga em conformidade com a conduta moral; como Juiz, é justo, reto e fiel; como Rei, subordinará as forças do mal, que irão sendo eliminadas à medida que o conhecimento de Deus se for espalhando pela terra; finalmente será o Salvador das nações e a Esperança de Judeus e de Gentios (Is 11). Ao contrário dos reis da terra, não usará da força para obter e defender o seu império. Não cavalgará sobre ginetes de luxo, nem utilizará carros imponentes. Montará um simples jumentinho e o Seu império estender-se-á de um mar a outro mar, e desde o rio até às extremidades da terra (Zc 9.9-10).
Muitos outros passos das obras dos profetas aludem às excelsas virtudes desse grande Legislador. Isaías chama-Lhe o Deus Forte (Is 9.6); Jeremias "O Senhor, Justiça Nossa" (Jr 23.6); Miquéias declara que as Suas saídas são desde os tempos antigos (Mq 5.2); Daniel vaticina-Lhe um domínio eterno, que não passará (Dn 7.14). Outros textos falam-nos da missão divina do Messias, sem que por isso impliquem uma realeza no sentido humano. Zacarias descreve-O como o companheiro do Senhor dos Exércitos (Zc 13.7) e Malaquias chama-Lhe o Anjo da Aliança que de repente virá ao Seu templo (Ml 3.1).
Acabamos de examinar algumas das muitas alusões ao Salvador nas obras dos profetas, mais que suficientes para provarem os traços gerais das profecias messiânicas, que a partir do séc. VIII começaram a trazer à luz, embora veladamente, a glória e esplendor celestial do Messias.
Os profetas, no entanto, consideravam ainda outro aspecto, ao terem em vista o futuro que apontavam. É que não o faziam com o fim de aterrorizar os pecadores, lembrando-lhes a justiça retributiva de Jeová, mas por outro lado, revelava-lhes o plano de Deus em relação ao povo escolhido. Como as outras nações, também Israel tinha um ideal em vista, pelo qual lutava com todas as suas energias. Era necessário que a sua vida moral fosse estimulada, não só pela esperança mas também pela lembrança. Houve períodos na sua história em que se tornou notável a influência exercida pelos países circunvizinhos. Era de ver como se aplicava em preparar o exército e desenvolver o comércio e a indústria. Mas uma série de desastres e de revezes vieram desfazer o sonho dourado desta supremacia mundana, embora a chama de esperança se mantivesse viva ainda por muito tempo. A pregação dos profetas chamou a atenção para a verdadeira vocação do país e procurou exaltar os ânimos com a visão dum futuro glorioso, que de longe ultrapassaria a história do passado. Embora, por causa do pecado, o país tivesse de sofrer a perda do território nacional, do templo e da própria independência, não tardaria a oportunidade em que o povo seria purificado e enriquecido, após uma restauração vitoriosa, e iria instruir os outros povos no conhecimento do Senhor, orientando-os no caminho da justiça e da paz. Ora, o cumprimento de tais promessas vem quase sempre associado a uma Pessoa, apresentada sob diferentes formas, e ultimamente designada por Messias (Dn 9.25-26). Já tinha havido uma série de profecias relativas a essa Pessoa a começar pelas do Proto-evangelho (Gn 3.15), mas as que haviam de aludir mais diretamente ao Messias eram, sem dúvida, as dos profetas do séc. VIII em diante, que não se cansam de O apelidar Profeta, Sacerdote e Rei. É sobretudo nos últimos capítulos de Isaías que mais se desenvolvem os dons proféticos do Messias: É chamado desde o ventre (Is 49.1); a Sua boca é uma espada aguda, uma frecha limpa na aljava do Senhor (Is 49.2); Jeová dá-lhe uma língua erudita, para saber dizer a seu tempo uma palavra e todas as manhãs Lhe desperta o ouvido para que ouça, como aqueles que aprendem (Is 50.4); a Sua mensagem é dirigida aos mansos (Is 61.1), porque foi enviado a restaurar os contritos de coração e a proclamar a liberdade aos cativos, não só de Israel mas também dos gentios, pois levará a salvação até à extremidade da terra (Is 49.6); finalmente, confiado no braço do Senhor, o Messias prosseguirá tranqüilamente a missão de que é incumbido, apesar do desprezo e das perseguições (Is 49.7; Is 50.5-7).
Ser profeta entre as nações era, sem dúvida, a vocação de Israel, e o profeta por excelência só poderia sair de Israel. Mas há ainda outro aspecto a considerar. É que o Servo sairá vitorioso através do sofrimento e da dor. Ninguém Lhe dará crédito; será desprezado e incompreendido; levado à morte, mas sem um protesto; considerado um malfeitor, mas sem se opor nem defender; será atormentado pelos pecados do povo de Deus, e por eles oferecerá a alma ao Deus que o ressuscitará dos mortos para a justificação de muitos; pela morte será, pois, glorificado (Is 52.13-53.12). O Novo Testamento atribui estas palavras a um único indivíduo-Nosso Senhor Jesus Cristo-e não a uma nação inteira (cfr. At 8.35).
Depois do exílio, Zacarias fala dum sacerdote, que será ao mesmo tempo rei. É muito natural que se trate da mesma pessoa, embora os outros profetas não desenvolvam tão largamente esta idéia. Ela aparece, todavia, no Sl 110 e é o tema geral da Epístola aos Hebreus.
O rei Davi simboliza dum modo especial o Messias-Rei. Como? O Messias nasce dum dos ramos da árvore de Davi, embora em circunstâncias humildes (Is 11.1); é cumulado dos sete dons do Espírito, por isso só julga em conformidade com a conduta moral; como Juiz, é justo, reto e fiel; como Rei, subordinará as forças do mal, que irão sendo eliminadas à medida que o conhecimento de Deus se for espalhando pela terra; finalmente será o Salvador das nações e a Esperança de Judeus e de Gentios (Is 11). Ao contrário dos reis da terra, não usará da força para obter e defender o seu império. Não cavalgará sobre ginetes de luxo, nem utilizará carros imponentes. Montará um simples jumentinho e o Seu império estender-se-á de um mar a outro mar, e desde o rio até às extremidades da terra (Zc 9.9-10).
Muitos outros passos das obras dos profetas aludem às excelsas virtudes desse grande Legislador. Isaías chama-Lhe o Deus Forte (Is 9.6); Jeremias "O Senhor, Justiça Nossa" (Jr 23.6); Miquéias declara que as Suas saídas são desde os tempos antigos (Mq 5.2); Daniel vaticina-Lhe um domínio eterno, que não passará (Dn 7.14). Outros textos falam-nos da missão divina do Messias, sem que por isso impliquem uma realeza no sentido humano. Zacarias descreve-O como o companheiro do Senhor dos Exércitos (Zc 13.7) e Malaquias chama-Lhe o Anjo da Aliança que de repente virá ao Seu templo (Ml 3.1).
Acabamos de examinar algumas das muitas alusões ao Salvador nas obras dos profetas, mais que suficientes para provarem os traços gerais das profecias messiânicas, que a partir do séc. VIII começaram a trazer à luz, embora veladamente, a glória e esplendor celestial do Messias.