Atributos Divinos: Santidade
Isaías ficou pasmado com o que presenciou numa visão da parte de Deus. Parecia tão real! Mais tarde, ele escreveu que realmente ‘chegou a ver Yehowah’ em Seu trono enaltecido e Suas longas ‘vestes’ que enchiam o enorme templo de Jerusalém. — Isaías 6:1, 2.
Isaías também ficou pasmado com o que ouviu: um canto tão forte que estremecia os alicerces do templo. Os cantores eram serafins, criaturas espirituais de altíssimo posto. A poderosa melodia deles soava palavras de pura grandeza: “Santo, santo, santo é Yehowah dos exércitos. A plenitude de toda a terra é sua glória.” (Isaías 6:3, 4) Entoar a palavra “santo” três vezes conferiu-lhe ênfase especial e isso é bem apropriado, pois Deus é santo em grau superlativo. (Apocalipse 4:8) A santidade de Yehowah é enfatizada na Bíblia inteira. Centenas de versículos associam o Seu nome às palavras “santo” e “santidade”.
Obviamente, pois, uma das primeiras coisas que Yehowah deseja que entendamos a seu respeito é que ele é santo. Essa idéia, no entanto, afasta a muitos hoje que erroneamente associam santidade com farisaísmo, ou falsa piedade. Para pessoas que lutam contra sentimentos negativos a respeito de si mesmas, a santidade de Deus pode parecer mais intimidadora do que atraente. Talvez temam jamais ser dignas de se achegarem a esse Deus santo. Assim, muitos se afastam dele por causa de sua santidade. Isso é lamentável, pois a santidade de Deus, na verdade, deveria impelir-nos a nos achegarmos a ele. Como assim? Antes de respondermos a essa pergunta, vejamos o que é a verdadeira santidade.
I. O que é santidade?
Ser santo não significa que Deus seja presunçoso, altivo ou arrogante. Ao contrário, ele odeia essas características. (Provérbios 16:5; Tiago 4:6) Assim, o que realmente significa a palavra “santo”? No hebraico bíblico, ela deriva de um termo que significa “separado”. Na adoração, “santo” se aplica ao que é separado do uso comum, ou tido como sagrado. A santidade tem também forte conotação de limpeza e pureza. Em que sentido essa palavra se aplica a Yehowah? Significa que ele está “separado” de humanos imperfeitos, bem longe de nós?
De modo algum. Como “Santo de Israel”, Yehowah disse que morava no “meio” de seu povo, embora esse fosse pecaminoso. (Isaías 12:6; Oséias 11:9) Assim, a santidade de Deus não o torna distante. Em que sentido, então, ele está “separado”? De duas maneiras importantes. Primeiro, ele está separado, ou distinto, de toda a criação no sentido de que somente ele é o Altíssimo. A sua pureza é absoluta e infinita. (Salmo 40:5; 83:18) Segundo, Yehowah está inteiramente separado de toda pecaminosidade, uma idéia consoladora. Por quê?
Vivemos num mundo em que a verdadeira santidade é uma raridade. Tudo a respeito da sociedade humana alienada de Deus é poluído de alguma maneira, manchado com pecado e imperfeição. Todos nós temos de lutar contra o pecado dentro de nós. E todos corremos o risco de sermos vencidos pelo pecado, se baixarmos a guarda. (Romanos 7:15-25; 1 Coríntios 10:12) Deus não corre esse risco. Totalmente afastado da pecaminosidade, jamais será manchado pelo mais leve traço do pecado. Isso reforça nosso conceito de Deus como Pai ideal, pois significa que ele é inteiramente confiável. Ao contrário de muitos pais humanos pecadores, Deus jamais se tornará corrupto, dissoluto ou abusivo. A sua santidade impede tais coisas. Algumas vezes, Deus até mesmo jurou em nome de sua própria santidade, pois nada poderia ser mais digno de confiança. (Amós 4:2) Não acha isso animador?
A santidade faz parte da própria natureza de Yehowah. O que isso significa? Para ilustrar: considere as palavras “homem” e “imperfeito”. Não podemos falar da primeira sem lembrar da segunda. Somos marcados pela imperfeição e ela deixa vestígios em tudo o que fazemos. Considere agora duas palavras bem diferentes: “Deus” e “santo”. A santidade é própria de Deus. Tudo a seu respeito é limpo, puro e correto. Não podemos conhecer a Deus como ele realmente é sem entender essa palavra profunda — “santo”.
II. “A santidade pertence a Yehowah”
Visto que Yehowah personifica a qualidade da santidade, pode-se dizer corretamente que ele é a fonte de toda a santidade. Ele não retém egoistamente essa qualidade preciosa; divide-a com outros, de forma generosa. Ora, quando Deus falou a Moisés, por meio de um anjo no espinheiro ardente, até mesmo o solo em volta tornou-se santo devido à sua ligação com Deus! — Êxodo 3:5.
Podem humanos imperfeitos se tornar santos com a ajuda de Deus? Sim, em sentido relativo. Deus ofereceu ao seu povo Israel a perspectiva de se tornarem “uma nação santa”. (Êxodo 19:6) Ele abençoou essa nação com um sistema de adoração santo, limpo e puro. De modo que a santidade é um tema recorrente na Lei mosaica. De fato, o sumo sacerdote usava uma lâmina de ouro na frente do turbante, onde todos podiam vê-la reluzindo. Gravadas nela havia as palavras: “A santidade pertence a Yehowah.” (Êxodo 28:36) Portanto, a adoração dos israelitas e, sem dúvida, seu modo de vida, se distinguiriam por um alto padrão de limpeza e pureza. Deus disse-lhes: “Deveis mostrar-vos santos, porque eu, Yehowah, vosso Deus, sou santo.” (Levítico 19:2) Enquanto viviam à altura dos conselhos de Deus, dentro dos limites da imperfeição humana, os israelitas eram santos em sentido relativo.
Essa ênfase na santidade estava em nítido contraste com a adoração praticada pelas nações vizinhas de Israel. Essas nações pagãs adoravam deuses cuja própria existência era uma mentira e uma farsa, deuses estes representados como violentos, gananciosos e promíscuos. Eram pervertidos em todos os sentidos. A adoração de tais deuses pervertia as pessoas. Por isso, Deus alertou seus servos a se manterem separados dos adoradores pagãos e de suas contaminadas práticas religiosas. — Levítico 18:24-28; 1 Reis 11:1, 2.
Quando muito, a nação escolhida de Yehowah, o Israel antigo, podia fornecer apenas um leve reflexo da santidade da organização celestial de Deus. Os milhões de criaturas espirituais que servem lealmente a Deus são chamados de “santas miríades”. (Deuteronômio 33:2; Judas 14) Eles refletem com perfeição o brilho e a pura beleza da santidade de Deus. E lembre-se dos serafins que Isaías observou na visão. O conteúdo do cântico deles sugere que essas poderosas criaturas espirituais desempenham um papel importante na divulgação da santidade de Deus em todo o Universo. Mas há uma criatura espiritual que está acima de todos eles — o Filho unigênito de Deus. Jesus é o mais sublime reflexo da santidade de Deus. Corretamente, ele é conhecido como “o Santo de Deus”. — João 6:68, 69.
III. Nome Santo, Espírito Santo
Que dizer do nome do próprio Deus? Esse nome não é mero título ou rótulo. Representa a Deus, englobando todas as suas qualidades. Assim, a Bíblia nos diz que seu “nome é santo”. (Isaías 57:15) A Lei mosaica previa a pena de morte para quem profanasse o nome de Deus. (Levítico 24:16) E note o que Jesus colocou como prioridade na oração: “Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9) Santificar algo significa colocá-lo à parte como sagrado e venerá-lo, defendê-lo como santo. Mas por que algo puro por natureza, como o nome do próprio Deus, necessitaria ser santificado?
O santo nome de Deus tem sido contestado, manchado com mentiras e calúnias. No Éden, Satanás mentiu a respeito de Yehowah e deu a entender que Ele é um Soberano injusto. (Gênesis 3:1-5) Desde então, Satanás — o governante deste mundo ímpio — tem cuidado de que as mentiras a respeito de Deus se multiplicassem. (João 8:44; 12:31; Apocalipse 12:9) As religiões têm representado a Deus como arbitrário, distante, ou cruel. Têm afirmado ter o apoio dele em suas guerras sangrentas. O crédito pelas maravilhosas criações de Deus muitas vezes é dado ao acaso cego, ou evolução. Sim, o nome de Deus tem sido maldosamente difamado. Precisa ser santificado; a sua merecida glória tem de ser restabelecida. Ansiamos a santificação de seu nome e a vindicação de sua soberania, e alegra-nos ter certa participação nesse grandioso objetivo.
Há algo mais, estreitamente ligado a Deus, que quase sempre é chamado de santo: Seu Espírito. (Gênesis 1:2) Yehowah Seu Espírito para realizar seus propósitos. Deus realiza tudo de maneira santa, pura e limpa, de modo que esse meio é apropriadamente chamado de Espírito Santo, ou Espírito de Santidade. (Lucas 11:13; Romanos 1:4) Blasfemar esse Espírito Santo, que implica agir deliberadamente contra os propósitos de Deus, é um pecado imperdoável. — Marcos 3:29.
IV. Por que a santidade de Deus nos atrai a ele?
Não é difícil ver, portanto, por que a Bíblia faz uma ligação entre a santidade de Deus e o temor piedoso da parte do homem. Por exemplo, o Salmo 99:3 reza: “Elogiem eles o teu nome. Grande e atemorizante, santo ele é.” Mas esse temor não é um pavor mórbido. Em vez disso, é um senso profundo de admiração reverente, respeito na sua forma mais enobrecedora. É apropriado sentir-se assim, visto que a santidade de Deus está tão acima de nós. Ela é fulgurantemente limpa, gloriosa. Ainda assim, não nos deve repelir. Ao contrário, o conceito correto sobre a santidade de Deus nos achegará ainda mais a ele. Por quê?
Por um lado, a Bíblia associa a santidade à beleza. Em Isaías 63:15, o céu é descrito como “morada excelsa de santidade e beleza”. A beleza nos atrai. Por exemplo, veja a foto na página 33. Acha esse cenário atraente? Por quê? Note como a água parece pura. Até mesmo o ar deve ser limpo, pois o céu é azul e a luz parece cintilar. Mas e se o cenário fosse alterado — o riacho entulhado de lixo, as árvores e as pedras cobertas de pichações, o ar poluído — não nos atrairia mais; nos repeliria. Normalmente, associamos a beleza à limpeza, à pureza e à luz. Essas mesmas palavras podem ser usadas para descrever a santidade de Deus. Não é de admirar que as descrições visionárias de Deus nos encantem! Reluzente, deslumbrante como pedras preciosas, fulgurante como fogo, ou como os mais puros e brilhantes metais preciosos — assim é a beleza de nosso Deus santo. — Ezequiel 1:25-28; Apocalipse 4:2, 3.
Mas, será que a santidade de Deus deveria nos fazer sentir inferiores, em comparação? A resposta, naturalmente, é sim. Afinal, somos mesmo muitíssimo inferiores a Deus, para dizer o mínimo. Seria esse um motivo para nos afastarmos dele? Considere a reação de Isaías ao ouvir os serafins proclamarem a santidade de Deus. “Eu passei a dizer: ‘Ai de mim! Pois, a bem dizer, fui silenciado, porque sou homem de lábios impuros e moro no meio de um povo de lábios impuros; pois os meus olhos viram o próprio Rei, Yehowah dos exércitos!’ ” (Isaías 6:5) Sim, a infinita santidade de Deus lembrou Isaías de como ele era pecaminoso e imperfeito. Inicialmente, esse homem fiel ficou arrasado. Mas Yehowah não o deixou nesse estado.
Um serafim prontamente consolou o profeta. Como? Esse poderoso espírito voou até o altar, apanhou uma brasa ali e, com ela, tocou nos lábios de Isaías. Isso talvez pareça mais uma tortura do que um consolo. Mas lembre-se de que era uma visão, rica em simbolismos. Isaías, um judeu fiel, bem sabia que diariamente eram oferecidos sacrifícios no altar do templo, para expiação de pecados. E o serafim amorosamente lembrou o profeta de que, embora fosse mesmo imperfeito, “de lábios impuros”, ainda assim podia ter uma posição limpa perante Deus. Yehowah se dispunha a considerar santo um homem imperfeito e pecaminoso — pelo menos em sentido relativo. — Isaías 6:6, 7.
O mesmo se aplica hoje. Todos aqueles sacrifícios oferecidos no altar em Jerusalém eram apenas sombras de algo maior — o perfeito sacrifício único, oferecido por Jesus Cristo em 33 EC. (Hebreus 9:11-14) Se realmente nos arrependermos de nossos pecados, corrigirmos nosso modo errado de agir e exercermos fé nesse sacrifício, seremos perdoados. (1 João 2:2) Também podemos ter uma posição limpa perante Deus. Assim, o apóstolo Pedro nos lembra: “Está escrito: ‘Tendes de ser santos, porque eu sou santo.’ ” (1 Pedro 1:16) Note que Deus não disse que temos de ser tão santos quanto ele. Ele jamais espera o impossível de nós. (Salmo 103:13, 14) Em vez disso, Deus diz para sermos santos porque ele é santo. “Como filhos amados”, tentamos imitá-lo da melhor maneira, dentro do que é possível para humanos imperfeitos. (Efésios 5:1) Portanto, alcançar a santidade é um processo contínuo. À medida que crescemos espiritualmente, procuramos ‘aperfeiçoar a santidade’ todos os dias. — 2 Coríntios 7:1.
Deus ama o que é direito e puro. Ele odeia o pecado. (Habacuque 1:13) Mas ele não nos odeia. Enquanto encararmos o pecado como ele o encara — odiarmos o que é mau e amarmos o que é bom — e nos esforçarmos em seguir as pisadas perfeitas de Cristo Jesus, Deus perdoará nossos pecados. (Amós 5:15; 1 Pedro 2:21) Quando entendemos que podemos ser puros aos olhos de nosso Deus santo, os efeitos são profundos. Lembre-se de que a santidade de Yehowah, de início, fez Isaías lembrar-se de sua própria impureza. Ele bradou: “Ai de mim!” Mas, uma vez que entendeu que seus pecados haviam sido expiados, sua disposição mudou. Quando Yehowah pediu um voluntário para cumprir certa designação, Isaías respondeu prontamente, sem nem saber do que se tratava. Ele exclamou: “Eis-me aqui! Envia-me.” — Isaías 6:5-8.
Fomos feitos à imagem do Deus santo, dotados de qualidades morais e da capacidade de exercer espiritualidade. (Gênesis 1:26) Existe um potencial de santidade dentro de cada um de nós. À medida que continuarmos a cultivá-la, Deus terá prazer em ajudar. Nesse processo, nos achegaremos cada vez mais ao nosso Deus santo. Além disso, ao considerarmos as qualidades de Deus nos próximos capítulos, veremos que existem muitos motivos fortes para nos achegarmos a ele.
Isaías também ficou pasmado com o que ouviu: um canto tão forte que estremecia os alicerces do templo. Os cantores eram serafins, criaturas espirituais de altíssimo posto. A poderosa melodia deles soava palavras de pura grandeza: “Santo, santo, santo é Yehowah dos exércitos. A plenitude de toda a terra é sua glória.” (Isaías 6:3, 4) Entoar a palavra “santo” três vezes conferiu-lhe ênfase especial e isso é bem apropriado, pois Deus é santo em grau superlativo. (Apocalipse 4:8) A santidade de Yehowah é enfatizada na Bíblia inteira. Centenas de versículos associam o Seu nome às palavras “santo” e “santidade”.
Obviamente, pois, uma das primeiras coisas que Yehowah deseja que entendamos a seu respeito é que ele é santo. Essa idéia, no entanto, afasta a muitos hoje que erroneamente associam santidade com farisaísmo, ou falsa piedade. Para pessoas que lutam contra sentimentos negativos a respeito de si mesmas, a santidade de Deus pode parecer mais intimidadora do que atraente. Talvez temam jamais ser dignas de se achegarem a esse Deus santo. Assim, muitos se afastam dele por causa de sua santidade. Isso é lamentável, pois a santidade de Deus, na verdade, deveria impelir-nos a nos achegarmos a ele. Como assim? Antes de respondermos a essa pergunta, vejamos o que é a verdadeira santidade.
I. O que é santidade?
Ser santo não significa que Deus seja presunçoso, altivo ou arrogante. Ao contrário, ele odeia essas características. (Provérbios 16:5; Tiago 4:6) Assim, o que realmente significa a palavra “santo”? No hebraico bíblico, ela deriva de um termo que significa “separado”. Na adoração, “santo” se aplica ao que é separado do uso comum, ou tido como sagrado. A santidade tem também forte conotação de limpeza e pureza. Em que sentido essa palavra se aplica a Yehowah? Significa que ele está “separado” de humanos imperfeitos, bem longe de nós?
De modo algum. Como “Santo de Israel”, Yehowah disse que morava no “meio” de seu povo, embora esse fosse pecaminoso. (Isaías 12:6; Oséias 11:9) Assim, a santidade de Deus não o torna distante. Em que sentido, então, ele está “separado”? De duas maneiras importantes. Primeiro, ele está separado, ou distinto, de toda a criação no sentido de que somente ele é o Altíssimo. A sua pureza é absoluta e infinita. (Salmo 40:5; 83:18) Segundo, Yehowah está inteiramente separado de toda pecaminosidade, uma idéia consoladora. Por quê?
Vivemos num mundo em que a verdadeira santidade é uma raridade. Tudo a respeito da sociedade humana alienada de Deus é poluído de alguma maneira, manchado com pecado e imperfeição. Todos nós temos de lutar contra o pecado dentro de nós. E todos corremos o risco de sermos vencidos pelo pecado, se baixarmos a guarda. (Romanos 7:15-25; 1 Coríntios 10:12) Deus não corre esse risco. Totalmente afastado da pecaminosidade, jamais será manchado pelo mais leve traço do pecado. Isso reforça nosso conceito de Deus como Pai ideal, pois significa que ele é inteiramente confiável. Ao contrário de muitos pais humanos pecadores, Deus jamais se tornará corrupto, dissoluto ou abusivo. A sua santidade impede tais coisas. Algumas vezes, Deus até mesmo jurou em nome de sua própria santidade, pois nada poderia ser mais digno de confiança. (Amós 4:2) Não acha isso animador?
A santidade faz parte da própria natureza de Yehowah. O que isso significa? Para ilustrar: considere as palavras “homem” e “imperfeito”. Não podemos falar da primeira sem lembrar da segunda. Somos marcados pela imperfeição e ela deixa vestígios em tudo o que fazemos. Considere agora duas palavras bem diferentes: “Deus” e “santo”. A santidade é própria de Deus. Tudo a seu respeito é limpo, puro e correto. Não podemos conhecer a Deus como ele realmente é sem entender essa palavra profunda — “santo”.
II. “A santidade pertence a Yehowah”
Visto que Yehowah personifica a qualidade da santidade, pode-se dizer corretamente que ele é a fonte de toda a santidade. Ele não retém egoistamente essa qualidade preciosa; divide-a com outros, de forma generosa. Ora, quando Deus falou a Moisés, por meio de um anjo no espinheiro ardente, até mesmo o solo em volta tornou-se santo devido à sua ligação com Deus! — Êxodo 3:5.
Podem humanos imperfeitos se tornar santos com a ajuda de Deus? Sim, em sentido relativo. Deus ofereceu ao seu povo Israel a perspectiva de se tornarem “uma nação santa”. (Êxodo 19:6) Ele abençoou essa nação com um sistema de adoração santo, limpo e puro. De modo que a santidade é um tema recorrente na Lei mosaica. De fato, o sumo sacerdote usava uma lâmina de ouro na frente do turbante, onde todos podiam vê-la reluzindo. Gravadas nela havia as palavras: “A santidade pertence a Yehowah.” (Êxodo 28:36) Portanto, a adoração dos israelitas e, sem dúvida, seu modo de vida, se distinguiriam por um alto padrão de limpeza e pureza. Deus disse-lhes: “Deveis mostrar-vos santos, porque eu, Yehowah, vosso Deus, sou santo.” (Levítico 19:2) Enquanto viviam à altura dos conselhos de Deus, dentro dos limites da imperfeição humana, os israelitas eram santos em sentido relativo.
Essa ênfase na santidade estava em nítido contraste com a adoração praticada pelas nações vizinhas de Israel. Essas nações pagãs adoravam deuses cuja própria existência era uma mentira e uma farsa, deuses estes representados como violentos, gananciosos e promíscuos. Eram pervertidos em todos os sentidos. A adoração de tais deuses pervertia as pessoas. Por isso, Deus alertou seus servos a se manterem separados dos adoradores pagãos e de suas contaminadas práticas religiosas. — Levítico 18:24-28; 1 Reis 11:1, 2.
Quando muito, a nação escolhida de Yehowah, o Israel antigo, podia fornecer apenas um leve reflexo da santidade da organização celestial de Deus. Os milhões de criaturas espirituais que servem lealmente a Deus são chamados de “santas miríades”. (Deuteronômio 33:2; Judas 14) Eles refletem com perfeição o brilho e a pura beleza da santidade de Deus. E lembre-se dos serafins que Isaías observou na visão. O conteúdo do cântico deles sugere que essas poderosas criaturas espirituais desempenham um papel importante na divulgação da santidade de Deus em todo o Universo. Mas há uma criatura espiritual que está acima de todos eles — o Filho unigênito de Deus. Jesus é o mais sublime reflexo da santidade de Deus. Corretamente, ele é conhecido como “o Santo de Deus”. — João 6:68, 69.
III. Nome Santo, Espírito Santo
Que dizer do nome do próprio Deus? Esse nome não é mero título ou rótulo. Representa a Deus, englobando todas as suas qualidades. Assim, a Bíblia nos diz que seu “nome é santo”. (Isaías 57:15) A Lei mosaica previa a pena de morte para quem profanasse o nome de Deus. (Levítico 24:16) E note o que Jesus colocou como prioridade na oração: “Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9) Santificar algo significa colocá-lo à parte como sagrado e venerá-lo, defendê-lo como santo. Mas por que algo puro por natureza, como o nome do próprio Deus, necessitaria ser santificado?
O santo nome de Deus tem sido contestado, manchado com mentiras e calúnias. No Éden, Satanás mentiu a respeito de Yehowah e deu a entender que Ele é um Soberano injusto. (Gênesis 3:1-5) Desde então, Satanás — o governante deste mundo ímpio — tem cuidado de que as mentiras a respeito de Deus se multiplicassem. (João 8:44; 12:31; Apocalipse 12:9) As religiões têm representado a Deus como arbitrário, distante, ou cruel. Têm afirmado ter o apoio dele em suas guerras sangrentas. O crédito pelas maravilhosas criações de Deus muitas vezes é dado ao acaso cego, ou evolução. Sim, o nome de Deus tem sido maldosamente difamado. Precisa ser santificado; a sua merecida glória tem de ser restabelecida. Ansiamos a santificação de seu nome e a vindicação de sua soberania, e alegra-nos ter certa participação nesse grandioso objetivo.
Há algo mais, estreitamente ligado a Deus, que quase sempre é chamado de santo: Seu Espírito. (Gênesis 1:2) Yehowah Seu Espírito para realizar seus propósitos. Deus realiza tudo de maneira santa, pura e limpa, de modo que esse meio é apropriadamente chamado de Espírito Santo, ou Espírito de Santidade. (Lucas 11:13; Romanos 1:4) Blasfemar esse Espírito Santo, que implica agir deliberadamente contra os propósitos de Deus, é um pecado imperdoável. — Marcos 3:29.
IV. Por que a santidade de Deus nos atrai a ele?
Não é difícil ver, portanto, por que a Bíblia faz uma ligação entre a santidade de Deus e o temor piedoso da parte do homem. Por exemplo, o Salmo 99:3 reza: “Elogiem eles o teu nome. Grande e atemorizante, santo ele é.” Mas esse temor não é um pavor mórbido. Em vez disso, é um senso profundo de admiração reverente, respeito na sua forma mais enobrecedora. É apropriado sentir-se assim, visto que a santidade de Deus está tão acima de nós. Ela é fulgurantemente limpa, gloriosa. Ainda assim, não nos deve repelir. Ao contrário, o conceito correto sobre a santidade de Deus nos achegará ainda mais a ele. Por quê?
Por um lado, a Bíblia associa a santidade à beleza. Em Isaías 63:15, o céu é descrito como “morada excelsa de santidade e beleza”. A beleza nos atrai. Por exemplo, veja a foto na página 33. Acha esse cenário atraente? Por quê? Note como a água parece pura. Até mesmo o ar deve ser limpo, pois o céu é azul e a luz parece cintilar. Mas e se o cenário fosse alterado — o riacho entulhado de lixo, as árvores e as pedras cobertas de pichações, o ar poluído — não nos atrairia mais; nos repeliria. Normalmente, associamos a beleza à limpeza, à pureza e à luz. Essas mesmas palavras podem ser usadas para descrever a santidade de Deus. Não é de admirar que as descrições visionárias de Deus nos encantem! Reluzente, deslumbrante como pedras preciosas, fulgurante como fogo, ou como os mais puros e brilhantes metais preciosos — assim é a beleza de nosso Deus santo. — Ezequiel 1:25-28; Apocalipse 4:2, 3.
Mas, será que a santidade de Deus deveria nos fazer sentir inferiores, em comparação? A resposta, naturalmente, é sim. Afinal, somos mesmo muitíssimo inferiores a Deus, para dizer o mínimo. Seria esse um motivo para nos afastarmos dele? Considere a reação de Isaías ao ouvir os serafins proclamarem a santidade de Deus. “Eu passei a dizer: ‘Ai de mim! Pois, a bem dizer, fui silenciado, porque sou homem de lábios impuros e moro no meio de um povo de lábios impuros; pois os meus olhos viram o próprio Rei, Yehowah dos exércitos!’ ” (Isaías 6:5) Sim, a infinita santidade de Deus lembrou Isaías de como ele era pecaminoso e imperfeito. Inicialmente, esse homem fiel ficou arrasado. Mas Yehowah não o deixou nesse estado.
Um serafim prontamente consolou o profeta. Como? Esse poderoso espírito voou até o altar, apanhou uma brasa ali e, com ela, tocou nos lábios de Isaías. Isso talvez pareça mais uma tortura do que um consolo. Mas lembre-se de que era uma visão, rica em simbolismos. Isaías, um judeu fiel, bem sabia que diariamente eram oferecidos sacrifícios no altar do templo, para expiação de pecados. E o serafim amorosamente lembrou o profeta de que, embora fosse mesmo imperfeito, “de lábios impuros”, ainda assim podia ter uma posição limpa perante Deus. Yehowah se dispunha a considerar santo um homem imperfeito e pecaminoso — pelo menos em sentido relativo. — Isaías 6:6, 7.
O mesmo se aplica hoje. Todos aqueles sacrifícios oferecidos no altar em Jerusalém eram apenas sombras de algo maior — o perfeito sacrifício único, oferecido por Jesus Cristo em 33 EC. (Hebreus 9:11-14) Se realmente nos arrependermos de nossos pecados, corrigirmos nosso modo errado de agir e exercermos fé nesse sacrifício, seremos perdoados. (1 João 2:2) Também podemos ter uma posição limpa perante Deus. Assim, o apóstolo Pedro nos lembra: “Está escrito: ‘Tendes de ser santos, porque eu sou santo.’ ” (1 Pedro 1:16) Note que Deus não disse que temos de ser tão santos quanto ele. Ele jamais espera o impossível de nós. (Salmo 103:13, 14) Em vez disso, Deus diz para sermos santos porque ele é santo. “Como filhos amados”, tentamos imitá-lo da melhor maneira, dentro do que é possível para humanos imperfeitos. (Efésios 5:1) Portanto, alcançar a santidade é um processo contínuo. À medida que crescemos espiritualmente, procuramos ‘aperfeiçoar a santidade’ todos os dias. — 2 Coríntios 7:1.
Deus ama o que é direito e puro. Ele odeia o pecado. (Habacuque 1:13) Mas ele não nos odeia. Enquanto encararmos o pecado como ele o encara — odiarmos o que é mau e amarmos o que é bom — e nos esforçarmos em seguir as pisadas perfeitas de Cristo Jesus, Deus perdoará nossos pecados. (Amós 5:15; 1 Pedro 2:21) Quando entendemos que podemos ser puros aos olhos de nosso Deus santo, os efeitos são profundos. Lembre-se de que a santidade de Yehowah, de início, fez Isaías lembrar-se de sua própria impureza. Ele bradou: “Ai de mim!” Mas, uma vez que entendeu que seus pecados haviam sido expiados, sua disposição mudou. Quando Yehowah pediu um voluntário para cumprir certa designação, Isaías respondeu prontamente, sem nem saber do que se tratava. Ele exclamou: “Eis-me aqui! Envia-me.” — Isaías 6:5-8.
Fomos feitos à imagem do Deus santo, dotados de qualidades morais e da capacidade de exercer espiritualidade. (Gênesis 1:26) Existe um potencial de santidade dentro de cada um de nós. À medida que continuarmos a cultivá-la, Deus terá prazer em ajudar. Nesse processo, nos achegaremos cada vez mais ao nosso Deus santo. Além disso, ao considerarmos as qualidades de Deus nos próximos capítulos, veremos que existem muitos motivos fortes para nos achegarmos a ele.