Comentário da Carta de Tiago 3:10-12

comentario da carta de tiago 3.10 Da mesma boca procedem bênção e maldição...

Visto que a língua pode ser usada tanto para bendizer como para amaldiçoar, da mesma boca podem sair duas coisas diametralmente opostas.

Não é correto, meus irmãos, que estas coisas se dêem assim...

Especialmente no caso dos cristãos, Tiago diz que o órgão da fala não devia louvar a Deus e depois amaldiçoar os homens feitos à semelhança de Deus. Na realidade, não devemos proferir maldição alguma, exceto as que Deus fez registrar na Bíblia, e mesmo assim não podemos aplicá-las corretamente a qualquer pessoa, porque não somos juízes. Mesmo quando a sós com outro, ou no nosso próprio coração, proferir uma maldição ou invocar a maldição sobre alguém é errado. Quão contraditório é que alguém que assiste às reuniões cristãs, onde entoa louvores e fala boas coisas sobre Deus aos seus companheiros, depois sai e vitupera, calunia e difama seus irmãos! Quão inteiramente mau é isso e quanto dano causa à sua posição perante Deus!

Tal maldição, bem como os males relacionados, tais como calúnia, tagarelice maliciosa, criticismo maldoso e injúria, revelariam a existência dum coração corruto, porque Jesus Cristo disse: “É da abundância do coração que a boca fala.” (Mat. 12:34) Usar o cristão sua língua de tal maneira incoerente é completamente contrário ao propósito com que Deus projetou este órgão da fala. É algo inteiramente impróprio. Tal uso iníquo da língua não somente está totalmente em desacordo com a vontade divina, mas é também flagrante incongruência.

3.11 Será que uma fonte faz brotar pela mesma abertura o que é doce e o que é amargo?

A resposta óbvia a esta pergunta é: Não. A água duma fonte pode ser doce ou pode ser amarga, mas nunca pode brotar água tanto doce como amarga da mesma abertura. Algo contraditório assim é contrário à natureza. Do mesmo modo, é contrário às leis naturais de Deus que a boca faça brotar linguagem tanto boa como má. Apenas no gênero humano, permeado pelo pecado, vemos algo tão desnatural assim, que não está em harmonia com a criação de Deus. Como pode Deus ou o homem ter confiança numa língua que faz essas coisas? Não pode, assim como tampouco alguém estaria disposto a arriscar tomar um gole duma fonte que às vezes mana água boa e outras vezes água ruim.

3.12 Meus irmãos, será que a figueira pode produzir azeitonas ou a videira figos? Tampouco pode água salgada produzir água doce.

A lei imutável de Deus é que ‘árvores frutíferas dêem fruto segundo as suas espécies’. (Gên. 1:11, 12) Embora esses frutos, em si mesmos, sejam bons, o ponto destacado por Tiago é que a árvore ou a videira não estaria produzindo o fruto pretendido, não aquilo para o qual foi criada. De modo que esta ilustração enfatiza de novo que o mau uso da língua é contrário ao uso ou à idoneidade natural.

Tampouco pode água salgada produzir água doce...

Ao passo que figos, azeitonas e uvas são todos frutos bons, agradáveis ao paladar, aquele que deseja água potável e encontra água salobra fica desapontado, e até mesmo pode adoecer. Tiago faz novamente mais um contraste do que uma comparação. A água salgada, que não se deseja para beber, não se transforma em água doce. Segundo este princípio, quando alguém que devia produzir palavras boas, saborosas e satisfatórias também produz persistentemente palavras desagradáveis, nojentas, há algo errado. Ele não pode ser desculpado. (Veja 1 Timóteo 6:3-5.) Tal linguagem contrária fornece evidência de que a fonte — o dono da língua — pode fazer outros adoecer. Tiago usa todos esses exemplos para mostrar que somente o gênero humano, dentre toda a criação física, faz essas coisas desnaturais, contraditórias.

É lógico que os frutos da boca de alguém concordem com o que ele realmente é como pessoa. Jesus disse: “Toda árvore boa produz fruto excelente, mas toda árvore podre produz fruto imprestável; a árvore boa não pode dar fruto imprestável, nem pode a árvore podre produzir fruto excelente. Toda árvore que não produz fruto excelente é cortada e lançada no fogo. Realmente, pois, pelos seus frutos reconhecereis estes homens.” (Mat. 7:17-20) Por conseguinte, os “frutos” que produzimos, inclusive os de nossa língua, identificam o que somos, e há o grande perigo de sermos ‘cortados’ se usarmos a língua de modo errado. Este princípio aplica-se com plena força especialmente aos instrutores.