Comentário da Carta de Tiago 3:14

comentario da carta de tiago 3.14 Mas, se tiverdes ciúme amargo e briga nos vossos corações...

Estas palavras dirigiram-se evidentemente em primeiro lugar a certos homens que estavam muito confiantes de que eram sábios e aptos para instruir seus concrentes. Tais homens deviam examinar seu coração. Abrigavam ciúme amargo? Este ciúme amargo podia incluir o desejo imoderado de glorificarem a si mesmos e suas opiniões, em vez de se empenharem sinceramente pelo bem de seus irmãos, pela edificação deles na fé e no conhecimento exato. Ciúme e contenda são duas das “obras da carne”. (Gál. 5:19, 20, 26) Essas caraterísticas poderão manifestar-se (como a água amarga da fonte já mencionada) em zelo fanático e obstinado a favor de seus próprios conceitos. Ao mesmo tempo, tais pessoas talvez denunciem em voz alta as opiniões que divergem das suas, ou talvez deixem de reconhecer e admitir que outros têm sabedoria e entendimento iguais (ou talvez até superiores) aos seus.

Todos os cristãos, especialmente os que pretendem ser instrutores, devem perguntar-se se há qualquer vestígio de ciúme ou contenda no seu coração. Têm o espírito de briga e rixa? Em vez de não terem preconceito numa palestra sobre a Palavra de Deus e a aplicação de seus princípios, estão inclinados a usar meios que causam brigas, para promover seus próprios objetivos? Tal disposição briguenta pode ser o produto de orgulho e de ambição egoísta — que são caraterísticas perigosas e mortíferas. São o que carateriza o Diabo. (1 Tim. 3:6; compare isso com Provérbios 12:18.)


Não vos jacteis e não mintais contra a verdade...

Este conselho é dirigido aos homens que têm ciúme amargo e briga no coração. Não deviam tentar elevar-se a uma posição em que tais caraterísticas más se tornariam bem evidentes. Arvorando-se em instrutores, gabar-se-iam de suas pretensas qualificações ou chamariam jactanciosamente atenção para elas. No entanto, a verdade cristã, que professam ensinar, condena o ciúme amargo e a disposição briguenta deles. Portanto, o homem que manifesta o espírito divisório da rivalidade e ainda assim se classifica como instrutor cristão certamente deturpa ou ‘mente contra a verdade’ das “boas novas” que afirma ensinar.

Além disso, o homem que demonstra tais caraterísticas indesejáveis não tem nenhuma base para se jactar de que esteja qualificado para instruir seus concrentes. É mentira, se fizer isso. Ser ele interesseiro e briguento no coração desqualifica-o de ser instrutor de seus irmãos. Portanto, professando estar qualificado, ele mente contra a verdade, contra a realidade da situação. O erudito bíblico F. J. A. Hort faz este comentário perspicaz: “A mera posse da verdade não é garantia do verdadeiro proferimento dela: todo proferimento é tão influenciado pela condição moral e espiritual de quem fala, que a verdade procede de seus lábios como falsidade na proporção em que ele mesmo não está numa condição certa: a linguagem correta que ele profere pode transmitir uma mensagem de falsidade e mal, em virtude da amargura e do egoísmo que acompanham o que fala.”