Comentário da Carta de Tiago 3:7-8

comentario da carta de tiago 3.7 Porque toda espécie de fera...

Tiago fala evidentemente em sentido geral sobre a domação (mencionada mais adiante no versículo) dessas criaturas. Não obstante, o homem tem conseguido treinar toda espécie de animais para realizar certas façanhas. Esses animais incluem elefantes, leões e tigres. Até mesmo hoje, as realizações de feras em circos atestam a capacidade humana de submeter poderosas feras ao seu domínio. Isto está em harmonia com a declaração original de Deus, de que o homem tivesse a criação animal em sujeição. (Gên. 1:28)

Bem como de ave...

Nem mesmo as aves, que são rápidas e voam velozmente, sendo difíceis de capturar, estão isentas do controle do homem. Por exemplo, os homens usam já por muito tempo falcões, gaviões e até águias na caça. A origem deste costume, chamado falcoaria, é atribuída aos antigos persas.

E de bicho rastejante...

Estes podem incluir serpentes. Contudo, o costume do encantamento de serpentes pode ser uma forma de espiritismo. (Sal. 58:4, 5; Ecl. 10:11; Jer. 8:17)

E de animal marinho...

Embora vivam num elemento diferente e tenham constituição bem diversa, os animais aquáticos, inclusive crocodilos, baleias e toninhas, estão entre os animais marinhos que o homem conseguiu dominar, usando alguns deles até mesmo para serviços benéficos.

Há de ser domada e tem sido domada pelo gênero humano...

Pelo visto, com tempo, paciência e perseverança, qualquer criatura trazida em íntimo contato com o homem pode ser controlada para realizar certos feitos. Ora, até mesmo pulgas têm sido treinadas para puxar minúsculas carrocinhas. Todos esses animais cedem diante da inteligência superior do homem, mas conforme Tiago passa a mostrar, a tendência pecaminosa da língua é resistir à sujeição à sabedoria perfeita e suprema de Deus.

3. 8 Mas a língua, ninguém da humanidade a pode domar...

Embora o homem pecaminoso seja bem sucedido em exercer o domínio sobre toda espécie de criaturas, inclusive sobre animais ferozes e cobras venenosas, ele não conseguiu o controle perfeito sobre a língua. Tem domado animais, mas não consegue domar a língua. O exercício de seu domínio é falho.

É uma coisa indisciplinada e prejudicial, cheia de veneno mortífero...

A língua é “indisciplinada”, ‘irrequieta’ (Pontifício Instituto Bíblico; Tradução Interlinear em inglês). O pecado herdado de Adão tornou irrequieta a língua, fazendo-a desassossegada, incontida. Não quer “ficar quieta” para ser controlada. Isso não aconteceu no mundo animal. Portanto, os animais aceitam normalmente os esforços do homem para domá-los, ao passo que a língua não o faz. A língua que não pode ser refreada, mas que se torna instrumento para observações mordazes, injuriosas ou caluniosas, ou as que desencaminham pelo seu ensino, é deveras indisciplinada e injuriosa. Visto que ninguém pode totalmente impedir que a língua faça essas coisas más, requer a mais diligente atenção, vigilância e esforço não só da parte dos instrutores, mas de cada cristão; de modo, a língua poderia arruinar a pessoa. Por causa do enorme dano que pode causar, ela pode ser um instrumento perigoso, cheio de veneno mortífero. (Veja o Salmo 140:3; Romanos 3:13.) De fato, as brigas resultantes de bate-boca desenfreado amiúde são responsáveis pela perda de vida humana.

Pense nos indizíveis sofrimentos e nos bilhões de mortes causadas pela aceitação da primeira mentira, contada por Satanás, no Jardim do Éden! (João 8:44) Temos muitos outros exemplos da morte de milhares de pessoas por causa da fraude de falsos profetas e outros líderes do povo. (Jer. 23:13, 14, 19-22; 50:6, 7; Isa. 19:11-13) O mau conselho dos companheiros do Rei Roboão e a linguagem rude e dura de sua parte causaram a divisão do reino de Israel e levaram a muitas guerras. (1 Reis 12:8, 14, 16, 17) A liderança enganosa do povo de Israel levou a nação a cometer o maior crime da história: o assassinato do Filho de Deus. Tanto os governantes como o povo agiram em ignorância, mas a ignorância dos governantes era mais culpável, por ficarem cegos pelo seu desejo egoísta de manter sua riqueza e seu poder, ao passo que o povo seguia suas palavras e seus conselhos enganosos. (Atos 3:14-17; João 11:45-50; 12:9-11; Mat. 23:27, 28; 12:31, 32) Os falsos instrutores, na primitiva congregação cristã e desde então, desviaram muitos de Deus. (1 Tim. 1:18-20; 4:1, 2; 2 Ped. 2:1-3) Essas coisas devem levar a sérias reflexões por parte dos homens que aspiram ser instrutores na congregação.