Comentário da Carta de Tiago 4:5
4.5 Ou parece-vos que a escritura diz sem propósito...
Esta frase introduz um ponto sobre a tendência de invejar. Não há nenhum texto específico nas Escrituras Hebraicas que se ajuste às palavras citadas ou declaradas pelo discípulo Tiago. Pelo visto, ele tinha em mente o ensino, ou senso e sentimento, das Escrituras Hebraicas como um todo, em vez de uma citação específica. Jesus salientou entender-se o sentido do que Deus tem a dizer. (Mat. 13:19, 23) E os inspirados escritores cristãos amiúde parafraseavam os textos das Escrituras Hebraicas, dando o sentido ou a aplicação em princípio quando havia uma situação similar ou paralela. (Compare Atos 1:20 com o Salmo 69:25 e 109:8; João 19:36 com Êxodo 12:46.)
“É com a tendência de invejar que o espírito que estabeleceu residência em nós está ansiando”...
Isto concorda com o que Deus declarou logo após o dilúvio global: “Nunca mais invocarei o mal sobre o solo por causa do homem, porque a inclinação do coração do homem é má desde a sua mocidade.” (Gên. 8:21) Parte desta inclinação má é a tendência de invejar. Que a inveja de fato contribui para rixa e luta é bem ilustrado no caso de Datã e Abirão. Instigados pela inveja, fizeram um maldoso ataque verbal contra Moisés e Arão. (Núm. 16:1-3; Sal. 106:16, 17) A guerra que Tiago descreveu anteriormente provinha do mesmo espírito invejoso. Certamente não era fora de propósito, fútil ou vão que as Escrituras Hebraicas indicassem a tendência de invejar do homem pecaminoso.
Esta tendência pode ser facilmente discernida entre os homens, hoje em dia, confirmando o que a Bíblia diz. A inveja tem suas raízes no egoísmo. O invejoso talvez recorra à fraude, ao roubo ou a outros meios desonestos para conseguir o que os outros têm. (Pro. 21:10) Ou talvez rebaixe aquele a quem inveja, minimizando as realizações dele por indevida crítica, ou por pôr em dúvida a capacidade e motivação dele. A tendência de invejar persiste em empurrar os homens pecaminosos na direção errada. Segundo as aparências, o homem talvez trabalhe árdua e eficientemente. Mas, a inveja talvez o induza a pretender o que os outros possuem e até mesmo superá-los. Isto produz rivalidade. (Ecl. 4:4)
A palavra traduzida por ‘ansiar’ contém a idéia de “saudade” ou “ter saudade de”. (Veja o uso da palavra em 2 Coríntios 9:14; Filipenses 1:8.) Em 1 Pedro 2:2, o apóstolo a usa com referência aos que, como “crianças recém-nascidas”, anseiam o leite da Palavra de Deus.[1]
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Notas
[1] Os eruditos gregos, em geral, encaram Tiago 4:5 como um texto muito difícil de traduzir. Traduções com versões similares à nossa tradução incluem, em inglês, a Versão Autorizada; Douay; Lamsa; Novo Testamento Siríaco. Outras traduções diferem, e o motivo disso é explicado no Comentário Textual ao Novo Testamento Grego, em inglês. A respeito do verbo “residir” ou “habitar”, usado em Tiago 4:5, este comentário salienta que há duas formas verbais que se parecem muito, mas que diferem numa letra. Uma forma é causativa, a outra intransitiva. Conforme diz o comentário: “katókisen é causativo (‘O Espírito que ele [Deus] fez habitar em nós’), ao passo que katókesen é intransitivo (‘o espírito [ou: Espírito] que habita em nós’)”. A forma causativa é encontrada nos mais antigos manuscritos completos.
Esta frase introduz um ponto sobre a tendência de invejar. Não há nenhum texto específico nas Escrituras Hebraicas que se ajuste às palavras citadas ou declaradas pelo discípulo Tiago. Pelo visto, ele tinha em mente o ensino, ou senso e sentimento, das Escrituras Hebraicas como um todo, em vez de uma citação específica. Jesus salientou entender-se o sentido do que Deus tem a dizer. (Mat. 13:19, 23) E os inspirados escritores cristãos amiúde parafraseavam os textos das Escrituras Hebraicas, dando o sentido ou a aplicação em princípio quando havia uma situação similar ou paralela. (Compare Atos 1:20 com o Salmo 69:25 e 109:8; João 19:36 com Êxodo 12:46.)
“É com a tendência de invejar que o espírito que estabeleceu residência em nós está ansiando”...
Isto concorda com o que Deus declarou logo após o dilúvio global: “Nunca mais invocarei o mal sobre o solo por causa do homem, porque a inclinação do coração do homem é má desde a sua mocidade.” (Gên. 8:21) Parte desta inclinação má é a tendência de invejar. Que a inveja de fato contribui para rixa e luta é bem ilustrado no caso de Datã e Abirão. Instigados pela inveja, fizeram um maldoso ataque verbal contra Moisés e Arão. (Núm. 16:1-3; Sal. 106:16, 17) A guerra que Tiago descreveu anteriormente provinha do mesmo espírito invejoso. Certamente não era fora de propósito, fútil ou vão que as Escrituras Hebraicas indicassem a tendência de invejar do homem pecaminoso.
Esta tendência pode ser facilmente discernida entre os homens, hoje em dia, confirmando o que a Bíblia diz. A inveja tem suas raízes no egoísmo. O invejoso talvez recorra à fraude, ao roubo ou a outros meios desonestos para conseguir o que os outros têm. (Pro. 21:10) Ou talvez rebaixe aquele a quem inveja, minimizando as realizações dele por indevida crítica, ou por pôr em dúvida a capacidade e motivação dele. A tendência de invejar persiste em empurrar os homens pecaminosos na direção errada. Segundo as aparências, o homem talvez trabalhe árdua e eficientemente. Mas, a inveja talvez o induza a pretender o que os outros possuem e até mesmo superá-los. Isto produz rivalidade. (Ecl. 4:4)
A palavra traduzida por ‘ansiar’ contém a idéia de “saudade” ou “ter saudade de”. (Veja o uso da palavra em 2 Coríntios 9:14; Filipenses 1:8.) Em 1 Pedro 2:2, o apóstolo a usa com referência aos que, como “crianças recém-nascidas”, anseiam o leite da Palavra de Deus.[1]
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Notas
[1] Os eruditos gregos, em geral, encaram Tiago 4:5 como um texto muito difícil de traduzir. Traduções com versões similares à nossa tradução incluem, em inglês, a Versão Autorizada; Douay; Lamsa; Novo Testamento Siríaco. Outras traduções diferem, e o motivo disso é explicado no Comentário Textual ao Novo Testamento Grego, em inglês. A respeito do verbo “residir” ou “habitar”, usado em Tiago 4:5, este comentário salienta que há duas formas verbais que se parecem muito, mas que diferem numa letra. Uma forma é causativa, a outra intransitiva. Conforme diz o comentário: “katókisen é causativo (‘O Espírito que ele [Deus] fez habitar em nós’), ao passo que katókesen é intransitivo (‘o espírito [ou: Espírito] que habita em nós’)”. A forma causativa é encontrada nos mais antigos manuscritos completos.
Alguns tradutores entendem que o “Espírito” mencionado refere-se ao Espírito Santo de Deus, e que o sentido do texto deve ser o de que ‘o espírito que Deus colocou em nós anseia-nos com ciúme’. (O sentido costumeiro do termo grego phthónos é inveja, má vontade ou malícia; no entanto, às vezes é usado nos escritos gregos como significando ciúme ou indignação.) A Bíblia de Jerusalém, na edição em inglês, reza: “O Espírito que ele enviou para morar em nós nos quer só para si.” (Veja também a versão da Imprensa Bíblica Brasileira; Almeida, atualizada; Brasileira.) Outros entendem que a “saudade” ou o “anseio” é de Deus, no sentido de ele desejar de seus servos amor de toda a alma, sem deixar margem para a rivalidade do mundo. O Novo Testamento de Huberto Rohden reza: “Com amor zeloso anseia Deus pelo espírito que em nós fez habitar.” (Veja também as versões da Liga de Estudos Bíblicos; do Pontifício Instituto Bíblico; da edição em português da Bíblia de Jerusalém; e de Lincoln Ramos.)