Comentário da Carta de Tiago 4:9

4.9 Entregai-vos à mágoa, e pranteai e chorai...

Tiago não está aconselhando os cristãos a não serem alegres, a constantemente apresentarem um aspecto triste e um rosto sombrio. A Bíblia manda que os do povo de Yahweh se alegrem ‘em todo o seu empreendimento’, ao aplicarem os princípios bíblicos na sua vida diária, e ao passo que provêem ajuda material e espiritual a outros, mesmo quando são perseguidos pela causa de Cristo. (Deu. 12:7; Fil. 4:4; Luc. 6:22, 23) Mas, quando procedemos de modo errado, nossa consciência devia deixar-nos desassossegados. Quando Davi procedeu de modo errado, seu coração “começou a bater” nele, e ele se sentiu mal, reconhecendo que pecara principalmente contra Deus; e fez todo empenho para recuperar o favor de Deus. (2 Sam. 24:10; Sal. 38:1-7; 51:1-4)

Transforme-se o vosso riso em pranto e a vossa alegria em abatimento...

O apóstolo Paulo escreveu aos cristãos que haviam sido repreendidos por haver pecaminosidade no seu meio: “A tristeza de modo piedoso produz arrependimento para a salvação que não se há de deplorar; mas, a tristeza do mundo produz a morte. Pois, esta mesma coisa, a de serdes entristecidos de modo piedoso, eis que grande seriedade produziu em vós.” (2 Cor. 7:10, 11) “Melhor o vexame do que o riso, pois pelo aborrecimento da face melhora o coração”, diz Eclesiastes 7:3. A espécie certa de tristeza resulta em disciplina benéfica. (Heb. 12:11) Embora o apóstolo Paulo tivesse muita alegria e sucesso na sua obra, o constante conflito entre a sua renovada mente cristã e seu corpo inerentemente pecaminoso fez com que exclamasse: “Homem miserável que eu sou!” (Rom. 7:24) O reconhecimento deste fato triste e seu empenho para controlar melhor as tendências pecaminosas de sua carne imperfeita ajudaram Paulo a ser cristão melhor.

Tiago admoesta os que procuram ser amigos do mundo e ao mesmo tempo acham que servem a Deus a que reflitam sobriamente na sua verdadeira situação, a abandonarem a atitude descuidada, despreocupada, à qual haviam sido atraídos, a ficarem abatidos e apercebidos de sua necessidade espiritual, lamentando a péssima situação em que se encontram. (Mat. 5:3, 4) Jesus elogiou o cobrador de impostos, que foi ao templo orar e que, “estando em pé à distância, não estava nem disposto a levantar os olhos para o céu, mas batia no peito, dizendo: ‘Ó Deus, sê clemente para comigo pecador’”. (Luc. 18:13; veja Lucas 6:25.)