Comentário de John Gill: João 2:24-25
2:24 - Mas Jesus não se confiava a eles,... O sentido de acordo com alguns dos antigos é que ele não confiou o inteiro Evangelho a eles; ele não tornou manifesta sua inteira mente e vontade; isso ele apenas fez aos doze apóstolos, seus discípulos especiais e amigos; nem era o tempo chegado, em que ele os faria manifesto, ou tornaria conhecido, as coisas concernentes a sua pessoa, ofício, sofrimentos, morte, e ressurreição dos mortos: mas, antes, o significado é que ele não se confiava com essas pessoas, que eles acreditavam nele por causa de seus milagres; ele não os colocou no grupo de seus associados íntimos; ele não admitiu intimidade com ele; nem ele conversava livremente com eles; ou ficou muito tempo com eles; mas logo se retirou e foi para as partes da Judéia e Galiléia:
Porque ele conhecia todos os homens;... Bons e ruins: todos os pecadores abertamente profanos, e todas suas ações; não só as em público, mas essas que são operadas na escuridão, e que são secretamente realizadas; e ele assim os conhecia, e assim os trouxe em julgamento: e todos os homens bons, verdadeiros crentes; ele conhecia seu povo, como eles são os escolhidos do seu Pai, o seu presente para ele, a sua própria compra, e como chamado pela sua graça; e para distingui-los no último dia, e para dar um relato completo deles ao seu Pai: ele sabe o pior deles, o pecado que mora neles, as suas fraquezas diárias, os seus pecados pessoais secretos; os seus pecados familiares, tanto omissão e comissão; e a igreja deles, ou que estão comprometidos na casa de Deus; e toma nota deles, para se ressentir com eles, e os castiga; ele conhece o melhor deles, as suas graças, a fé deles, esperança, amor, paciência, humildade, abnegação, &c; ele sabe os seus bons trabalhos, e todas suas fraquezas e os seus desejos: e ele conhece todos os professores nominais, em que base eles levam as suas profissões, e que confiança eles colocavam nisso; ele pode distinguir entre graça e mera profissão, e discernir as suas luxúrias secretas, e as fontes e progresso da apostasia deles: ele conhecia todos estes homens ao verem os seus milagres, que professaram neste momento acreditar nele; ele sabia da hipocrisia e dissimulação de alguns deles; e ele sabia das noções que eles tiveram de um Messias temporal, e as visões temporais que eles criam; e o desígnio deles para o colocar como um príncipe temporal, como alguns depois fariam:[1] sabia dos afetos flamejantes de outros, como os ouvintes de João, que ficaram contentes durante algum tempo; ele sabia que tipo de fé eles tinham, que não seguraria muito tempo, nem eles continuaram com ele; porque ele não só conhecia todo seu povo, mas παντα “todas as coisas”, como algumas cópias leem aqui; veja João 21:17.
2:25 - E não precidava que qualquer um devesse testeficar do homem,... Desse ou de outro homem, que ele era bom ou mau homem; ele não precisava de provas feitas, ou darem testemunho, ou evidência da do caráter dos homens e ações; ele era rápido em compreender, e podia distinguir de uma vez só um homem iníquo e um homem bom; e então, a característica que os Judeus queriam do Messias era esta; porque eles rejeitaram Bar Cozba de ser o Messias, e o mataram, porque ele não conseguia diferenciar um homem iníquo de um homem bom, se referindo à profecia de Isaías 11:3;[2] mas isso Jesus fazia, sem qualquer evidência externa:
Porque ele sabia o que estava no homem;... O qual nenhuma pessoa pode conhecer, exceto o espírito de homem, que está nele, podem saber; os pensamentos dentro dele, os segredos do coração; assim Cristo sabia os pensamentos dos Escribas e Fariseus, Mat. 9:4, sendo um discernidor dos pensamentos, e intenções do coração, Heb. 4:12. Apollonius Tyaneus, um imitador[3] de Cristo, atribuiu a ele isso;[4] mas é o que é peculiar a Deus; e Cristo que é Deus, sabe tudo que está no homem; que não há nada de bom no homem naturalmente,[5] nada mais que o que vem do seu Pai, é dado por ele, ou implantado pelo seu Espírito; ele conhece a maldade que há no homem, que o coração dele é enganoso e desesperadamente mau, e cheio de toda iniquidade; ele sabe em que condição está a faculdade mental dos homens; e em qual afeto eles estão fixos, em coisas terrestres ou divinas; se há qualquer luz nas suas compreensões, ou não; se a vontade deles são conquistadas e resignadas a vontade soberana de Deus, ou não; se são de mentes sujas e consciências, ou os seus corações são borrifados de uma consciência má; em resumo, se a obra interna de graça foi iniciada em suas almas, ou não; e ele sabia as fontes secretas de todas as suas ações, boas e ruins; tudo que prova a sua verdadeira e própria deidade, e mostra ele ser um Salvador satisfatório dos pecadores, e o que qualifica para ser o Juiz da terra inteira.
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Notas
[1] Cf. João 6:15. N do T.
[2] T. Bab. Sanhedrin, fol. 93. 2.
[3] Em inglês um termo negativo “ape”. N do T
[4] Philostrat. Vit. Apollonii, l. 1. c. 13.
[5] Cf. Romanos 7:18. N do T.