Comentário de John Gill: Provérbios 1:7

Comentário de John Gill: Provérbios 1:7

Provérbios 1:7 - O temor do Senhor é o princípio do conhecimento,... Aqui apropriadamente começa o livro, e este é o primeiro dos provérbios, e um excelente, é mais excelente dos que podem ser encontrados em todos os escritos dos pagãos. Pela expressão, “o temor do Senhor”, não significa um temor servil, um medo do castigo, do inferno, ira e condenação, que é o efeito da primeira obra da lei sobre a consciência, mas um temor filial, e supõe conhecimento de Deus como um pai, de Seu amor e graça em Cristo, em particular, do Seu amor perdoador, de onde o perdão surge, Sal. 130:4; é um temor santo, humilde, e salutar de Deus, uma afeição reverencial e devocional por Ele, que inclui a totalidade do culto religioso, tanto a nível interno e externo; tudo o que está contido no primeiro quadro da lei, e o modo de realizá-lo, e o princípio da qualidade: esta é a primeira de todas as ciências a ser aprendida, e é a principal, é a base e o fundamento de todo o resto, de que dependem, e é a cabeça, a fonte, a raiz, de onde se originam, e a menos que um homem conheça a Deus, que O conheça em Cristo, e O adore em seu temor, em espírito e em verdade, segundo a Sua vontade revelada, ele não sabe de nada como deveria saber, e todo o seu conhecimento será de nenhum proveito e lucro para ele, esta é a coisa principal no conhecimento evangélico, e sem a qual todo o conhecimento natural significará nada, veja Jó 28:28.

Mas os tolos desprezam a sabedoria e a instrução;... Sendo a mesma coisa que o “conhecimento”, no versículo anterior, eles não desejam o conhecimento de Deus e de seus caminhos e de Seu culto, mas desprezam-nO, não se importam com Ele, antes, O tratam com desprezo, especialmente o conhecimento de Deus em Cristo, no qual reside a mais alta sabedoria, pois esta é a “vida eterna”, João 17:3; eles desprezam a Cristo, que é “a Sabedoria de Deus”, e do Evangelho, e as verdades deste, que são “a sabedoria escondida” de Deus, e todos as Suas instrução, e os meios para a salvação; eles desprezam as Escrituras, que são capazes de fazer um homem “sábio para a salvação”,[1] e ao ministério da palavra, e os ministros da mesma: tal espécie de “disciplina”[2] como a palavra indica, eles não gostam e detestam, e especialmente a “correção” ou “castigo”,[3] que é também o sentido da palavra; censuram o sofrimento e aflição por causa da sabedoria, e uma profissão de fé em Cristo e em seu Evangelho, e eles são tolos com uma testemunha que despreza tudo isso; tolos tais são os ateus, os deístas, e todos os profanos e ímpios. A Septuaginta verte essa palavra assim, “o ímpio”, e tal espécie de homens são todos mencionados pelo termo “tolos” neste livro.



[1] Cf. 2 Timóteo 3:15. N do T
[2] מוסר "Disciplinam", versão de Tigurine, Piscator, Cocceius, Schultens,
[3] "Castigationem, correctionem", Vatablus.