Comentário Bíblico Online: Judas 1:14-15

Dando provas de que Deus age contra os ímpios, Judas disse:

“Sim, o sétimo homem na linhagem de Adão, Enoque, profetizou também a respeito deles, dizendo: ‘Eis que Yehowah veio com as suas santas miríades, para executar o julgamento contra todos e para declarar todos os ímpios culpados de todas as suas ações ímpias que fizeram de modo ímpio, e de todas as coisas chocantes que os pecadores ímpios falaram contra ele.’” (Judas 14, 15)

I. Incluindo Adão, o primeiro homem, Enoque foi “o sétimo homem na linhagem”. Os intermediários foram Sete, Enos, Quenã, Malalel e Jarede. (Gênesis 5:3-18) ‘Enoque andou com Deus’, adotando um proceder em harmonia com a verdade revelada de Deus. (Gênesis 5:24; Hebreus 11:5) Enoque vivia em meio à corrupção espiritual, mas serviu corajosamente qual profeta de Deus. Como foi que Judas tomou conhecimento da profecia de Enoque não é revelado. Ela não aparece antes nas Escrituras divinamente inspiradas. Talvez Jesus tenha citado a profecia de Enoque num sermão e esta tenha sido transmitida oralmente. Mas não há evidência de que Judas tivesse citado uma declaração similar encontrada no Livro de Enoque, apócrifo. Visto que Judas escreveu sob inspiração divina, a inclusão da profecia de Enoque em sua carta estabelece a genuinidade de tais palavras.[1]

O erudito bíblico Albert Barnes diz com respeito a esta informação ímpar na carta do discípulo Judas:

Não há menção feita nos escritos de Moisés, do fato de que Enoque fosse um profeta, mas nada é mais provável em si, e não há nenhum absurdo em supor que uma verdadeira profecia, embora não registrada, pudesse ser transmitida pela tradição. Veja a 2Ti 3:8 Ninguém pode provar que esta profecia diante de nós não é desse caráter, ninguém pode mostrar que um escritor inspirado não pôde ser levado a fazer a seleção de uma verdadeira profecia de uma massa de tradições, e como a profecia diante de nós é uma digna de um profeta, e digna de ser preservada, a sua cotação fornece nenhum argumento contra a inspiração de Judas. Não há evidência clara de que ele citou que a partir de qualquer livro existente em sua época. Mas não há nenhuma prova de que ela existia tão cedo no tempo de Judas, nem, se isso acontecesse, seria isso absolutamente certo que ele citou a partir desse livro. Tanto Judas e o autor deste suposto livro pode ter citado uma tradição comum de seu tempo, pois não pode haver dúvida de que a passagem referida foi transmitida pela tradição.

II. Enoque “profetizou também a respeito [dos falsos instrutores dos dias de Judas]”, aparentemente no sentido de que aquilo que ele profetizara concernente a primitivos transgressores também se aplicava a esses. Yehowah, o Juiz Supremo, para com quem os homens ímpios ou irreverentes mostraram desrespeito, executaria seu julgamento adverso contra eles. Ao assim fazer, Deus viria com as suas “santas miríades”, ou “dez mil santos”, isto é, um vasto número de anjos justos. (Veja Deuteronômio 33:2; Daniel 7:9, 10.) O Principal dentre tais “santas miríades” é o Messias, por meio de quem Deus vem e faz julgamento. — Lucas 1:35; João 5:27; Atos 17:30, 31.

III. Yehowah concedeu a tais pessoas ímpias ou irreverentes ampla oportunidade para mostrarem sua culpa, como, por exemplo, através de sua “conduta desenfreada”. Por meio de suas ações e palavras vis, a impiedade deles se tornou evidente e à base disso eles se revelaram culpados, foram ‘declarados culpados’ por Deus. Assim como os iníquos dos dias de Enoque falaram “coisas chocantes” contra Deus, do mesmo modo também esses “homens ímpios” desconsideraram a autoridade e falaram de modo ultrajante dos sobre quem Deus havia conferido certa medida de glória. (Judas 8-10) Assim, falavam “coisas chocantes” contra o Criador e foram condenados. Em consonância com a profecia de Enoque, Deus executou o julgamento contra os ímpios no dilúvio dos dias de Noé. De modo que a execução do julgamento divino contra os ímpios aviltadores da carne viria com certeza, e os cristãos atuais podem esperar ver uma execução similar de julgamento nos dias atuais. Certamente, então, devemos vigiar as nossas ações e o que falamos, de modo a agradar a Deus e escapar da destruição.


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Notas
[1] Com respeito a se esta profecia de Enoque compromete a canonicidade da carta ou não, queira ver a introdução.