Comentário Bíblico Online: Judas 1:16

Referindo-se a outras tendências ímpias, Judas escreveu:

“Estes homens são resmungadores, queixosos de sua sorte na vida, procedendo segundo os seus próprios desejos, e as suas bocas falam coisas bombásticas, ao passo que admiram personalidades para o seu próprio proveito.” (Judas 16)

Caracterizando estes homens dentro da congregação cristã, Judas os classifica da seguinte forma:

1. Resmungadores.

2. Queixosos de sua sorte na vida.

3. Procedem segundo os seus próprios desejos.

4. Falam coisas bombásticas.

5. Admiram personalidades para seu próprio proveito.

Vamos considerar cada um destas cinco características evidentes nestes homens maus.

I. “Resmungadores” – Mostrando as características daqueles homens animalescos, Judas nos conta que eles eram resmungadores (Gr.: gongustai TDNT 1113, Uma das palavras gregas usadas apenas por Judas dentro das Escrituras Gregas Cristãs) dos que tomavam a dianteira da congregação do primeiro século. Por causa destes resmungos, eles até mesmo falavam contra os que Deus havia designado para tomar a dianteira dentro da congregação cristã. Admoesta-se aos cristãos a ‘persistir em fazer todas as coisas livres de resmungos’. (Filipenses 2:14, 15) Esses “homens ímpios porém, eram “resmungadores” como os israelitas que resmungaram contra Moisés e Arão e consequentemente tiveram de morrer no deserto porque na verdade resmungavam contra Deus. (Números 14:1-38; 1 Coríntios 10:10)

II. “Queixosos de sua forte na vida” – A palavra grega que traduz esta sentença é mempsimoiroi (TDNT 3202) e ela transmite o sentido de alguém que é descontente com a sua situação na vida e por isso vive se queixando[1]. Assim como os mundanos pobres talvez se queixem de não serem ricos, e assim por diante[2]. Naturalmente, como os verdadeiros cristãos da época de Judas, os verdadeiros cristãos hoje confiam na sabedoria celestial e na ajuda do Espírito de Deus, ao suportarem circunstâncias difíceis. Nunca sejamos iguais aos ímpios resmungadores dos dias de Judas!

Certa obra comenta:

Literalmente, achando falta com a sua porção na vida (NT:3202). A palavra não aparece em nenhum outro lugar do Novo Testamento... Nada é mais comum do que os homens reclararem de sua sorte na vida; achar que ela é dura de mais; comparar sua sorte na vida com a de outros, e culpar a Deus por não fazer a sua condição diferente das do demais. Os pobres reclamam por não serem ricos como os outros; os doentes por não serem saudáveis; os escravos por não serem livres... os feios de não serem belos... a virtude oposta a isso é o “contentamento”. Veja as notas em Filipenses 4:11.

III. “Procedendo segundo os seus desejos” – Toda essa confusão causada dentro da congregação cristã do primeiro século não era para o proveito de ninguém, servia só para desviar a atenção dos cristãos sinceros para os falsos instrutores. Eles faziam tudo isso, conforme visto em toda a carta de Judas, apenas para realizar seus próprios desejos egoístas, e não pensando no bem estar de alguém da congregação, a não ser o deles mesmos.

IV. “As suas bocas falam coisas bombásticas” – Ou “proferiam palavras arrogantes’ (A Bíblia de Jerusalém) Aqueles falsos instrutores da primitiva congregação cristã, por desejo egoísta de destaque, e por terem seus corações borbulhando de palavras e pensamentos iníquos, não perdoavam ninguém, mas, pelo contrário, eles fulminavam com palavras bombásticas até mesmo os que tomavam a dianteira na congregação cristã. Como nosso Senhor Jesus nos ensinou, que é da abundância do coração que sua boca fala”, estes homens tinha seus corações totalmente corroídos e corrompidos pelos desejos iníqus de poder, glória e fama, dentro da congregação. Este pensamento rebelde e este desejo iníquo fizeram com que suas bocas falassem coisas bombásticas.

V. “Ao passo que admiram personalidades para o seu próprio proveito” – Gr.: thaumazontes (TDNT 2296) prosôpa (TDNT 4383) ôphelias (TDNT 5622) charin (TDNT 5484). É empregado aqui o particípio do presente ativo de thaumazõ tendo o sentido de admirar, maravilhar-se. Não aparece em nenhum lugar mais junto com prosõpa, exceto no hebraísmo em Lev. 19:15; Jó 13:10, como lambanein prosõpon (Luc 20:21) e blepein prosõpon (Mat 22:16) e prosopõlempteõ (Tg 2:9). Cf. Tg 2:1.

Assim como é tão comum ver hoje nas Igrejas da Cristandade, estes falsos instrutores eram como os fariseus, que honravam pessoas de destaque da sociedade da época, bajulando-os apenas com objetivos egoístas, desejando o favor dos homens, obtendo destaque, e boa posição social.

O Dr. Albert Baners diz:

A ideia é que eles não estavam “apenas” na estima que eles tinha por outros, ou que eles não apresiavam-nos de acordo com o real valor deles, mas que davam especial atenção a uma class a fim de promover seus interesses egoístas.



[1] Uma das 15 palavras únicas usadas por Judas.

[2] Cf Num. 11:1 e compare com a penalidade Deu 28:47, 28:48